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Sunday, June 27, 2010

As pessoas precisam conjugar mais o verbo "me fudi".

Guilherme Fiuza - Capítulo 10 / 40 mil Havaianas - Bussunda: a vida do casseta

Em matéria destacada na revista "Domingo" do Jornal do Brasil, Bussunda aparecia falando de sua vida como se estivesse na sala de casa.

[...] Ao jornalista Mauro Ventura interessavam os bastidores da ascensão de um pirata à TV, mas também seu pensamento, seus hábitos, enfim, o Bussunda way of life. Sem cortes. E o entrevistado não cortava. Dizia que acordava às quatro da tarde, ligava a televisão e passava horas assistindo. Explicava que era natural ter sido convidado para trabalhar na TV, depois de tantos anos esperando sentado em frente a ela.

[...] A psicanálise cura? - indagava o jornal.

- Eu acho que a psicanálise tem cura.

Antes de desligar o telefone, o entrevistado daria um esclarecimento adicional: no seu caso pessoal, a psicanálise tinha ajudado muito. O bom preço das consultas no consultório de sua mãe garantira a ele casa e comida por 25 anos.

Guilherme Fiuza - Capítulo 7 / O famoso Buzunga - Bussunda: a vida do casseta

Os gays estavam entre as minorias prediletas dos piratas. Com a chegada da Aids, eles podiam reunir humor negro e sexista na mesma piada. Seriam duramente questionados por insuflar o preconceito, mas fincariam pé em sua lógica: não se pode fingir que o diferente não é diferente.

Maior amante das piadas sobre gays no grupo, Marcelo Madureira alegava que o combate ao preconceito contra os homossexuais não podia eliminar o direito de rir deles: - O viado é um homem que não é homem. Isso é engraçado. Ponto.

Guilherme Fiuza - Capítulo 7 / O famoso Buzunga - Bussunda: a vida do casseta

A TV Pirata  era tão diferente de tudo, tão malcriada com o status quo, tão abusada no esculacho às instituições e aos costumes que bagunçara os padrões de julgamento. O machismo podia ser caricatura do machismo. A piada de português podia não estar ridicularizando o português, mas a própria piada. Como sempre ocorre quando o senso comum fica confuso, a TV Pirata  ganhou o carimbo de "moderna".

Foi assim que, de modernidade em modernidade, passou a boiada inteira pelo crivo da Globo, da opinião pública, das autoridades. O país tinha só três anos de volta à democracia, o jogo era não censurar nada.

Guilherme Fiuza - Capítulo 7 / O famoso Buzunga - Bussunda: a vida do casseta
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