Sunday, April 27, 2008


Para entender o Fernando Pessoa

Para entender o Fernando Pessoa, podemos pensar numa tela de Picasso. O mesmo rosto que olha para frente, olha também de perfil.


São duas perspectivas, dois pontos de vista, contidos na mesma face, como se dissessem (entre outras coisas): somos, ao mesmo tempo, mais de uma coisa e estas coisas que somos acabam por se sobrepor, acontecem "ao mesmo tempo".

Esta percepção do tempo (e do espaço), representadas desde nosso ponto (humano) de vista é radicalmente moderna. Só a partir da idade moderna o homem se vê como algo dentro do universo digno de representar (desenhá-la, escrevê-la, esculpi-la) a realidade a partir do seu próprio ponto de vista; este ponto de vista onde passado, presente e futuro, naturalmente, se misturam, porque só ao homem é dado ter memória (que revê) e imaginação (que prevê).

Poucos artistas encontraram meios tão completos e complexos para experienciar a modernidade quanto o poeta português Fernando Pessoa. A heteronimia de Pessoa, que o dividiu, pelo menos, em quatro (ele mesmo, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis), nada mais é que a mesma intuição de Picasso e suas perspectivas re-duplicadas.

Há, no entanto, e ao mesmo tempo, em Fernando Pessoa, uma percepção muito aguda da sobreposição de concepções do mundo na idade moderna. Enquanto Ricardo Reis exercita versos clássicos, Álvaro de Campos abusa do verso livre, da prosa poética e tudo para representar o ritmo frenético de seu tempo, de seu aqui e agora de "máquinas universais", "novas Revelações metálicas e dinâmicas de Deus!".
Ao mesmo tempo ainda, ele mesmo, Pessoa, retorna ao mito fundador de Portugal e, na vida particular é místico, Rosa e Cruz.

Para um mundo múltiplo, múltiplos eus-poéticos.

Neste conjunto, Alberto Caeiro é aquele mais radicalmente moderno (o mestre, dizem dele os outros heterônimos) e ao mesmo tempo, homem ancestral, pré-moderno, pagão.

Por que Caeiro seria o mestre? Porque em sua visão "naturalista" do mundo, atenta tão somente às aparências, ignorante, por princípio, da essência das coisas, o "guardador de rebanhos" sem rebanhos, aquele que sente que sua "alma" é que é "como um pastor", este é aquele que, como um cientista, acredita que no mundo não há mistério, só segredos - que estão por trás das aparências e que para torná-los visíveis falta tão somente observá-los. Que diga isso desprezando qualquer atitude de investigação

Os meus pensamentos são contentes,

Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.

não significa que ele não esteja afirmando que não há nada a ser revelado, que o mundo é tão somente o que vemos, que não há transcendência, não há mais metafísicas do que "comer chocolates".

Ao mesmo tempo, uma outra vez mais, o que se denota no Caeiro é o profundo desamparo que o Pessoa ele mesmo, em seus versos, revela sentir, e que o Álvaro de Campos busca negar em sua escrita eufórica, mas que vai levar o Pessoa, em pessoa, à morte prematura em conseqüência da cirrose hepática.

Pela percepção tão aguda da impermanência humana sobre a Terra, Pessoa e sua multiplicidade de caráter é ao mesmo tempo aquele que celebra a riqueza da modernidade que elegeu o homem como centro de suas preocupações, conduzindo-o assim à idéia de liberdade e revela o aspecto trágico desta mesma experiência: a solidão cósmica de um ser que não mais se enxerga parte do infinito.

Saturday, April 26, 2008

Esse negócio de entender uma coisa, tem que amar. Quando você ama, isso cria uma capacidade.
Você se interessa pela coisa, você começa a olhar.

Tom Jobim - A Casa do Tom - Mundo, Monde, Mondo

O Drummond tem um verso maravilhoso que diz o seguinte: Os senhores me desculpem mas devido ao adiantado da hora me sinto anterior a fronteiras. Quer dizer, anterior a fronteiras, porque essas fronteiras são fictícias, o sujeito bota lá uma cerca, bota um troço e o urubu passa por cima.

Tom Jobim - A Casa do Tom - Mundo, Monde, Mondo

Au Lecteur

La sottise, l'erreur, le péché, la lésine,
Occupent nos esprits et travaillent nos corps,
Et nous alimentons nos aimables remords,
Comme les mendiants nourrissent leur vermine.

Nos péchés sont têtus, nos repentirs sont lâches;
Nous nous faisons payer grassement nos aveux,
Et nous rentrons gaiement dans le chemin bourbeux,
Croyant par de vils pleurs laver toutes nos taches.

Sur l'oreiller du mal c'est Satan Trismégiste
Qui berce longuement notre esprit enchanté,
Et le riche métal de notre volonté
Est tout vaporisé par ce savant chimiste.

C'est le Diable qui tient les fils qui nous remuent!
Aux objets répugnants nous trouvons des appas;
Chaque jour vers l'Enfer nous descendons d'un pas,
Sans horreur, à travers des ténèbres qui puent.

Ainsi qu'un débauché pauvre qui baise et mange
Le sein martyrisé d'une antique catin,
Nous volons au passage un plaisir clandestin
Que nous pressons bien fort comme une vieille orange.

Serré, fourmillant, comme un million d'helminthes,
Dans nos cerveaux ribote un peuple de Démons,
Et, quand nous respirons, la Mort dans nos poumons
Descend, fleuve invisible, avec de sourdes plaintes.

Si le viol, le poison, le poignard, l'incendie,
N'ont pas encor brodé de leurs plaisants dessins
Le canevas banal de nos piteux destins,
C'est que notre âme, hélas! n'est pas assez hardie.

Mais parmi les chacals, les panthères, les lices,
Les singes, les scorpions, les vautours, les serpents,
Les monstres glapissants, hurlants, grognants, rampants,
Dans la ménagerie infâme de nos vices,

II en est un plus laid, plus méchant, plus immonde!
Quoiqu'il ne pousse ni grands gestes ni grands cris,
Il ferait volontiers de la terre un débris
Et dans un bâillement avalerait le monde;

C'est l'Ennui! L'oeil chargé d'un pleur involontaire,
II rêve d'échafauds en fumant son houka.
Tu le connais, lecteur, ce monstre délicat,
— Hypocrite lecteur, — mon semblable, — mon frère!

Charles Baudelaire - Fleurs du Mal


Evolucionismo

Durante a segunda metade do século XVIII começaram a surgir as primeiras idéias transformistas, contrariando o dogma criacionista-essencialista, que dominava firmemente o pensamento ocidental a muitos séculos. O centro da polêmica deixou de ser o fato de existir ou não evolução, passando a ser o mecanismo dessa evolução.

Duas novas áreas de conhecimento vieram revolucionar a visão da ciência relativamente ao mecanismo de formação das espécies:

  • Sistemática – esta ciência teve um desenvolvimento extraordinário durante o século XVIII, tendo como ponto alto o trabalho de Lineu, botânico sueco que estabeleceu o sistema hierárquico de classificação dos organismos, ainda hoje utilizado. Os estudos de Lineu, cujo objetivo era revelar o plano de Deus, permitiram a outros cientistas identificar semelhanças e diferenças entre seres vivos e uma possível origem comum a todos eles, originando terreno fértil para as ideias evolucionistas;

  • Paleontologia – no século XVIII, o estudo dos fósseis revelou a presença de espécies, distintas em cada estrato geológico, que não existiam na atualidade, contrariando a imutabilidade defendida pelo fixismo.

Novamente, numerosos cientistas conceituados propuseram teorias tentando esclarecer estes fenómenos, nomeadamente:

  • Erros – teoria proposta por Pierre Maupertuis no início do século XVIII, considerava que todos os organismos derivavam de uma mesma fonte original, apresentando ligeiras alterações em relação aos progenitores ao longo das gerações, devido a acasos e erros na reprodução. Estes erros eram devidos ao fato de o descendente resultar da união de uma “semente” masculina e de uma “semente” feminina, formadas por partes que se organizavam no embrião graças a uma “memória” que podia ser errada. Deste modo, a partir de uma única espécie, poderiam obter-se numerosas outras aparentadas entre si, devido a diversos graus de “erro”;

  • Variações geográficas – teoria da autoria de Georges Leclerc, Conde de Buffon, intendente do Jardim do Rei em Paris em 1739, referia a existência de variações geográficas entre indivíduos da mesma espécie. O povoamento inicial teria sido feito por um certo número de espécies, as quais teriam sofrido uma sucessão de variações geográficas adaptativas, de acordo com as condições geográficas e alimentação do local para onde teriam migrado. Esta variação seria devida a sucessivas degenerações da espécie inicial, indicando já uma visão transformista do mundo natural. Buffon foi, também, o primeiro a questionar a idade da Terra, tendo proposto que a sua verdadeira idade seria de cerca de 70.000 anos;

  • Hipótese catastrofista – teoria da autoria de Cuvier, naturalista muito conceituado na época (1799), que considerava que cataclismos locais (glaciações, dilúvios, terramotos, etc.) sucessivos teriam aniquilado as formas de vida preexistentes nessa zona, sobrevindo a cada um desses cataclismos um novo povoamento com novas espécies, vindas de outros locais. Deste modo explicava a descontinuidade entre estratos geológicos. Seguidores de Cuvier levaram esta teoria ao extremo de catástrofes globais destruírem a totalidade das espécies da Terra, sendo depois repostas por novos atos de criação divina (teoria das criações sucessivas). Esta teoria, portanto, tenta encontrar um meio termo entre o fixismo, que considera correto, e as evidências fósseis encontradas.

Na minha infância o Brasil tinha trinta milhões de habitantes, então era um país imenso e desabitado, cheio de floresta e animais selvagens.
Duermes en la desconocida primavera de uno planeta salvaje.
O Rio de Janeiro era completamente selvagem.
Essa praia de Ipanema era linda, assim, a areia tão fina que quando você corria fazia qui, qui, qui, ela cantava, a areia, la arena cantava.
O Neruda diz que o Rio de Janeiro eres la puerta delirante de una casa vacia, el antigo pecado, la salamandra cruel intacta de los largos dolores de tu pueblo. É bonito, né?

Tom Jobim - A Casa do Tom - Mundo, Monde, Mondo

Fixismo

Existiram numerosas hipóteses fixistas ao longo da história da Biologia, umas mais duradouras que outras, umas mais fundamentadas que outras. Considerando-se que as espécies permaneceram imutáveis ao longo das eras, surge novamente a necessidade de identificar a causa do surgimento das espécies ancestrais.

Dessas hipóteses salientam-se as mais conhecidas:

  • Hipótese da geração espontânea – originalmente apresentada por Aristóteles, por sua vez influenciado por Platão (que referia que os seres vivos eram cópias imperfeitas de formas perfeitas de uma idéia - essencialismo), considerava que os seres vivos seriam constantemente formados, a partir de matéria não-viva como o pó e a sujidade. Os seres vivos estariam organizados num plano, designado Scala Naturae, eterna e imutável, pelo que os organismos assim formados não teriam a possibilidade de alterar as suas características;

  • Hipótese Criacionista – baseada na reunião de escritos bíblicos e das teorias universalmente aceitas de Aristóteles, considera que Deus terá criado todas as espécies, animais e vegetais, num único ato. Após esse momento, as espécies permaneceriam imutáveis, sendo qualquer imperfeição resultante das condições ambientais.

Unidade na Diversidade

Aparentemente a diversidade é a regra no mundo biológico, sendo, até o final do século XIX, considerada a sua característica principal. Os biólogos calculam que existam, atualmente, entre 30 a 50 milhões de espécies, das quais apenas 2 milhões foram descritas e denominadas.

No entanto, a partir do início do século XX os estudos bioquímicos fizeram ressaltar as semelhanças estruturais e fisiológicas dos indivíduos. Todos estes fatos parecem apontar para uma origem comum para todos os seres vivos atuais, seguida de uma enorme diversificação.

As explicações para estes fatos foram surgindo ao longo dos séculos, sempre baseadas em princípios religiosos, filosóficos e culturais, podendo ser atualmente classificadas em dois grandes grupos:

Hipóteses fixistas – aceitas sem discussão até o século XVIII, consideram que as espécies, uma vez surgidas, se mantiveram inalteradas ao longo do tempo.

Hipóteses evolucionistas – também conhecidas por transformistas, surgiram no século XIX e consideram as espécies atuais o resultado de lentas e sucessivas transformações sofridas por espécies que já existiam no passado.

Foi em 1966 – pouco antes, portanto, do início do tropicalismo, em 1967 – que Caetano Veloso fez, a Augusto de Campos, a sua famosa declaração sobre a "linha evolutiva" da música popular brasileira:

Só a retomada da linha evolutiva pode nos dar uma organicidade para selecionar e ter um julgamento de criação. Dizer que samba só se faz com frigideira, tamborim e um violão sem sétimas e nonas não resolve o problema. Paulinho da Viola me falou há alguns dias da sua necessidade de incluir contrabaixo e bateria em seus discos. Tenho certeza de que, se puder levar essa necessidade ao fato, ele terá contrabaixo e terá samba, assim como João Gilberto tem "contrabaixo, violino, trompa, sétimas, nonas e tem samba. Aliás, João Gilberto, para mim, é exatamente o momento em que isto aconteceu: a informação da modernidade musical utilizada na recriação, na renovação, no dar-um-passo-à-frente, da música popular brasileira.
Creio mesmo que a retomada da tradição da música brasileira deverá ser feita na medida em que João Gilberto fez. Apesar de artistas como Edu Lobo, Chico Buarque, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Maria da Graça (que pouca gente conhece) sugerirem esta retomada, em nenhum deles ela chega a ser inteira, integral.

http://tropicalia.uol.com.br/site/internas/visbras_3.php


A vida resulta da sobrevivência não-aleatória de replicadores aleatoriamente mutantes.

Richard Dawkins

VOCÊ SABIA...

... que o músico Moby, ou Richard Melville Hall, é sobrinho-trineto de Herman Melville? Ele ganhou o apelido na infância, em homenagem à obra do antepassado.

... que a rede de cafeterias Starbucks Coffee ganhou esse nome em homenagem ao personagem Starbuck, do livro de Melville?

... que um dos principais solos de bateria da história do rock é executado na música Moby Dick, da banda Led Zeppelin?

... que quem escreveu este Você Sabia na Folha não sabia como preencher o espaço que lhe deram?

http://www.bbcbrasil.com

25 de abril, 2008 - 10h13 GMT (07h13 Brasília)

Site pornô para cegos vira fenômeno cult nos EUA

Um site dirigido a cegos que oferece descrições em áudio de páginas pornôs na internet está virando um fenômeno cult nos Estados Unidos.

Chamado Porn for the Blind (Pornô para cegos, em tradução literal), o site disponibiliza clipes sonoros que trazem descrições, gravadas por voluntários, de cenas de sexo disponíveis na internet. Somente neste mês de abril o site já recebeu mais de 150 mil visitas.

Antes de cada gravação, o locutor informa o endereço do site que está descrevendo para que os cegos possam acessar a página e então inicia a descrição das cenas de forma clara e direta com detalhes do cenário, cores, personagens e ambiente para que o usuário possa "imaginar" o que está se passando no vídeo.

O site, fundado em 2006, passou a aumentar gradualmente sua audiência desde que disponibilizou um software que permite que internautas voluntários gravem as descrições pornôs em áudio.

Segundo um dos fundadores, identificado como Elmer, desde que o sistema foi disponibilizado, em agosto de 2007, o site conta com 30 arquivos de áudio. Em entrevista à BBC Brasil, ele afirmou que o resultado tem sido positivo, mas que os usuários ainda pedem melhorias.

"A maioria das gravações até agora foram feitas por homens e os usuários pedem mais clipes com vozes femininas e mais 'picantes' ", disse Elmer.

Ele comentou que vários usuários têm indagado se algumas das vozes seriam de celebridades. Elmer não negou ou confirmou se este seria o caso.

Elmer acredita que grande parte dos voluntários que enviam as gravações são "pessoas comuns que querem contribuir com uma diferença positiva no mundo".

De acordo com ele, a equipe ainda não teve que censurar nenhuma das gravações oferecidas pelos voluntários. No entanto, ele explica que alguns problemas técnicos em certos clipes obrigam os administradores a tirá-los da página.

Segundo Elmer, a intenção do Porn for the Blind é "oferecer descrições de todas as páginas pornográficas disponíveis na internet".



Thursday, April 24, 2008

Sunday, April 20, 2008

Angústia

Acepções
substantivo feminino
1 estreiteza, redução de espaço ou de tempo; carência, falta
2 estado de ansiedade, inquietude; sofrimento, tormento
Ex.: a notícia só fez aumentar-lhe a a. em que vivia
2.1 Rubrica: psicologia.
estado de excitação emocional determinado pela percepção de sinais, por antecipações mais ou menos concretas e realistas, ou por representações gerais de perigo físico ou de ameaça psíquica
2.2 Rubrica: psicologia.
medo sem objeto determinado
2.3 Rubrica: psicanálise.
reação do organismo a uma excitação impossível de ser assimilada, desencadeada pelo bloqueio da consecução da finalidade de uma pulsão (p.ex., a frustração do orgasmo) ou pela ameaça de perda de um objeto investido por uma pulsão (p.ex., a perda de um ser amado)
3 Rubrica: filosofia.
em Kierkegaard (1813-1855), sentimento de ameaça impreciso e indeterminado inerente à condição humana, pelo fato de que a existência de um ser que projeta incessantemente o futuro se defronta de maneira inexorável com possibilidade de fracasso, sofrimento e, no limite, a morte
4 Derivação: por extensão de sentido. Rubrica: filosofia.
em Heidegger (1889-1976), situação afetiva fundamental despertada pela consciência da inevitabilidade da morte, que coloca o homem em presença do Nada absoluto e incontornável
5 Derivação: por extensão de sentido. Rubrica: filosofia.
em Sartre (1905-1980), consciência da responsabilidade decorrente da infinita liberdade humana e do vazio ontológico que possibilita a liberdade

Locuções
a. automática
Rubrica: psicanálise.
reação do indivíduo sempre que tem de enfrentar um afluxo incontrolável de excitações muito variadas e intensas a que é incapaz de responder

Etimologia
lat. angustìa 'curteza, brevidade; carestia, escassez, misérias, apuro; desfiladeiros', de angustus,a,um 'estreito, apertado; curto de pouca duração', de angère 'apertar, afogar, estreitar'; ver ang-; f.hist. sXIV angustia, sXIV angosta, sXV angustiia

Sinônimos
angustrura; ver tb. sinonímia de desgosto e inquietação

Antônimos
ver antonímia de desgosto, fúria e sinonímia de deleitação, exultação

Parônimos
angustia (fl.angustiar)

Houaiss

45% das inglesas trocariam senhas por chocolate

Uma pesquisa realizada por analistas de segurança da Infosecurity Europe revelou um resultado intrigante: quase metade das mulheres inglesas trocariam suas senhas de email por uma barra de chocolate.

Segundo o site The Inquirer, para a pesquisa foram entrevistados 576 funcionários de empresas de Londres. Para atrair as "iscas", as entrevistas foram feitas em forma de pesquisas que ofereciam uma barra de chocolate pelas informações. De todas as entrevistadas, 45% entregariam suas senhas para estranhos que se passassem por pesquisadores de mercado. Com os homens, o número cai para 10%. Os números subiram para 62% das mulheres e 60% dos homens quando a oferta foi mudada para uma viagem à Paris, noticiou o site VNUNet.

Os entrevistados também revelaram outras informações pessoais, como datas de aniversário, que seriam úteis em roubo de identidade, e praticamente a metade admitiu utilizar a mesma senha para múltiplos serviços.

Os resultados são alarmantes, mas são melhores se comparados a uma pesquisa semelhante conduzida em 2007, que revelou que 64% dos entrevistados trocariam a senha por uma barra de chocolate, número que caiu para 21% neste ano.

Para o site The Register a queda pode ser por uma melhoria nas noções de segurança, mas mais provável é que as pessoas estejam mais preocupadas com seu peso.

http://www.geek.com.br

Saturday, April 19, 2008

Do lado da viravolta
Entrevista com Roberto Schwarz

(27/02/1995 - Fernando Haddad e Maria Rita Kehl)

[...] Conforme a boa observação de Antonio Cândido, o intelectual latino-americano vive um engajamento peculiar, diferente do europeu: ele está sempre contribuindo para a construção da cultura nacional, ainda incompleta. O país novo, ainda em formação, é um pano de fundo especial, com regras próprias. Assim, estamos sempre explicando o Brasil, salvando o Brasil, procurando uma brecha para que "ele" saia do atraso etc. E isso num certo sentido é ótimo, porque é preciso arrumar o Brasil, evidentemente. Mas é também uma coisa muito limitada no plano intelectual. Veja a diferença com o livro do Kurz, que não escreveu para salvar a Alemanha, mas para entender o movimento da sociedade contemporânea. Acho que nunca tivemos isso aqui no Brasil, o que mostra como a atitude fundamentalmente engajada do intelectual brasileiro, além do mérito, tem também um preço. Imagine se o Marx estava querendo resolver o problema só da Alemanha quando escreveu O Capital. Em meados do século XIX uma teoria avançada já não podia mais ser nacional. Enquanto nós no Brasil nunca saímos dessa esfera. Um aspecto importante da Teoria da Dependência é que, nas suas formulações melhores, tentou articular a análise dos impasses do país com uma descrição, ainda que sumária, do horizonte do capital contemporâneo. Havia o impulso de descrever a sociedade contemporânea. Mas ainda aí a intenção era basicamente de salvar o país, ou os países, de encontrar uma saída. Isso é um ponto de vista indispensável politicamente, mas limitado no plano da teoria.

[...] Ainda conforme Antonio Cândido, a acumulação cultural, sem a qual não existem a liberdade de espírito e a obra significativa, entre nós aconteceu mais cedo e em maior escala na literatura. Sem espírito de Fla-Flu, talvez seja possível dizer que o Brasil produziu alguns grandes escritores, mas ainda não produziu um intelectual com obra de perfeição equivalente. A liberdade de espírito que tiveram Machado de Assis ou Guimarães Rosa na ficção, no campo teórico não aconteceu. Por outro lado, num patamar mais modesto, a situação hoje talvez tenha-se invertido. Devo estar mal-informado, mas tenho a impressão de que o momento artístico não é de aspirações máximas. Se for verdade, seria um fato ideológico e artístico a meditar, e uma novidade no Brasil, onde de muito tempo para cá sempre houve algum artista mirando alto. João Cabral, Guimarães Rosa, Carlos Drummond, Oswald e Mario de Andrade, Clarice Lispector, todos são escritores muito ambiciosos. O que terá acontecido para que hoje não haja ambições equivalentes? O avanço da mercantilização na área da cultura pode explicar alguma coisa. Também a mudança na relação dos intelectuais com o Brasil pobre deve estar pesando.

http://www2.fpa.org.br/portal/modules/news/article.php?storyid=1566

Apodíctico

Acepções

adjetivo

1 Rubrica: filosofia.
que exprime uma necessidade lógica, e não um simples fato empírico, apresentando uma natureza evidente e indubitável (diz-se de proposição) [ex.: 2 + 2 = 4]

2 Derivação: por extensão de sentido.
que não pode ser refutado, contradito, contestado; indiscutível

3 Derivação: por extensão de sentido.
que se mostra convincente em função das evidências, que convence; evidente

Houaiss

Friday, April 18, 2008

http://vip.abril.uol.com.br/nova_vip/hotlink/

Hipóstase

2 - Rubrica: filosofia.

Segundo a reflexão moderna e contemporânea, equívoco cognitivo que se caracteriza pela atribuição de existência concreta e objetiva (existência substancial) a uma realidade fictícia, abstrata ou meramente restrita à incorporalidade do pensamento humano.

Houaiss

Monday, April 14, 2008

Experimento consegue "prever" decisão cerebral

As decisões atribuídas ao livre arbítrio humano podem ser formadas inconscientemente vários segundos antes de o cérebro tomar consciência delas. Essa é a conclusão defendida por um estudo publicado ontem pela revista Nature Neuroscience. O trabalho se baseou em um experimento no qual voluntários tiveram seus cérebros monitorados por ressonância magnética.
No teste, elaborado por cientistas do Instituto Max Planck para Cognição Humana e Ciências Cerebrais, de Leipzig (Alemanha), pessoas tinham de decidir livremente por apertar um de dois botões em um controle. Ao mesmo tempo ficavam olhando uma seqüência de letras projetada numa tela, que não deveria influir na decisão. Os voluntários tinham apenas de dizer que letra estavam observando quando finalmente decidiam qual botão apertar.
Comparando o momento em que as pessoas se diziam conscientes de suas decisões com padrões de atividade cerebral registrados no aparelho de ressonância magnética, os cientistas tiraram sua conclusão.
"Descobrimos que o resultado de uma decisão pode ser codificado como atividade cerebral nos córtices pré-frontal e parietal [regiões na superfície do cérebro] até dez segundos antes de entrarem na consciência", escrevem os autores do estudo, liderado por John-Dylan Haynes. "A impressão de que podemos escolher livremente entre duas possíveis linhas de ação é essencial para nossa vida mental. Contudo, é possível que essa experiência subjetiva de liberdade não seja mais do que uma ilusão e nossas ações sejam iniciadas por processos mentais inconscientes bem antes de tomarmos consciência de nossa intenção de agir."

Folha de São Paulo

http://www.eva.mpg.de/index.htm

Sunday, April 13, 2008

Prólogo

Às vezes, Amador, tenho vontade de lhe contar muitas coisas. Mas guardo-as para mim, fique tranqüilo, pois já devo aborrecê-lo com muitos discursos em meu ofício de pai, para ainda acrescentar outros suplementares fantasiado de filósofo. Compreendo que a paciência dos filhos também tem um limite. Além disso, não quero que aconteça comigo o mesmo que com um amigo meu, galego, quando certo dia estava contemplando o mar com seu garoto de cinco anos. O pirralho lhe disse, em tom sonhador: "Papai, gostaria que a mamãe, você e eu saíssemos num barquinho para passear pelo mar". Meu sentimental amigo, com um nó na garganta bem em cima do nó da gravata, respondeu: "Claro, meu filho, vamos quando você quiser!". "E quando estivermos bem longe", continuou fantasiando a terna criatura, "vou jogar os dois na água para vocês se afogarem". Do coração partido do pai brotou uma exclamação de dor: "Mas, meu filho...!". "Claro, papai. Então você não sabe que vocês pais nos aborrecem muito?". Fim da primeira lição.

Fernando Savater - Ética Para Meu Filho

Saturday, April 12, 2008


Mal criada

Tem coisas que não se dizem nem para si mesmo, no escuro do quarto, debaixo dos lençóis, tipo: “minha mãe é uma Górgona”, “meu pai, o hipopótamo do Machado”. Não, não se dizem coisas. As implicações podem ser muitas, só restar você na casa verde, lhe darem uma passagem para visitar o seu primo, o homem-elefante. Perceberem um estranho parentesco seu com a mulher-gorila, quando você queria mesmo ser a cat woman. Neste mundo é melhor calar ou dar um tiro na cara de meio mundo, inclusive de si próprio. Com aquelas armas cheias de água é claro, de circo, para palhaço, porque o que não falta é palhaço. Por que tanta agressividade? Sei lá eu, acho que foram meus pais: um tigre de bengala e uma batata baroa. Como me fizeram eu não sei, mas fizeram.

Lu Miranda Penna - http://gatocontraaparede.blogspot.com/

Friday, April 11, 2008

Thursday, April 10, 2008

Pedaço de Mim
(Chico Buarque)

Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar

Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais

Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu

Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi

Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Lava os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus

1977 © by Cara Nova Editora Musical Ltda.

Saturday, April 05, 2008

Friday, April 04, 2008

às vezes me dá a impressão que eles estão fingindo...