Sunday, January 31, 2010

As Quatro Canções

As quatro canções que seguem
Separam-se de tudo o que eu penso,
Mentem a tudo o que eu sinto,
São do contrário do que eu sou...

Escrevi-as estando doente
E por isso elas são naturais
E concordam com aquilo que sinto,
Concordam com aquilo com que não concordam...

Estando doente devo pensar o contrário
Do que penso quando estou são.
(Senão não estaria doente),
Devo sentir o contrário do que sinto
Quando sou eu na saúde,
Devo mentir à minha natureza
De criatura que sente de certa maneira...
Devo ser todo doente — idéias e tudo.
Quando estou doente, não estou doente para outra cousa.

Por isso essas canções que me renegam
Não são capazes de me renegar
E são a paisagem da minha alma de noite,
A mesma ao contrário...

Alberto Caeiro - O Guardador de Rebanhos
a

Hora do aperto 
 
Governo acerta ao eliminar incentivos fiscais, mas deveria cortar gastos para facilitar o crescimento do país
 
Vai na direção correta a decisão do governo, anunciada nesta semana, de desativar os estímulos fiscais para a produção e venda de automóveis e eletrodomésticos, criados no ano passado como socorro ao setor produtivo diante da crise econômica mundial. Há algum tempo acumulam-se evidências de que os incentivos já cumpriram seu papel, sendo claros os sinais de que a economia doméstica entrou em processo de recuperação.
 
Uma política econômica efetivamente compatível com os objetivos de crescimento e desenvolvimento do país, entretanto, teria que evoluir no sentido de aprofundar o esforço fiscal do setor público, especialmente no que diz respeito à contenção de despesas na esfera federal.
 
Em 2009, enquanto as receitas do governo central cresceram menos que 5%, as despesas aumentaram em ritmo três vezes maior. Embora um aumento do dispêndio público seja até desejável num cenário de crise, o crescimento dos gastos se concentrou nas despesas com o funcionalismo, cuja capacidade de atenuar os efeitos da retração econômica é notoriamente reduzida. Trata-se, ademais, de gastos de caráter permanente, que reduzem o raio de manobra futuro.
 
O governo até logrou cumprir em 2009 a meta de superavit primário - que corresponde à parcela das receitas poupada para saldar os juros e o principal da dívida pública. Foi entretanto um cumprimento formal, alcançado pelo uso de artifícios que mal escondem a deterioração do perfil das contas públicas.
 
As despesas foram contabilmente reduzidas pelo abatimento de gastos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), possibilidade prevista em lei, enquanto as receitas foram incrementadas pela transferência de depósitos judiciais ao Tesouro Nacional e pela antecipação de dividendos da Eletrobrás.
 
Essa forma de condução dos gastos públicos vai na direção contrária à das necessidades do país. A economia entra num ciclo de crescimento, normalmente acompanhado por pressões inflacionárias, que somente podem ser atenuadas se a capacidade produtiva crescer em ritmo compatível como o aumento do consumo.
 
Nesse contexto, o excesso de gastos públicos é particularmente danoso, pois toma espaço, na demanda do conjunto da economia, que deveria ser ocupado por despesas de investimento aptas a ampliar a capacidade de oferta do sistema econômico.
 
A atual estratégia do governo para conter a inflação está excessivamente centrada na política de juros, cujo efeito acaba sendo o de limitar o crescimento e barrar a ampliação da capacidade produtiva. A contenção da despesa pública, embora pouco provável num ano eleitoral, seria essencial para dar coerência a uma política econômica hoje marcada por contradições injustificáveis.
 

Saturday, January 30, 2010

Ironicamente, pensa-se no Exército para resolver o que ele começou. Os fatos são conhecidos. Em 1897, depois de um ano de guerra em Canudos, os retornados pobres, militares de baixa hierarquia, tiveram que ir morar no morro da Providência, no centro da capital da República, dando-lhe o nome "Favela", que haviam trazido no meio de outras tristes recordações.

Como se fosse uma maldição de Antônio Conselheiro, essa favela iria se multiplicar em mais de quinhentas no fim do século seguinte.

Morro da Favela foi de onde o famoso coronel Moreira César, achando que venceria facilmente os jagunços do Conselheiro, iniciou as manobras que o levariam à derrota e à morte.

Zuenir Ventura - Cidade Partida

Wednesday, January 27, 2010

Pontão Ganesha faz a cobertura do Fórum Social Mundial e do Campus Party

Em Janeiro de 2010, dois eventos de alta relevância social e tecnológica são destaques no Brasil: o Campus Party, festival de tecnologia que ocorre entre os dias 25 e 31 em São Paulo, e o 10º Fórum Social Mundial, de 25 a 29, na grande Porto Alegre.

O Pontão Ganesha, iniciativa da Associação Cultural Alquimídia e Ministério da Cultura, voltado para a difusão da produção cultural e cultura digital no país, participa simultaneamente de ambos.

Durante o Campus Party, a equipe de desenvolvedores do Ganesha ficará atenta e tuitando as novidades da tecnologia e as atividades do Fórum da Cultura Digital Brasileira, dentro do próprio Campus.

No Fórum Social Mundial (FSM), a equipe de comunicadores do Pontão cobrirá a conhecida e diversificada programação, que inclui seminários, apresentações artísticas e atividades auto-gestionadas por entidades e movimentos sociais, como o “Diálogo Interplanetário de Cultura Livre”, articulado pelo movimento Música Para Baixar.

Além de cobrir o FSM, o Pontão Ganesha é o proponente de muitas atividades da Secretaria de Cidadania Cultural (SCC/MinC), como as “Rodas de Prosa Cultura e Comunicação: ações colaborativas para políticas públicas”. Estes eventos apresentam experiências de Pontos de Cultura de todo o país e acontecem nos dias 27 e 28, entre 9h e 12h, na Fundação Cultural de Canoas (antiga Estação Ferroviária – Centro).

A proposta das Rodas de Prosa é mostrar como o diálogo entre governo e sociedade deixa entrever uma outra forma de construção de políticas públicas, consolidadas a partir da ligação intrínseca entre Cultura e Comunicação. No dia 27, a roda de prosa tem como tema “Pontos de Cultura e gestão compartilhada: outro mundo possível na gestão cultural”. O evento contará com a presença do Secretário de Cidadania Cultural Célio Turino, que também anunciará os Editais 2010 a serem lançados pela SCC/MinC. Também são convidados para a conversa Jefferson Assunção, Secretário de Cultura de Canoas, Jussara Cony, Superintendente do Grupo Hospitalar Conceição e gestora da Rede Cultura e Saúde, Darlene Barboza Kopinski, representante dos Pontos de Cultura do Paraná e Thiago Skarnio, do Pontão Ganesha de Cultura Digital.

A cobertura do Ganesha no Fórum Social Mundial conta com a parceria da Ciranda da Informação Independente, da Rede Abraço de Rádios Comunitárias e do site SARCÁSTiCOcomBR (também presente no Campus Party), além de vários colaboradores independentes.


Tuesday, January 26, 2010

"O Grande Lebowski", dos irmãos Coen, vira objeto de culto 
Fernanda Ezabella (da Folha de S.Paulo)

"Lebowski curou meu câncer", brinca um. "É meu maior sonho nerd realizado", desmancha-se outro. Declarações de amor, às vezes embaraçosas, estão num documentário que acompanhou por cinco anos um festival dedicado ao filme O Grande Lebowski, dos irmãos Joel e Ethan Coen.

O longa de 1998 registra as desventuras de Jeffrey Lebowski, ou "The Dude", algo como "O Cara", um maconheiro fã de boliche que é confundido com um milionário de mesmo nome, em Los Angeles.

Decepção nas bilheterias, ficou apenas seis semanas em cartaz nos EUA, mas foi o suficiente para arrebanhar entusiastas pelo mundo, alucinados por suas supostas mensagens subliminares, cenas surrealistas e personagens peculiares.

Um desses fãs é Eddie Chung, 34, um coreano que mora nos EUA desde os quatro anos e que se lembra da primeira vez que viu o filme, sozinho numa grande sala de cinema. O impacto foi grande, mas não maior do que quando visitou o Lebowski Fest em 2004, um festival anual que ajuda a manter a chama do Dude acesa, através de concursos de fantasia e testes de conhecimento sobre o longa. O evento foi criado por dois amigos desocupados, que conseguiram reunir 150 pessoas num boliche após criar um site-convite em 2002.

"O Lebowski Fest é a razão para eu gostar do filme hoje mais do que nunca. É um grande filme, mas não é meu favorito, nem o meu favorito dos Coen", diz à Folha Chung, que lançou no final de 2009 o documentário The Achievers: The Story of the Lebowski Fans (os empreendedores: a história dos fãs do Lebowski; US$ 18 na Amazon.com, mais taxas).

Formado em filosofia, Chung tenta explicar o fenômeno Dude e filma a rede de amizades formada a partir do longa, tido como "o primeiro clássico da era da internet". "São como pessoas que vão à igreja, que gostam de sair juntas", diz Jeff Dowd, um ativista americano tido como inspiração para o personagem Lebowski.

Os Coen não aparecem no documentário, nem nunca o fizeram no festival. O ator Jeff Bridges, que faz o Dude, deu entrevista quando visitou o evento com sua banda. 

Acadêmicos explicam

Mas não são apenas nerds cinéfilos que se debruçam sobre O Grande Lebowski. Vinte e um acadêmicos lançaram recentemente o livro de 500 páginas The Year's Work in Lebowski Studies (a obra anual dos estudos Lebowski; editora Indiana University Press, US$ 16), que vem engrossar o conjunto literário já publicado sobre o personagem. Oito dos 12 ensaios estão disponíveis de graça no Google Livros.

"Muitas pessoas não percebem como os departamentos de literatura são ecléticos hoje em dia, que podemos examinar coisas como Lebowski, diz um dos editores do livro, Aaron Jaffe, 38, professor de inglês especializado em James Joyce da Universidade de Louisville.

No livro, há comparações de Dude com a "nova esquerda" e referências ao grupo de arte conceitual Fluxus, a Freud, a faroeste e até ao cálice sagrado. A ideia do livro veio após Jaffe ser convidado a fazer uma conferência no Lebowski Fest.

"Os mundos [dos acadêmicos e dos fãs] não são os mesmos, mas se encontram muito mais do que você imagina. Os fãs são acadêmicos com melhor credibilidade de rua. E os acadêmicos são fãs dos fãs", diz Jaffe.

Monday, January 25, 2010

À tarde, no churrasco, duas pessoas pelo menos haviam recomendado que eu não deixasse de ver a "fila do saco" em Lucas. Era apresentada como uma atração turística. Nos fins de semana à noite, principalmente às sextas e sábados, filas intermináveis de compradores se formavam em torno de um saco de cocaína. "Tudo gente assim como o senhor, coroa, gente séria", havia dito um informante. Pouco antes de chegar à casa de seu Ari, Caio me perguntou baixinho se eu tinha visto o saco, o que só aumentou minha frustração: além de não ter percebido Flávio Negão, o chefe do tráfico, em Vigário Geral, não conseguira também notar essa atração de Parada de Lucas.

Por isso, logo ao pegar uma rua clara e movimentada, Caio me segredou: "Daqui a duzentos metros, olha à esquerda".

Uns poucos minutos depois, lá estava. Não havia a tal fila, apenas umas três pessoas, mas sobre um banquinho, com um homem atrás, erguia-se o saco branco de plástico do tipo padrão, de sessenta quilos. Mantinha-se em pé graças ao conteúdo que atingia seguramente mais de meio metro de altura. Não era aconselhável parar e ficar admirando - ainda mais sem comprar. Mas, mesmo rapidamente e com olhos inexperientes como os meus, dava para ver: o que mantinha aquele saco de pé era uma quantidade incalculável de papelotes de cocaína.

Zuenir Ventura - A hegemonia estava no primeiro andar - Cidade Partida - 1994

Sunday, January 24, 2010



Les Liaisons Dangereuses

Amigo de Cara de Cavalo, Hélio Oiticica foi por uns tempos rival de Mineirinho, disputando com ele o amor da mesma mulher. Contrariando o seu homossexualismo assumido, o artista chegou a se apaixonar por Maria Helena, última mulher do bandido, "a maior de todas as mulatas da Mangueira", segundo a artista plástica Lygia Pape.

No seu automóvel, conhecido como "carro do embalo maluco", Lygia levava o amigo para visitarem no presídio outro bandido, Waldir Orelhinha, motorista de Mineirinho e remanescente da quadrilha.

Quando muito tempo depois, em 1978, Hélio Oiticica voltou dos Estados Unidos, os dois, ele e Lygia, foram almoçar com Maria Helena na Ilha do Governador. A bela viúva, só e ameaçada depois da morte de Mineirinho, ganhara um protetor e trocara de lado: agora estava casada com um policial.

"Me lembro que estava na feijoada todo o Esquadrão dos Homens de Ouro", conta Lygia. "Eu  e o Hélio ficamos meio de lado, éramos da ala mais intelectual, da ala da Maria Helena. Agora ela recebia a polícia, havia recuperado o status".

Maria Helena tinha duas irmãs, Rose e Tineca, e esta era, segundo Lygia, "a musa do Parangolé". As três, "cada qual mais bonita do que a outra", faziam grande sucesso no Zicartola, o bar de Dona Zica e do compositor Cartola que atraía a freguesia intelectual da Zona Sul. Moravam no Mangue com o pai, Oto, vendedor de cocaína. Oto teve o fim com que sonhara. Quando estava morrendo, fez seu último pedido: cocaína. Lygia não esquece a cena. "Como não tinha mais força para aspirar, as filhas colocaram o pó numa bomba de Flit e aspergiram sobre o seu nariz".

Zuenir Ventura - Seja Marginal, Seja Herói - Cidade Partida - 1994.



Hélio Oiticica

Saturday, January 23, 2010

Um francês, um inglês e um alemão foram encarregados de um estudo sobre o camelo.

O francês foi ao jardim zoológico, lá ficou uma meia hora, interrogou o guarda, jogou pão ao camelo, atiçou-o com a ponta de seu guarda-chuva e, voltando para casa, escreveu, para seu jornal, um folhetim cheio de observações picantes e espirituosas.

O inglês, levando suas provisões e um confortável material de acampamento, instalou sua tenda nos países do Oriente e trouxe, depois de uma estada de dois ou três anos, um grosso volume repleto de fatos, sem ordem nem conclusão, mas de autêntico valor documental.

Quanto ao alemão, cheio de desprezo pela frivolidade do francês e pela falta de idéias gerais do inglês, trancou-se no seu quarto para redigir uma obra em vário volumes, intitulada A idéia de camelo deduzida da concepção do Eu.

Elias Thomé Saliba - Raízes do Riso. A representação humorística na história brasileira: da Belle Époque aos primeiros tempos do rádio.




Ensaio sob(re) o aguaceiro
FERNANDO DE BARROS E SILVA

SÃO PAULO - Aguaceiro, diz o Houaiss, é uma "chuva forte, súbita e passageira"; mas também pode ser, em sentido figurado, "contrariedade, infelicidade inesperada, infortúnio". Os paulistanos conhecem de perto os dois significados: a chuva forte vem e passa; o infortúnio fica. E nem se pode dizer que seja uma "infelicidade inesperada".

É certo que chove um bocado neste janeiro. Mas também é imoral buscar nos humores da natureza as razões de um colapso que se explica muito melhor pelo descaso histórico com o planejamento da cidade, associado à incompetência e incapacidade da administração demo-tucana para ao menos notar a extensão e gravidade do problema.

A chuva voltou a fazer estragos em todas as regiões da capital e provocou alagamentos em 112 pontos na madrugada de quinta. Tomando-se a Grande São Paulo, dez pessoas morreram. O Tietê - o rio infecto que, segundo os tucanos, não alagaria mais - transbordou pela terceira vez desde que sua calha foi rebaixada, em 2006. Os congestionamentos ontem batiam na casa dos 140 km - isso em janeiro, quando estima-se que de 20% a 30% da frota esteja fora de circulação.

Obras de drenagem contra enchentes insuficientes, piscinões saturados, bueiros entupidos, solo cada vez menos permeável. O mar de laje da zona leste é uma das imagens mais tristes da tragédia paulistana. É evidente que essa é uma batalha que vem sendo perdida pela cidade, com transtornos para todos e danos intoleráveis para os pobres.

Havia cobras, ratos e vidas estragadas aos montes sob a água suja quando, depois de dias, Gilberto Kassab deu o ar da graça no Jardim Pantanal. O prefeito agora, mesmo vaiado, pede que a população "fique tranquila", o que parece menos uma demonstração de serenidade do que de desconexão com a realidade. Enquanto isso, Serra avisa a rapaziada pelo twitter que este é um "ano anômalo". De fato, um ano surreal. Já encontramos até peixe morto em túnel alagado. Quem sabe ainda vão achar tucano afogado.



Thursday, January 21, 2010

Crianças que usam SMS falam e leem melhor, diz estudo

Um estudo publicado pela British Academy afirma que crianças que usam mensagens de texto SMS em celulares (ou "texting") leem e falam melhor que as demais. Publicado na quarta-feira (20), o estudo diz que pais e professores devem estimular a prática como forma de melhorar a atenção fonoaudiológica das crianças.

Segundo o jornal inglês The Independent, boa parte das crianças que escrevem abreviações de palavras dominam a forma de pronunciá-las corretamente. Pesquisadores também notaram um aumento de atenção quando algumas palavras rimavam com outras.

No entanto, os pesquisadores não conseguiram detectar qualquer sinal de que a frequência de texting tem efeito na habilidade de escrever dentro das normas corretas da língua inglesa. Eles chegaram apenas à conclusão de que usuários frequentes eram mais propensos a ter altas avaliações em testes de fluência verbal.

A pesquisa, conduzida entre um grupo de crianças entre oito e 12 anos, concluiu que os usuários mais regulares de SMS eram os que tinham menos problemas em ler e falar em sala de aula.

O aumento do uso desse tipo de comunicação gerou opiniões de que o texting estaria destruindo as linguagens.

Professores também constatam o crescimento do uso de linguagens comprimidas, características de SMS, em provas e exames.

"Estudamos esta área, inicialmente, para ver se havia alguma evidência de associação entre o uso do texto abreviado e a alfabetização, após o retrato negativo da atividade na mídia", disse Clare Wood, especialista em desenvolvimento psicológico da Universidade Coventry.

"Ficamos surpresos em ver que não apenas a associação era forte, mas que o uso de mensagens de texto auxilia no desenvolvimento de habilidades fonoaudiológicas e da capacidade de leitura em crianças", disse ela. 

da Folha Online

Sunday, January 17, 2010

Para gerar a anti-gravidade basta amarrar um pão com manteiga nas costas de um gato e jogá-lo para cima. Como os gatos sempre caem de pé e o pão sempre cai com o lado da manteiga para baixo, gerar-se-á um evento de impossibilidade físico-estatística cuja resultante será a anti-gravidade.




Pergunte a quem entende
 

Saturday, January 16, 2010

Friday, January 15, 2010

Recebe, mais uma vez, a visita de Vinicius de Moraes, que vem agora acompanhado pela quinta mulher, Nelita de Abreu Rocha, uma ex-estudante de Letras na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio. Nelita, divertida e juvenil, gosta de provocar o marido. Numa tarde em que os três se encontram em um bar, ela diz: "Lá na faculdade, a gente sempre estudava vocês dois: Vinicius de Moraes e João Cabral." A vaidade ainda escorre pelo sorriso de ambos, quando Nelita arremata: "Você, Vinicius, é visto como um poeta escrachado, ninguém te dá muita importância. Agora, a poesia de Cabral, sim, é difícil. É daquele tipo que a gente gosta...". Os dois amigos nem nessas horas conseguem brigar. Essa tolerância infinita vem desde os tempos em que Cabral, torcedor do América, e Vinicius, do Botafogo, iam juntos ao futebol. Apesar da amizade, predomina em Cabral o desprezo pela música popular que o amigo representa: não tem, nem nunca teve, um só disco de Vinicius de Moraes em sua casa e não se envergonha em admitir isso. "Para mim, Vinicius teria sido o maior poeta da língua portuguesa", diz mais tarde. E complementa: "Se ele levasse a poesia a sério".

José Castello - João Cabral de Melo Neto: O Homem Sem Alma

Cabral recebe em Genebra, um dia, a visita de Vinicius de Moraes, que passa uma temporada de trabalho em Paris para escrever o roteiro do filme Arrastão. Vão a um bar e Vinicius, logo, saca seu violão e começa a desfiar suas últimas composições. Cabral se irrita com o sentimentalismo do amigo. "Me desculpe, Vinicius", interrompe, "mas por que todas as tuas músicas falam de coração? Será que você não tem outra víscera para cantar?" Vinicius de Moraes, como sempre, não perde a pose: "Pois é, João, você continua o mesmo nordestino seco. Mas um dia, ainda hei de colocar música em um desses teus poemas de cabra", ameaça. A praga  jamais será cumprida.

José Castello - João Cabral de Melo Neto: O Homem Sem Alma

Wednesday, January 13, 2010

Gatos
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gato#Caracter.C3.ADsticas

Os gatos, geralmente, pesam entre 2,5 e 7 kg; entretanto, alguns exemplares, como o Maine Coon podem exceder os 12 kg. Já se registraram animais com peso superior a 20 kg, devido ao excesso de alimentação.

Em cativeiro, os gatos vivem tipicamente de 15 a 20 anos, mas o exemplar mais velho já registrado viveu até os 36 anos. Os gatos domésticos têm a sua expectativa de vida aumentada quando não saem pelas ruas, pois isso reduz o risco de ferimentos ocasionados por brigas e acidentes. A castração também aumenta significativamente a expectativa de vida desses animais, uma vez que reduz o interesse do animal por fugas noturnas e também o risco de incidência de câncer de testículos e ovários.

Gatos selvagens que vivem em ambientes urbanos têm expectativa de vida reduzida.

Gatos selvagens mantidos em colônias tendem a viver muito mais; O Fundo Britânico de Ação para Gatos (British Cat Action Trust) relatou a existência de uma gata selvagem com cerca de 19 anos de idade.

Os gatos possuem trinta e dois músculos na orelha, o que lhes permite ter um tipo de audição direcional, movendo cada orelha independentemente da outra. Assim, um gato pode mover o corpo numa direção, enquanto move as orelhas para outro lado. A maioria dos gatos possui pavilhões auditivos orientados para cima. Diferentemente dos cães, gatos com orelhas dobradiças são extremamente raros. Os Scottish Folds são uma das exceções a essa regra, devido a uma série de mutações genéticas. Quando irritados ou assustados, os gatos repuxam os músculos das orelhas, o que faz com que elas se inclinem para trás.

O método de conservação de energia dos gatos compreende dormir, acima da média da maioria dos animais, sobretudo à medida em que envelhecem. A duração do período de sono varia entre 12–16 horas, sendo de 13–14 horas o valor médio. Alguns espécimes, contudo, podem chegar a dormir 20 horas num período de 24 horas.

A temperatura normal do corpo desses animais varia entre 38 e 39°C. O animal é considerado febril quando tem a temperatura superior a 39,5°C, e hipotérmico quando está abaixo de 37,5°C. Comparativamente, os seres humanos têm temperatura normal em torno de 37°C. A pulsação do coração desses pequenos mamíferos vai de 140 a 220 batidas por minuto e depende muito do estado de excitação do animal. Em repouso, a média da freqüência cardíaca fica entre 150 e 180 bpm.

Um adágio popular diz que os gatos caem sempre de pé. Geralmente o ditado corresponde à realidade, mas não é uma regra fechada. Durante a queda, o gato consegue, por instinto, girar o corpo e prepará-lo para aterrar em pé, utilizando a cauda para dar equilíbrio e flexibilidade. Eles sempre se ajeitam do mesmo modo, desde que haja tempo durante a queda para fazê-lo. Dessa maneira são capazes de suportar quedas de muitos metros, visto que durante a queda chegam a uma velocidade-limite na qual suportam o impacto com o chão. Algumas subespécies sem cauda são exceções a essa regra, já que o gato conta com a cauda para conservar o momento angular, necessária para endireitar o corpo antes do pouso. Assim como a maioria das espécies de mamíferos, os gatos são capazes de nadar. No entanto, somente o fazem quando extremamente necessário, como em caso de queda acidental na água.

Assim como os cães, os gatos são digitígrados: andam diretamente sobre os dedos; os ossos das suas patas compõem a parte mais baixa da porção visível das pernas. São capazes de passos precisos, colocando cada pata diretamente sobre a pegada deixada pela anterior, minimizando o ruído e os trilhos visíveis.


Moacyr Scliar e a indiferença dos moradores de rua

Por Thais Fernandes

Não é de hoje que o jornal Zero Hora, através de seus repórteres e colunistas, emite opiniões equivocadas sobre a população de rua de Porto Alegre. Dessa vez, foi um texto de Moacyr Scliar no caderno Donna de 27/12/2009 que me chamou a atenção. Do alto de seu discernimento engaiolado por um carro, ele fala o que julga ser a verdade sobre as ruas. O texto tem como destaque inicial a seguinte frase: “Morar na rua é opção e resulta, sobretudo, de uma vida infeliz”. Parece que dizendo isso desconhece um dado importante, divulgado pelo Ministério das Cidades (baseado em uma pesquisa da Fundação João Pinheiro), de que o déficit habitacional no país é de 8 milhões de moradias, e que um dos problemas principais disso é a baixa renda familiar. Ainda assim, ele não ignora as estatísticas.

Primeiro Scliar utiliza um número divulgado pela FASC de que, em Porto Alegre, há cerca de 1.200 moradores de rua. Ora, qualquer observador mais atento (até mesmo de dentro do seu confortável carro), sabe que esse número é uma estimativa muito distante da realidade. Uma conversa com qualquer servidor da FASC, responsável por essas pesquisas (como a que fiz em 2007 enquanto escrevia uma reportagem sobre o tema), esclareceria que a população de rua é algo muito mais complexo do que simples números. Segundo, utiliza a chancela do livre arbítrio para afirmar que quem mora na rua o faz por opção, como resultado de uma vida infeliz. Infelicidade que, aliás, ele não define. O discurso de que alguém mora na rua por opção faz parte do mesmo pacote opinativo dos que dizem que desempregado é vagabundo, já que trabalho não falta.

Scliar vai além. Diz que existe uma condição básica para quem vive embaixo de viadutos (sim, já que a impressão que o colunista de ZH passa é de que moradores de rua só vivem nos viadutos, como na música francesa que inicia o texto). Para ele, é necessário ser indiferente. Sim! Moradores de rua precisam ser indiferentes, já que “para essas pessoas, aquilo que incomoda a classe média em absoluto não conta”. E daí ele segue, falando da falta de privacidade e excesso de barulhos, fatores que seriam enormes empecilhos para a vida que nós, classe média, levamos. Mas não eles, moradores de rua, já que têm essa magnífica qualidade, a indiferença, e outra ainda melhor, o livre arbítrio, pois puderam escolher morar na rua. Indispensável falar da necessária e relevante observação sobre o que, além da indiferença, ajuda os moradores de rua a dormir. Para ele, “a cachaça atua como um sonífero poderoso”. Dizendo isso, parece que fez uma pesquisa pessoal e descobriu que absolutamente todos os moradores de rua bebem cachaça. Interessante.

Nós, pobre classe média, não somos tão evoluídos ao ponto de abrir mão da nossa confortável vida e escolher morar na rua. Mesmo tendo, muitas vezes, vidas infelizes, famílias destruídas, problemas de auto-estima, o que fazemos, nós os egoístas, é ir sofrer em Paris. É de lá que trazemos nosso aguçado olhar para, sem ser indiferente, perceber o que se passa embaixo dos viadutos. O mais interessante é que Moacyr Scliar consegue perceber todas essas coisas de dentro de seu carro! Não precisou sequer conversar com um morador de rua.

Se tivesse saído do carro, ele poderia ter conhecido a Dona Maria, uma senhora de seus 70 anos que vende panos de prato na Avenida Protásio Alves e não mora embaixo de um viaduto. Ela dorme na rua há alguns meses, pois o casebre onde morava, na periferia de Viamão, foi destruído pela chuva. Construído em área irregular, a prefeitura da cidade não deixou que ela o reerguesse. Solução: Dona Maria “escolheu” morar na rua. Será que classifico isso como infelicidade?

Mas e por que ela não vai para um albergue? Albergues são locais para dormir, e não morar (em Porto Alegre há apenas um que funciona durante o dia, a Casa de Convivência, e tem 70 vagas diárias). Aceitam um número limite de pessoas, que começam a fazer fila nos seus portões muito antes das 18h. Porto Alegre não tem leitos suficientes para o número real de moradores de rua da cidade. Muito antes do sol raiar é preciso sair. E ainda, para completar a lista de facilidades, não se pode freqüentar o mesmo estabelecimento por muito tempo, variando de 15 a 30 dias o tempo de permanência. Foi por isso que, voluntariamente, Dona Maria “escolheu” morar na rua, embaixo das marquises, e não dos viadutos.

Afinal, quem é indiferente à realidade? Moradores de rua e sua escolha “voluntária” de existir bravamente onde lhes é possível, ou os observadores da classe média?

http://www.mocotoeletrico.blogspot.com/
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Tuesday, January 12, 2010

"Caminhando e cantando e carregando caixa"

Pedro Alexandre Sanches

O palco está montado sob uma lona de circo, e a estrutura de picadeiro borra a distinção entre palco e plateia. O palco ainda fica um nível acima (seriam semideuses os astros pop?), mas a plateia a todo momento parece que vai subir, tomar de assalto a ribalta, raptar a esposa do palhaço, roubar o show.

Uma moça de pele escura, aspecto hippie e graciosos gestos de bailarina oriental, dança concentrada diante do palco, um degrau abaixo, não importa que estilo musical esteja passando ali por cima. Tece evoluções com o auxílio de uma canga, e na canga, que dança mais que a moça, está inscrita em letras garrafais a palavra Brasil.

O circo está armado na cidade de Vitória, e o que evolui no palco é um festival de rock, integrado à programação do II Fórum de Mídia Livre. No picadeiro e nos auditórios da Universidade Federal do Espírito Santo, onde acontece o encontro, alternam-se músicos sem gravadora, jornalistas sem jornalão, fazedores de mídia sem Globo. Um globo da morte faria as vezes de cabine para os DJs, mas, que pena, os circenses donos da lona precisaram dele para outro evento.

Jards Macalé sobe ao palco para se apresentar com um jovem grupo capixaba, Sol na Garganta do Futuro. Macalé gosta da molecada, é daqueles artistas que preferem atravessar fronteiras geracionais a morar isolados em globos blindados no centésimo andar. Põe seu clássico “Vapor Barato” na garganta do futuro e retribui com uma versão bem peculiar de “Diz Que Fui por Aí”, sucesso antigo na voz da carioca nascida no Espírito Santo, Nara Leão. Para espanto de meus ouvidos e olhos acostumados com São Paulo, a plateia, formada majoritariamente por jovens, canta em coro os versos do samba de 1964.

“Antiarte” é o negócio da banda Vitrola de três, segundo um de seus integrantes, Felipe Costa.

“Sempre ouvi música árabe na casa do meu pai e da minha avó, porque eles são libaneses. A percussão é quebrada, é uma música nômade, de cigano, essa coisa toda de circo”, afirma o músico, esmiuçando o número circense-musical de sua trupe.

A Vitrola de três vem do interior do Espírito Santo, mais precisamente de Cachoeiro do Itapemirim. É a cidade onde nasceu um tal de Roberto Carlos – que, a propósito, cantava em circos no início de sua mais tarde platinada carreira. Também capixaba, de Alegre, era o ex-alfaiate Paulo Sérgio, que se tornou ídolo seguindo os passos bregapop de Roberto e morreu precocemente em 1980, aos 36 anos, após um derrame sofrido durante um show num... circo.

Ao final da apresentação da Vitrola de três, pergunto a Felipe sobre o fantasma de Roberto Carlos. “Eu esculacho ele um pouquinho... Mas é bom saber que ele é de Cachoeiro”. “Esculacha por quê, em quê?”, “não sei, isso mesmo de o cara... se acovardar talvez... de repente começa a achar que está bom, que vai pro céu, o cansaço que deve dar... mas acho o som dele gostoso, quando ouço”.

Rock e homofobia costumam ser primos em primeiro grau, mas cá em Vitória uma travesti subirá ao palco e conquistará no muque um público rock’n’roll. Angela Jackson canta no duro, em geral paródias do tipo transformar o refrão de “A Lua Me Traiu”, da excelente Banda Calypso, em “a peruca caiiiiiiu”. “Eu nunca vi ainda uma travesti médica”, dispara a loirísisma cantora, ensaiando breve atitude de protesto em meio a um show de gargalhadas e aplausos.

No auditório, o debate é sobre “a morte do pop star”. À mesa (da qual eu também participo), o produtor Pablo Capilé elabora belas imagens sobre os artistas “midialivristas” espalhados em rizomas horizontais, contra a árvore centenária e decadente chamada indústria musical. E eu penso nas Torres Gêmeas quando o vejo desenhar com as mãos a estrutura vertical caduca, demolida, pisoteada pelo presente efervescente em que vivemos. Pablo, tez de índio matogrossense, celebra o “artista pedreiro” (“o artista-pedreiro entende que sucesso é pagar as contas”) e rega sua fala com uma frase genial: “Hoje o engajamento não é mais ‘caminhando e cantando e seguindo a canção’. É ‘caminhando e cantando e carregando caixa’.”

Paranaense radicado em São Paulo há dezoito anos, me assombro com a constatação recorrente de que lugares que tenho visitado, como Vitória e Belém, respiram um vigor cultural esquecido pelo eixão Rio-São Paulo. Quando um roqueiro do Sol na Garganta do Futuro empunha de repente um violão, entendo que o pop e o rock, em Vitória, são moldados em MPB. Romperam diques e preconceitos que certas capitais tentam atravessar ainda constrangidas.

Entendo em Vitória e em Belém que a adversidade é a grande riqueza brasileira. E torço para que, por isso, a cultura paulista volte em breve a ficar interessante. Afinal, São Paulo se isola cada vez mais e é vista de fora com desprezo e pena, e essas são as condições adversas de que terá de se safar, se não quiser submergir de vez no leito imundo do pobre rico rio Tietê.

Um garoto de 18 anos de idade quebra o barraco no picadeiro dos DJs. André Paste é um mestre precoce na arte do mashup – justaposição caótica de estilos, batidas e músicas que, em meia hora de som, se desenvolvem como se tudo fosse uma música só, feita de um milhão de deliciosos farelos. André recombina referências tão diversas quanto Djavú, Michael Jackson, funk carioca, kuduro africano, tecnobrega paraense, Cansei de Ser Sexy, Daniela Mercury, Novos Baianos, Fábio Jr. (a melô “Só Você”, dentro da qual se ouve o grito funkeiro “pau no cu do mundo!”), o hoje cult Luiz Caldas (“Haja Amor”), Wando, Olodum misturado com Guns n’Roses... Nenhuma toca do modo ortodoxo, começo-meio-fim; todas deixam gosto de quero-mais, no refrão que não chega ou passa rápido demais. O espetáculo não pode parar: depois do palhaço virão a trapezista, o domador, a cabra ciclista, a girafa seresteira.

Converso com André ao final de sua sensacional aparição. Seu sorriso se estende de orelha a orelha quando explica que, sem exagero, gosta de tudo, de todo tipo de música. Mas ele acha que não, não tem futuro na música, não. Eu duvido, mas deixo-o partir na velocidade da luz – afinal é madrugada e amanhã André tem de acordar cedo para as provas do Enem.

O mais surpreendente é que a música para esse menino já não se divide em brasileira e estrangeira, “brega” e “chique”, binômios assim. André desliza numa explosão simultânea de excesso de liberdade e completa ausência de preconceitos. E esta, acredite, é a receita infalível para a grande música brasileira que virá nestes promissores anos 2010.

http://pedroalexandresanches.blogspot.com/

Sunday, January 10, 2010

A ultraconservadora Igreja Batista de Westboro, Kansas, EUA, declarou que Deus odeia Lady GaGa e que ela vai para o Inferno.

A minha sobrinha de seis anos é fã incondicional da cantora, então eu odeio a igreja e o deus que odeia a Lady GaGa e amo a minha sobrinha.

Quanto a Lady GaGa, tudo pode mudar. Na idade da minha sobrinha, eu era fã da Martinha e do Toppo Giggio.

[ A ESTROVENGA DOS CORSÁRIOS EFÊMEROS ]
corsarios-efemeros.blogspot.com

Saturday, January 09, 2010

Thursday, January 07, 2010


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Wednesday, January 06, 2010



Duas faces da moeda pop



A

O planeta está realmente esquentando?
GUSTAVO M. BAPTISTA

Acabamos de assistir às principais lideranças mundiais reunidas em Copenhague para discutir os destinos do planeta diante da ameaça do aquecimento global antropogênico. Ironicamente, foram necessários muitos agasalhos, pois o frio de um inverno rigoroso já se anunciava.

A tese defendida pelo IPCC, de que o aquecimento é provocado pelo homem, baseia-se em três grandes pilares: as séries históricas dos desvios de temperatura global, as séries históricas de concentrações atmosféricas de dióxido de carbono (CO2) e uma previsão de clima baseada no dobro da concentração de CO2.

As séries históricas dos desvios de temperatura global, nas quais se baseia o IPCC, mostram que, nos últimos cem anos, a temperatura média do planeta aumentou 0,6, mas, ao analisarmos os dados, notamos que esse crescimento não foi constante nem linear, pois houve períodos em que ocorreu redução da temperatura do globo.

Além disso, e mais curioso ainda, observamos na análise dos mesmos dados que, nos momentos em que a temperatura subiu, não há relação de proporcionalidade com o aumento de CO2, ou seja, não é possível, com base nessas séries históricas, afirmar que a temperatura aumentou em decorrência do aumento das emissões de dióxido de carbono.

Outra observação inquietante desses dados mostra que, entre 1943 e 1966, período em que o processo de urbanização se consolidava no mundo, associado ao crescimento econômico expressivo do pós-guerra, ocorreu redução de 0,18 na temperatura global.

Mais recentemente, a partir de 2005, os dados de temperatura média global baseada em dados de satélites divulgados pela Universidade do Alabama Huntsville (UAH) mostram uma tendência de resfriamento global. Contrariando as previsões dos ambientalistas, o planeta viveu entre 2007 e 2009, no Hemisfério Norte, invernos bastante rigorosos, com direito a uma nevasca histórica em Washington no último mês de dezembro e a inacreditáveis 34,6 negativos na Alemanha, onde, de acordo com o Serviço Alemão de Meteorologia, o inverno está sendo classificado entre os cinco ou dez mais frios dos últimos cem anos.

Os outros dois pilares do aquecimento antropogênico estão relacionados à concentração de CO2 na atmosfera. Segundo os que anunciam essa pseudocatástrofe, essa concentração nunca foi tão elevada quanto agora. Será?

Essa afirmação baseia-se inicialmente nos estudos de Guy S. Callendar, que, a partir de 1938, passou a pregar a influência humana no incremento da temperatura do planeta em decorrência da queima de combustíveis fósseis. É dele um estudo publicado em 1958 que afirma que a concentração média de CO2 atmosférico no século 19 era de 290 ppm (partes por milhão) e, no século 20, chegou a 320 ppm.

Estudos posteriores dos cientistas Fonselius, Koroleff e Wärme lançaram dúvida sobre a tese de Callendar, mostrando que, na verdade, ele teria escolhido a dedo seus dados.

A manipulação teve o objetivo de estabelecer uma suposta tendência de crescimento exponencial nos índices de concentração e de desprezar concentrações superiores ao patamar eleito por ele.

Nos dados desprezados, encontram-se concentrações superiores a 500 ppm já no século 19, mas elas tiveram de ser ignoradas para tornar defensável seu ponto de vista.

Afirma-se que o grande vilão do aquecimento global é o homem, por sua parcela de contribuição para o efeito estufa -retenção do calor pelos gases que apresentam concentração variável na atmosfera, entre eles o dióxido de carbono.

Um dado que tem sido ignorado, no entanto, é que 95% do efeito estufa é decorrente da concentração de outro gás: o vapor d'água. O CO2 corresponde somente a 3,6% do total. Mais grave ainda é que, desse percentual, o homem e suas máquinas respondem por apenas 0,1%. Por essa razão, o climatologista Marcel Leroux disse que "na atmosfera do IPCC não há água".

Entramos recentemente numa nova fase fria do oceano Pacífico e enfrentamos um ciclo de manchas solares que tem apresentado uma atividade muito baixa, como se esperava com os ciclos de Gleissberg.

Isso deve nos levar, ao contrário do que anunciam os profetas do apocalipse climático, a um novo período de resfriamento global, apesar do El Niño deste ano.

O fato é que as temperaturas globais são reguladas por fenômenos naturais de âmbito sistêmico. A mudança do clima, para mais quente ou para mais frio, ocorrerá com ou sem o nosso consentimento. Quem viver verá!


Gustavo M. Baptista 40, doutor em geologia, é professor adjunto da UnB (Universidade de Brasília) e autor do livro Aquecimento Global: Ciência ou Religião?.

Monday, January 04, 2010

Saturday, January 02, 2010

http://www.radio.uol.com.br/volume/queens-of-the-stone-age/era-vulgaris/17039

A cidade de São Paulo registrava seis pontos de alagamento por volta das 8h20 deste sábado, segundo informações do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergência), da prefeitura. Toda a cidade está em estado de atenção desde as 6h de hoje devido às chuvas. (02 de janeiro)

Alagadiços paulistanos




04 de janeiro

Friday, January 01, 2010



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Caminhos Cruzados (Jobim & Mendonça) João Gilberto - Amoroso


Quando um coração que está cansado de sofrer / Encontra um coração também cansado de sofrer / É tempo de se pensar / Que o amor pode, de repente, chegar / Quando existe alguém, que tem saudade de alguém / E esse outro alguém não entender / Deixe esse novo amor chegar / Mesmo que depois / Seja imprescindível chorar / Que tolo fui eu / Que, em vão, tentei raciocinar / Nas coisas do amor / Que ninguém pode explicar / Vem, nós dois vamos tentar / Só um novo amor pode a saudade apagar /

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