Ministro das Finanças de Israel diz que Gaza é 'mina de ouro imobiliária'
"PRIMEIRA ETAPA"
O ministro das Finanças israelense, Bezalel Smotrich, de extrema direita, disse nesta quarta-feira que a Faixa de Gaza é uma potencial "mina de ouro" imobiliária e que está em negociações com os Estados Unidos sobre como dividir o enclave costeiro ao fim dos ataques, segundo o jornal israelense Times of Israel. O ministro está entre as autoridades israelenses que poderá ser sancionadas pela União Europeia.
Em discurso numa conferência imobiliária em Tel Aviv, o ministro destacou que a oportunidade "se paga" e que ele "já iniciou negociações com os americanos".
— Pagamos muito dinheiro por esta guerra. Precisamos ver como vamos dividir a terra em porcentagens. A demolição, a primeira etapa da renovação da cidade já foi feita. Agora precisamos construir — afirmou Smotrich. — Há um plano de negócios, elaborado pelas pessoas mais profissionais daqui, que está na mesa do presidente [dos EUA, Donald] Trump.
(...)
Também nesta quarta-feira, Israel anunciou a abertura de uma nova rota de passagem temporária para permitir a fuga de civis palestinos da Cidade de Gaza, um dia após o início da esperada grande ofensiva por terra (anunciada ao longo dos últimos meses).
Segundo a AFP, um grande número de palestinos foi visto fugindo da cidade por qualquer meio, enquanto o Exército israelense continuava sua ofensiva terrestre, matando dezenas em ataques.
A ONU estima que a Cidade de Gaza era o lar de quase um milhão de pessoas no final de agosto. A nova ofensiva, porém, provocou mais um êxodo palestino nos últimos dias — embora muitas pessoas tenham dito que não pretendem sair da cidade, por considerar que não existe lugar seguro no enclave.
Na terça-feira, a Comissão Internacional Independente de Investigação da ONU, que reúne investigadores, mas não fala em nome das Nações Unidas, afirmou que "um genocídio está acontecendo em Gaza", citando o deslocamento forçado de pessoas como um dos elementos avaliados.
Israel rejeitou o relatório, acusando-o de ser "tendencioso e mentiroso", além de usar dados do Hamas. O governo israelense também pediu uma dissolução "imediata" da comissão investigadora.
HISTÓRICO DE AMEAÇAS
Esta não é a primeira vez que Smotrich faz planos pela anexação do enclave ao território israelense. Em agosto, o ministro disse em entrevista que estava trabalhando para restabelecer os antigos assentamentos israelenses de Ganim e Kadim, no norte da Cisjordânia, ambos evacuados e desmantelados durante a retirada de Israel em 2005.
Numa conferência intitulada "A Riviera de Gaza – da visão à realidade", em julho, ele afirmou que Gaza se tornaria uma "parte inseparável do Estado de Israel" e que sua visão tem o apoio do presidente americano Donald Trump. Em maio, ele havia garantido que o plano era deixar Gaza "totalmente destruída" e deslocar os palestinos para uma faixa de terra na região sul.
Em fevereiro, Trump disse que os EUA tomariam Gaza, realocariam seus moradores e a transformariam na "Riviera do Oriente Médio". Os planos do presidente americano foram rejeitados pelos palestinos e pela maior parte da comunidade internacional, além de autoridades de ambos os partidos nos EUA. Segundo o jornal americano The Washington Post, a proposta continua de pé. Em reportagem publicada no fim de agosto, o jornal confirmou que Trump está considerando uma proposta para a reconstrução de Gaza após a guerra. O projeto prevê colocar a Faixa de Gaza sob controle americano por uma década e pagar cerca de um quarto da população palestina para se mudar, muitos deles permanentemente.
O Globo e agências internacionais — Tel Aviv, Israel 17/09/2025

No comments:
Post a Comment