14 de novembro de 2018
Não parece tão complicado. Nós fomos derrotados porque o terço dos eleitores que fica ao Centro com leve tendência à esquerda foi parcialmente capturado pelo bolsonarismo. O terço que fica ao Centro e se inclina à Direita, esse se voltou inteiramente para o bolsonarismo. Esses votos iam, em grande parte, para o PSDB. Com o desmanche dos tucanos a Centro-Direita adernou pro lado do atraso. O pedaço do espectro que se inclinaria pra esquerda não veio inteiro pro nosso lado, como nas eleições de 2002 a 2014, porque o Edir Macedo puxou pro polo oposto. Dilma e Lula se desdobravam para conseguir votos evangélicos porque tinham plena consciência de que parte decisiva da população brasileira está cada vez mais conectada aos cultos neopentecostais. Sem eles, Lula e Dilma sabiam muito bem, ninguém ganha eleição no Brasil. A guerra híbrida via WhatsApp teve papel decisivo, mas o que está na base do resultado é um fato aritmético: o campo democrático, ou progressista, padece da falta de eleitores. Somos poucos. O 'lulismo' atacava a questão de frente: é preciso aglutinar forças. 'Edir Macedo' é, aqui no texto, linguagem figurada. O todo pela parte. Conseguir voto no Brasil é convencer os pobres a comparecerem às urnas. Quem está mais perto dessas populações tem mais chances de convencê-las. E as igrejas evangélicas estão. Lula e Dilma sabiam disso. Por isso pactuavam. Para em seguida agir como anteparos à voracidade de eventuais vendilhões do templo. Fala-se muito em retorno às bases, mas deixa-se de lado que o PT só ganhou eleições para presidente quando trouxe para si os votos de milhões de brasileiros que não se interessam por trabalhos políticos de qualquer natureza. A igreja tem papel decisivo neste estado de coisas. Estamos falando de um país com mais de 200 milhões de habitantes. O eleitor que pode ser classificado 'de esquerda', é provável, não alcança a casa das dezenas de milhões. Uma piada dos anos 80 dizia que caberíamos todos em duas, ou três kombis.
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