Showing posts with label da falibilidade. Show all posts
Showing posts with label da falibilidade. Show all posts

Sunday, December 27, 2009

Luiza
Tom Jobim (english lyrics by Paul Sonnenberg)


There now
Her shoulder's bare now
A yellow moon so round and so immense
Is sailing through the air now
We stop and stare now
Across the midnight blue it gently flashes
As the silence passes
There comes a voice
Full of the starlight
Oh, but it's just that little song I wrote
To help forget Luiza
To you I'm just another fool in love
So full of passion
So much to learn, learn about love
Awaken love
I know that there beneath your snowy silence there beats a heart



Come here, Luiza
Give me your hand
For your desire's the same as my desire
Come free my soul Luiza
Bring me your kisses
Bring me your lips now
Ah, those crazy roses
Bathed in rays of sun
Your hair so golden
And as a diamond breaks light into seven colors dazzling brightly
You reveal in me the seven thousand loves held in my heart so tightly
Just for you, Luiza
Luiza

http://www.youtube.com/user/sonnenberg

Olha Maria
Chico Buarque / Antônio Carlos Jobim / Vinícius de Moraes

Olha, Maria
Eu bem te queria
Fazer uma presa
Da minha poesia
Mas, hoje, Maria
Pra minha surpresa
(Pra minha tristeza)
Precisas partir...

Parte, Maria
Que estás tão bonita
Que estás tão aflita
Pra me abandonar
Sinto, Maria
Que estás de visita
Teu corpo se agita
Querendo dançar

Parte, Maria
Que estás toda nua
Que a lua te chama
Que estás tão mulher
Arde, Maria
Na chama da lua
Maria cigana
Maria maré



Parte cantando
Maria fugindo
Contra a ventania
Brincando, dormindo
Num colo de serra
Num campo vazio
Num leito de rio
Nos braços do mar

Vai, alegria
Que a vida, Maria
Não passa de um dia
Não vou te prender
Corre, Maria
Que a vida não espera
É uma primavera
Não podes perder

Anda, Maria
Pois eu só teria
A minha agonia
Pra te oferecer
a

Friday, December 25, 2009

da série Daquilo que os homens são capazes de fazer com as próprias mãos quando se encontram privados de companhia. III



Wednesday, December 23, 2009

da série Daquilo que os homens são capazes de fazer com as próprias mãos quando se encontram privados de companhia. II




Auguste Rodin - Os Portões do Inferno
A



da série Daquilo que os homens são capazes de fazer com as próprias mãos quando se encontram privados de companhia.

http://www.youtube.com/results?search_query=manualist+&search_type=&aq=f

Sunday, December 20, 2009

Em Cabral, o apego ao racional tem dimensões irracionais. A razão, para ele, mais que um método, é uma obsessão. Essa compulsão ao concreto transparece em toda a sua poesia. O poeta escreve como um náufrago que não pode se soltar de sua tábua de salvação e que nela concentra toda esperança de sentido. Em meio a um oceano bravio, ele se apega àquele pedaço de materialidade em que parece estar concentrada toda a rigidez do mundo.

José Castello - Prólogo - João Cabral de Melo Neto: O Homem Sem Alma

.......... "tribulação e trevas, desmaio e angústia, e obscuridade", aqui termino a história de Leniza. Não a abandonei, mas, como romancista, perdi-a. Fico, porém, quantas vezes, pensando nessa pobre alma tão fraca e miserável quanto a minha. Tremo: que será dela, no inevitável balanço da vida, se não descer do céu uma luz que ilumine o outro lado das suas vaidades?

Marques Rebelo - A Estrela Sobe - Rio de Janeiro, 1939

Saturday, December 19, 2009

Biblioteca do falimento. Hamlet, o Quixote, Raskólnikov, Riobaldo. O Borges que nega, por despeito e crueldade a existência do Aleph logo após tê-lo, assombrado, visto. E o príncipe dos falíveis, Dante desterrado, que vê que havia, nel mezzo del cammin, nada menos que o Inferno.

No Canto II, dia findo, às portas do primeiro círculo, surge-lhe a dúvida:

1 Lo giorno se n'andava, e l'aere bruno
toglieva li animai che sono in terra
da le fatiche loro; e io, sol uno

4 m'apparecchiava a sostener la guerra
sí del cammino e sí de la pietate,
che ritrarrà la mente che non erra.

Arrepende-se.

37 E qual è quei che disvuol ciò che volle
e per novi pensier cangia proposta,
sí che dal cominciar tutto si tolle,

40 tal mi fec' ïo 'n quella oscura costa,
perché, pensando, consumai la 'mpresa
che fu nel cominciar cotanto tosta.

Vírgilio, aí, relata o encontro que teve com Beatriz, no Limbo, e o pedido que ela lhe fez.

58 "O anima cortese mantoana,
di cui la fama ancor nel mondo dura,
e durerà quanto 'l mondo lontana,

61 l'amico mio, e non de la ventura,
ne la diserta piaggia è impedito
sí nel cammin, che volt' è per paura;

67 Or movi, e con la tua parola ornata
e con ciò c'ha mestieri al suo campare
l'aiuta, sí ch'i' ne sia consolata.

70 I' son Beatrice che ti faccio andare;
vegno del loco ove tornar disio;
amor mi mosse, che mi fa parlare.

73 Quando sarò dinanzi al segnor mio,
di te mi loderò sovente a lui".
[ Tacette allora, e poi comincia' io: ]

E pergunta Virgílio:

121 Dunque: che è? perché, perché restai?
perché tanta viltá nel core allette?
perché ardire e franchezza non hai?

Ao que Dante, agora resoluto, responde:

127 Quali fioretti dal notturno gelo
chinati e chiusi, poi che 'l sol li 'mbianca
si drizzan tutti aperti in loro stelo,

130 tal mi fec'io di mia virtude stanca,
e tanto buono ardire al cor mi corse,
ch'i' cominciai come persona franca:

133 "Oh pietosa colei che mi soccorse!
e te cortese ch'ubidisti tosto
a le vere parole che ti porse!

136 Tu m'hai con disiderio il cor disposto
sí al venir con le parole tue,
ch'i' son tornato nel primo proposto.

139 Or va, ch'un sol volere è d'ambedue:
tu duca, tu segnore, e tu maestro".
Cosí li dissi; e poi che mosso fue,

142 intrai per lo cammino alto e silvestro.

Inspirado pelo objeto de sua paixão, Dante aceita Virgílio como guia, senhor e mestre: representante da Razão, condição da Virtude.



Gustave Doré


Sofri o grave frio dos medos, adoeci. Sei que ninguém soube mais dele. Sou homem, depois desse falimento? Sou o que não foi, o que vai ficar calado. Sei que agora é tarde, e temo abreviar com a vida, nos rasos do mundo. Mas, então, ao menos, que, no artigo da morte, peguem em mim, e me depositem também numa canoinha de nada, nessa água que não pára, de longas beiras: e, eu, rio abaixo, rio a fora, rio a dentro — o rio.

Guimarães Rosa - A Terceira Margem do Rio - Primeiras Estórias

Choro Bandido
Edu Lobo & Chico Buarque


Quantcast

- Newton Carneiro, violão e Luis Afonso Montanha, clarone -

Mesmo que os cantores sejam falsos como eu serão bonitas, não importa, são bonitas as canções / Mesmo miseráveis os poetas os seus versos serão bons

Mesmo porque as notas eram surdas quando um deus sonso e ladrão / Fez das tripas a primeira lira que animou todos os sons

E daí nasceram as baladas e os arroubos de bandidos como eu cantando assim: Você nasceu pra mim, você nasceu pra mim

Mesmo que você feche os ouvidos e as janelas do vestido minha musa vai cair em tentação / Mesmo porque estou falando grego com sua imaginação

Mesmo que você fuja de mim por labirintos e alçapões / Saiba que os poetas como os cegos podem ver na escuridão

E eis que, menos sábios do que antes os seus lábios ofegantes hão de se entregar assim: Me leve até o fim, me leve até o fim

Mesmo que os romances sejam falsos como o nosso são bonitas, não importa são bonitas as canções / Mesmo sendo errados os amantes seus amores serão bons
a

A Filistéia grita! Quando Caetano Veloso preenche com tantos penduricalhos a infinitiva canção de Tom e Newton (trejeitos, salamaleques, tamborins, tambores, melismas do violoncelo, alternâncias de texturas e densidades dos instrumentos provocando "ondas de ruído"), resta aproveitar sua voz linda (sim, a voz de Caetano é - definitivamente - linda) e pensar na personagem falível que o samba decanta: tolo coração cansado de sofrer que, em vão, tentou raciocinar nas coisas do amor tentará ainda que, depois, chorar seja imprescindível.



Quando um coração que está cansado de sofrer / Encontra um coração também cansado de sofrer / É tempo de se pensar / Que o amor pode, de repente, chegar / Quando existe alguém, que tem saudade de alguém / E esse outro alguém não entender / Deixe esse novo amor chegar / Mesmo que depois / Seja imprescindível chorar / Que tolo fui eu / Que, em vão, tentei raciocinar / Nas coisas do amor / Que ninguém sabe explicar / Vem, nós dois vamos tentar / Só um novo amor pode a saudade apagar

Tom Jobim & Newton Mendonça