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Friday, December 10, 2010

Deu na Folha. Mas o Lula falou antes.

09 / 12 / 2010

Em discurso no evento de balanço de quatro anos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou solidariedade ao fundador do site WikiLeaks, o australiano Julian Assange. Lula se disse espantado por “não haver nenhuma manifestação” contra a prisão do australiano, acusado de agressão sexual a duas mulheres, e contra as retaliações que tem sofrido após a divulgação de documentos secretos de diplomatas americanos.

“Em vez de culpar quem divulgou, deve se culpar quem escreveu. Então eu presto minha solidariedade ao fundador do WikiLeaks”, afirmou Lula, que ainda criticou a imprensa por não defender o direito de livre expressão de Assange. “O rapaz do WikiLeaks foi preso e eu não estou vendo nenhum protesto contra a ameaça à liberdade de expressão”, disse.

Lula é o primeiro líder internacional a se manifestar de forma veemente contra a prisão de Assange. O presidente deu a entender que, apesar de Assange ser acusado de estupro na Suécia, sua prisão está relacionada à divulgação de dados sigilosos dos Estados Unidos. “Aí aparece o tal de WikiLeaks, desnuda a diplomacia que parecia inatingível, a mais certa do mundo, e começa uma busca. Eu não sei se não colocaram cartazes como no faroeste, de ‘Procura-se, vivo ou morto’, mas prenderam o rapaz”, afirmou.

Luciana Cobucci

editoriais@uol.com.br

Caça ao WikiLeaks 

Num ataque à liberdade de expressão, governos e empresas perseguem o site e seu fundador com o intuito de evitar novos vazamentos 

Está em curso uma cruzada de governos e empresas internacionais contra o WikiLeaks. O site, que existe desde 2007, ganhou fama em meados deste ano ao divulgar um vídeo que mostrava militares norte-americanos fuzilando iraquianos de um helicóptero.

No dia 28 de novembro, um domingo, sua página na internet iniciou a publicação de 251.288 despachos relativos a 274 representações diplomáticas dos EUA. Os "cables" revelam a opinião da diplomacia norte-americana sobre líderes mundiais e trazem à tona informações inéditas sobre a política internacional.

Entre outras revelações, soube-se que a secretária de Estado Hillary Clinton determinou a espionagem de membros da cúpula das Nações Unidas e que os Estados Unidos lançaram mísseis contra o que seriam alvos da Al Qaeda no Iêmen, provocando a morte de 200 civis e 40 terroristas.

Os vazamentos causaram fortes reações de governantes e deflagraram uma caçada ao australiano Julian Assange. Procurado pela Interpol, sob acusação de supostos crimes sexuais praticados na Suécia, o fundador do site entregou-se à Justiça britânica na terça.

A perseguição parece relacionada ao intuito de silenciar um novo meio de divulgar informações que ganhou uma inesperada projeção internacional e tornou-se um incômodo para governos de diversos países.

Espécie de caixa postal criada na rede mundial de computadores para receber e divulgar documentos secretos, o site WikiLeaks não é um órgão propriamente jornalístico, embora conte com profissionais da mídia para avaliar o material que recebe e mantenha acordos com veículos impressos - entre os quais o britânico "Guardian", o norte-americano "The New York Times" e esta Folha, que tem divulgado os "cables" relativos ao Brasil.

O caráter ambíguo do WikiLeaks, aliado à sua inexistente tradição -não há histórico consolidado de seus valores e comportamentos-, gera desconfiança sobre a possibilidade de o site vir a colocar em risco a segurança internacional e a vida de pessoas.

Essas incertezas possivelmente contribuem para as hesitações que se observam em setores que deveriam defender com vigor a liberdade de expressão e o direito da mídia, tradicional ou não, de divulgar informações reservadas.

Quanto a isso, há jurisprudência nos EUA, onde a Suprema Corte, em 1971, decidiu a favor do jornal "The New York Times" contra o governo de Richard Nixon, que determinara censura prévia para impedir a publicação dos chamados Papéis do Pentágono. O tribunal estabeleceu que o governo não pode obstar a publicação de notícias que considere lesivas à segurança ou aos objetivos nacionais.

Num mundo em que governos democráticos inventam mentiras para invadir países, vazamentos como os do WikiLeaks prestam um serviço ao esclarecimento e à verdade. Se a diplomacia exige sigilo, que seus responsáveis o mantenham com eficiência.