Thursday, September 28, 2023

28 de setembro de 2019


O relato de Rodrigo Janot sobre a tentativa de executar a tiros o ministro Gilmar Mendes tem a estrutura de um sonho.

As coisas acontecem dissociadas do tempo e do espaço:

"Não havia escrito carta de despedida [...]. Também não disse a ninguém o que eu pretendia fazer".

Ou seja, como nos sonhos, não há o antes. Tampouco testemunhas. A experiência é imediata e solitária.

A lógica ordinária dos dias, igualmente, não se cumpre.

"Esse ministro costuma chegar atrasado às sessões".

O que permite acontecer exatamente o que o desejo exige:

"Quando cheguei à antessala do plenário, para minha surpresa, ele já estava lá".

Como mágica.

A ação, então, sem lapsos se desencadeia. Na velocidade dos sonhos (que sempre têm curta duração), despida de tempos mortos:

"Não pensei duas vezes. Tirei a minha pistola da cintura, engatilhei, mantive-a encostada à perna e fui para cima dele".

Nada mais típico do que um símbolo fálico dentro de um sonho.

Janot chama a arma de 'pistola'. Tira-a 'da cintura' e a mantém encostada na 'perna'. E é aí que vai 'para cima' de Gilmar.

"Mas, algo estranho" aconteceu:

"Quando procurei o gatilho, meu dedo indicador ficou paralisado. Eu sou destro. Mudei de mão. Tentei posicionar a pistola na mão esquerda, mas meu dedo paralisou de novo".

Ainda mais típico, na vida onírica, que os símbolos fálicos, são as cenas recorrentes em que o sujeito se vê paralisado diante de situações de grande tensão.

São comuns a impossibilidade de andar, correr, mover os lábios, subir ou descer escadas, abrir portas para fugir, nadar, etc.

No caso, são os indicadores, pedaços do próprio corpo responsáveis por puxar o gatilho, que perdem o movimento.

O indicador, por sua vez, faz contraste com o revólver, objeto exterior ao corpo. O indicador é fino e maleável, comparado ao cano da arma, metálico, rígido.

Os dedos, primeiro o da direita e, depois o da esquerda, ao tornarem-se duros, como o revólver, nessa nova condição são incapazes de realizar a tarefa. O falo potente para matar não está no corpo de Janot. E o falo que ele efetivamente tem, o dedo, o impede de usar sua extensão letal, a pistola.

Aí o sonho se interrompe. O 'eu' que sonha começa a despertar.

"Nesse momento, eu estava a menos de 2 metros dele. Não erro um tiro nessa distância".

O máximo de proximidade do objeto em mira. E o desfecho.

As sensações físicas, no instante em que se acorda de um sonho, costumam ser intensamente vívidas.

Porém, nada se registrou. Nada foi percebido por mais ninguém. A não ser por aquele que conta.

Como se nada tivesse acontecido, Janot apenas deixa o lugar e retorna para o ponto de partida.

Não houve o antes. Não há o depois.

Dissipou-se.

Parece muito um sonho.

Pode ter sido um sonho. Uma mentira. Um delírio.

Em qualquer das hipóteses, esse homem, por ser quem é e por tornar pública tal narrativa, precisa ser contido.

Friday, September 22, 2023

22 de setembro de 2022


LULANDO HENRIQUE CARDOSO

Agora, sem brincadeira: na medida em que o Ciro considera a luta por direitos de raça, gênero e orientação sexual "uma série de baboseiras desse esquerdismo que vem dos Estados Unidos" e defende liberar mineração em áreas indígenas, o único candidato que gabarita todos os itens indicados pelo FHC é mesmo o Lula.

• Compromisso com o combate à pobreza e à desigualdade;

• Defesa de direitos iguais para todos independentemente da raça, gênero e orientação sexual;

• Orgulho da diversidade cultural da nação brasileira;

• Valorização da educação e da ciência;

• Empenho na preservação de nosso patrimônio ambiental, no fortalecimento das instituições que asseguram nossas liberdades e no restabelecimento do papel histórico do Brasil no cenário internacional.

Os candidatos ligados ao agronegócio, ao financismo, ou vindos da extrema-direita, por supuesto não correspondem a praticamente nada da lista.

Tem ainda os nanicos de esquerda que, falando sério, não fazem parte do jogo.

Um tucano sempre deixa margem pra se desmentir, é da vida. Mas dizem que lulou.

🦑


imagem: Ricardo Stuckert para Instituto Lula, 21 de maio de 2021

22 de setembro de 2020



OS MIL DÓLA DO MIJAIR

Como todo mundo já sabe, o auxílio emergencial vai pagar 4.200 reais para quem receber cinco parcelas de 600 e quatro de 300.

Na cotação atual, mil dólares equivalem a mais de 5.400.

Se comparar com a Alemanha, lá quem trabalha freelance recebeu 5.000 euros na primeira metade de março e o confinamento começou a ser flexibilizado em maio.

Ou seja, 2.500 euros para cada mês.

Tudo bem que a economia da Alemanha não tem comparação com a nossa e que o fim do confinamento não está sendo exatamente uma volta à normalidade para eles.

Mas é um vexame o Biroliro bunda suja querer contar vantagem em cima de 4.200 pagos - em teoria - ao longo de 9 meses. Na Alemanha o dinheiro entrava na conta em dois dias.

Bolsonaro é um trouxa completo. Incompetente até pra mentir. Descambou pra essa psicodelia ruralista predatória e provinciana que foi o discurso da ONU.

22 de setembro de 2020

Por que é fundamental rir do Mijair? Porque ele é o cara capaz de falsear dados monitorados pela NASA em um discurso na ONU. Precisa ser muito, mas MUITO, parvo para tamanha patranha. Acusar os povos indígenas pelas queimadas? O que esse boçal tem na cabeça?!? Só o mais grosseiro deboche pode responder a um personagem tão desqualificado. Tão risível. A pergunta que vem em seguida é: - mas, por que ele não cai? Ora, porque tem algo muito forte segurando ele. Os eleitores? Não. Esses, como todos nós, são massa de manobra. Quiser saber quem está lastreando mister Golden Shower, o agente laranja, pensa quem se beneficia com as falcatruas desse desgoverno. Para cada pedaço destruído da vida nacional há um segmento da mesma vida nacional obtendo lucros inauditos. Mijair, o Bozo, é um criado desses setores. O bobo da corte executando sua imitação do rei.

22 de setembro de 2018

"Estou aqui com o Fernando Pimentel e o Fernando Haddad, dois Haddads. Não, dois Pimenteis. Não, um Fernando".

Se a pessoa não percebe a estrutura de uma piada quando ouve uma, não adianta explicar, né?

22 de setembro de 2016

BICHOS ESCROTOS

Dia 25 de fevereiro do ano passado, Guido Mantega e sua mulher foram hostilizados no Hospital Albert Einstein. Salvo engano, foi o primeiro de uma série de escrachos em lugares públicos a figuras ligadas ao PT. A mídia, claro, divulgou à farta. O vídeo de celular viralizou. No Facebook circulou este relato, postado por alguém de nome Ana: “Ele estava acompanhado de uma senhora e por isso não quis baixar o nível mas não consegui me segurar. Enquanto descíamos, em que o elevador parou em vários andares, perguntei aos demais passageiros se não estavam sentindo um cheiro muito ruim. Todos se tocaram da indireta e começaram a abanar seus narizes, comentando entre uns com os outros que realmente, o fedor estava insuportável”. O juiz Moro mandou prender Mantega no mesmo hospital, no momento em que a esposa do ex-ministro, que em 2015 fazia exames, entrou para cirurgia. Um círculo se completa, ao conectar o assédio moral do grupo e a ação da autoridade constituída. Moro sabe como ninguém usar a opinião pública a seu favor formalizando aquilo que a horda alimenta como fantasia. Não foi casual a "indireta" do mau cheiro. Moro e o rebanho personificam os personagens brancos descritos na música A Mão da Pureza, do negro Gilberto Gil. "Corrupto" para o bando do alpha male Moro é o contrário de "puro" e não de "honesto". E puro é sempre, e apenas, o igual. Qualquer outra alternativa "corrompe". Tem cheiro de podre. Não houve nada de espontâneo na ação da caterva, tampouco pode ser coincidência mandar prender Guido Mantega no point inaugural dos ataques a petistas. Nos dois casos o que se vê é um sentido atávico, primitivo, de propagação de mensagens entrando em funcionamento. Não precisa combinar. Esses animais se localizam "entre uns com os outros" pelo faro.

Monday, September 18, 2023

18 de setembro de 2015

"Planalto aceita rever propostas para driblar resistência encontrada no Congresso".

Variações deste título da Folha apareceram na imprensa, nos blogues sujos, em comentários do Facebook, etc.

Ou seja, para esses gênios da análise política, Dilma Rousseff é a única pessoa do planeta que entra numa negociação pedindo exatamente aquilo que espera conseguir.

Pôa, véio, até pra anunciar iPhone usado em brechó de faculdade quem vende "bota uma gordurinha"!

Dilma, não. Dilma "recua". Dilma "revê". E - sempre - depois. O que comprova que Dilma "improvisa". Que Dilma "volta atrás".

Nunca antes na história desse país um partido passou tanto tempo tão próximo do epicentro do poder quanto o PT. São os profissionais de política mais experientes e experimentados do Brasil em todos os tempos, excetuados, claro, os fisiológicos (que não fazem, em sentido estrito, política e sim mercado). Dilma, brizolista de origem, está no PT igualmente há décadas. Inclusive muito próxima de Lula, o grande gênio desse enredo todo.

Mas não. Desde o colunista de economia da Folha, passando pelos corvos da TV Cultura, Globo News, a blogosfera, as redes e etc., só se vê quem considere o Governo "perdido".

Pretensão e formiga... é o que mais tem no mundo, né?

18 de setembro de 2016


FASCES DO BRASIL - ligando os pontos em tempos sombrios

Enquanto 'fascismo' é um substantivo, 'fascista' pode ser substantivo ou adjetivo. Seria exagero definir o que estamos vendo surgir no Brasil como fascismo, em seu sentido estrito, mas já não resta dúvida de que tem nítidos contornos fascistas. A horda sinaliza o desejo de substituir a ordem. Para tanto, parcelas do Judiciário e uma imprensa não menos que criminosa vêm encenando a institucionalização dos impulsos do rebanho. É muito grave, ainda que estejamos nos limites da encenação.

A wikipedia traz a etimologia de "fascismo" e "fascista":

[...] "O termo fascismo é derivado da palavra em latim 'fasces', um feixe de varas amarradas em volta de um machado. Os fasces foram um símbolo do poder conferido aos magistrados na República Romana de flagelar e decapitar cidadãos desobedientes. Eram carregados por lictores* e poderiam ser usados para castigo corporal e pena capital a seu próprio comando. Mussolini adotou esse símbolo para o seu partido, cujos seguidores passaram a chamar-se fascistas.

O simbolismo dos fasces sugeria "a força pela união": uma única haste é facilmente quebrada, enquanto o feixe é difícil de quebrar. Símbolos semelhantes foram desenvolvidos por diferentes movimentos fascistas. Por exemplo, o símbolo da Falange Espanhola é composto de cinco flechas unidas por uma parelha"

Um amigo elencou a metodologia dos diversos justiceiros pátrios cheios de convicção e poder conferido:

“Não tenho prova cabal contra Dirceu – mas vou condená-lo porque a literatura jurídica me permite” (ministra Rosa Weber ao condenar Zé Dirceu).

“Não se torna necessário que existam crimes concretos cometidos” (ministro Gilmar Mendes ao condenar 11 pessoas por formação de quadrilha).

"Prova ilegal se usada com boa-fé pode ser usada" (juiz Sérgio Moro justificando escutas ilegais).

“Sabemos que a Presidente não cometeu crimes, mas ela perdeu a capacidade de governar” (senador Acir Gurgacz condenando Dilma à perda de mandato por prática de crime).

"Não tenho provas, mas tenho convicção” (procuradores do MPF denunciando Lula e esposa).

E mais outro amigo compartilhou a análise sempre esclarecedora do decano Janio de Freitas.

Janio fala em uma "tolerância conivente" com a "escalada de abusos de poder, sobre fundo político" que envolve do STF ao juizado de 1.ª instância, passando por quadros da Polícia Federal.

"O século passado viu muitas vezes a que levam essas investidas", continua o jornalista.

"Não poucos países viveram situações que ainda os levam à pergunta angustiante: 'como foi possível?'.

Aqui mesmo temos essa experiência: como foi possível ao Brasil passar 21 anos sob ditadura militar?

Em nenhum desses países houve causa única.

Mas em todos uma das causas foi a mesma: os que deviam e podiam falar, enquanto era tempo, calaram-se por covardia ou conveniência, quando não aderiram à barbárie pelos dois motivos".

A capa de VEJA com a imagem de Lula remetendo - intencionalmente - ao corpo mutilado em praça pública de Gaddafi, completa um quadro. Assustador. A cadela do fascismo brasileiro está no cio. E vem sendo disputada por velhos machos alfas, betas e Deltans.

'Civiltà', que remete em português a civilidade, civilização, sociedade civil, ou cidadania, não pode ser substituído pela oligarquia dos Civita.

Que bom saber que tenho amigos que não se calam!

*Lictores, na Roma Antiga, eram funcionários públicos encarregados de ir a frente de um magistrado com feixes de varas denominados fasces, abrindo espaço para que esse pudesse passar. O seu número variava de acordo com o grau de importância do magistrado.

18 de setembro de 2021

Eu vou se auto-elogiar-me.

Três coisas q eu falei repetidas vezes, ao longo da pandemia:

1. Nós vamos ter vacina, mas vai ser uma puta bagunça.

2. Só os governos municipais e estaduais têm institucionalidade para organizar a bagunça do MS.

3. Bolsonaro não decide porra nenhuma. É um pau mandado cheio de marra.

Dois fatos da última semana confirmaram minha bola de cristal.

O jantar da República do Viagra na casa do Naji Nahas. Os faraós embalsamados não só deixaram claro quem é q manda, como também demonstraram saber fazer isso com a tranquilidade e o 'bom humor' de quem aperta focinheiras desde 1500.

Ninguém em nenhum lugar do Brasil bateu palmas pro Queiroga dançar. O tio meteu o loko na história dos adolescentes receberem vacina e foi solenemente ignorado. Estados e municípios já criaram condições para barrar a pulsão de morte do Jair.

E por que tudo isso? Porque 90% dos brasileiros declaram querer se vacinar. Esses 90% são os eleitores de 2022. Estadual e federal. Os profissionais da política não vivem sem as urnas. As eleições são a matriz de todos os ganhos dessa gente.

Vou prever mais uma: não há qualquer motivo para um Golpe q atrapalhe o business das eleições. O país vive em estado perpétuo de calma e resignação. Aguardando a oportunidade de mudar as coisas pela via do voto. Para o bem e para o mal, é isso q 'nos une'. A arma do voto.

Saturday, September 16, 2023

16 de setembro de 2016

A suposta quadrilha teria, segundo a convicção dos procuradores, roubado 40 bilhões. O rei sol, o general da banda, o poderoso chefão, portanto, pegou pra si um vale-reforma e aceitou uma ajuda pro aluguel que, somados, não chegam a 0,1% do butim. É o uso mais radical da expressão "trocando em miúdos" que o mundo já viu. Aí a gente faz piada. Como não fazer? É o que está na capa da Carta Capital: coisa de demente. Mas, meses atrás, eu, de conversa com um cara culto, bem de vida, informado, inteligente e, posso assegurar, de posse plena de suas faculdades mentais, quando perguntei se não achava estranho o Lula se vender por tão pouco, respondeu: "ah, mas e o que não aparece?". E com o semblante sério se despediu dizendo: "pense nisso". A convicção, amigos, substitui, entra no lugar do pensamento. Aliás, esse é o conceito chave da "banalidade do mal" que a Hannah Arendt fala. Quando o pensamento é suprimido e, em seu lugar, entra a convicção pura. Nesse caso já não há espaço para as coisas aparecerem. Tudo está dado previamente. Tudo funciona de acordo com a ordem estabelecida e, por definição, imutável. Não tem lógica, nem tem graça. É primitivo. É brutal.

O Tribunal da Santa Convicção

16 de setembro de 2019


Eu não sei como você faz, mas eu me organizo desse jeito: os robôs estão lendo tudo o que se escreve nas redes e olhando todas as imagens. Todas no sentido de 100%, todas mesmo. Se uma pessoa pensa no Bolsonaro e posta alguma coisa, os robôs percebem. Mas não dão bola. Se um número grande de pessoas faz o mesmo, aí o robô 'se liga' e registra. O registro então é repassado pra qualquer pessoa que pague pela informação. Esse comprador precisa saber, de cara, se o post é contra, ou a favor. Os robôs respondem a essa pergunta baseados em palavras, ou hashtags, ou outros marcadores que são lidos como positivos ou negativos. Por isso, se 500 mil bolsominions postarem 'O homem é forte', multiplicando a foto e a frase marqueteiras do casal Moro no hospital e ninguém postar, por exemplo, 'O saco do patrão é o corrimão para o sucesso', legenda do Requião para a mesma foto, os robôs só terão as mensagens do lado Bozo da Força. Não existe 'ignorar' na disputa das redes. O robô vê tudo o que a gente posta. Sinto dizê-lo, mas o que a gente não posta, ele não tem como ver. Pro cara que a gente não quer que apareça nas redes não aparecer, os dois lados precisariam fazer silêncio. Quando um faz barulho, obriga o outro a responder. Meio parecido com um ataque durante uma guerra. Se em nenhum momento houver revide, o atacante vai se espalhando até tomar o terreno. É um saco, né? Mas é guerra. Não tem muito o que discutir. Claro, emboscadas existem e devemos evitá-las. Mas, no geral, trata-se de disputa, ataques e contra-ataques. Um lance meio Bacurau. Pode ser divertido.

16 de setembro de 2020


Eu tenho tentado adestrar meu algoritmo. Funciona razoável. Oculta uma publicação aqui, dá coraçãozinho prum post ali, emoticon vermelho de raiva acolá, olha num anúncio, clica num anúncio, deleta um anúncio, lê um post, passa reto em outro... os robôs do Facebook observam a gente nos mínimos movimentos. Tipo 'quantos segundos você permanece diante de uma foto'. Não tem nada de aleatório. Eles sempre te oferecem de novo aquilo que, aos 'olhos' deles, te interessou. Nunca o contrário. Por isso dá pra interferir, configurar, ou como eu disse brincando, adestrar o algoritmo, embora num nível muito inferior ao que a gente gostaria. Pois bem, como nem tudo na vida é felicidade, uma das minhas tentativas de adestramento do algoritmo tem sido 100% frustrante. Eu notei que o primeiro comentário a ser mostrado em qualquer post de perfil ou página famosos de Esquerda é sempre de um anônimo de Direita falando uma merda bolsonarista. Se for a Jandira, ou se for o MST, ou o Freixo, a Mídia Ninja, o Ivan Valente, a Dilma, a CUT, o Levante Popular da Juventude, o PT, o Boulos, o Padre Júlio... qualquer um desses perfis ou páginas que têm milhares de seguidores, qualquer um: postou, o comentário 'mais relevante' é invariavelmente de um zé ruela desqualificando o que quer que tenha sido dito no post. Muito esperto, pensei comigo: sempre que isso acontecer, eu bloqueio o minion e, assim, o algoritmo vai passar a me mostrar outras opiniões e não a do tarado fascista de plantão. Não adianta nada. E eu já sei a causa. O comentário do anônimo de Direita falando uma merda bolsonarista é - sempre - o que recebe mais reações e tréplicas. Aí não tem o que discutir com o algoritmo. O comentário que recebe mais reações e tréplicas é o mais 'relevante'. Essa é a métrica da realidade. A inteligência artificial do Zuckerberg tá coberta de razão. O passo seguinte foi entender quem é que está dando tanto cartaz pro reacinha desconhecido. Somos nós, da Esquerda. Às vezes são centenas de 😆s, desmoralizando o que o asno disse, ou o emoticon vermelho de raiva e muitos - muitos - comentários 'lacradores'. Às vezes acontece do minion rebater e com isso multiplicam-se os comentários, as reações e... a relevância do comentário... do minion! Na maior parte dos casos eu observo que o deflagrador da treta nem retorna. Aquilo ali era uma isca, que nem aqueles filmes do Discovery Channel mostrando tubarões sendo alimentados. Dá o que pensar. Não é o mesmo que dizer que quando você fala mal do Bolsonaro ele sempre sai ganhando. Aquele dito popular 'falem mal, mas falem de mim', funciona só até um certo ponto. O Bolsonaro tem a maior visibilidade que um brasileiro pode ter. Ele ocupa a presidência de um país convulsionado. Vai ser o cara mais 'noticiado' qualquer hora do dia, qualquer dia da semana. A única alternativa é lutar contra-hegemonicamente tentando fazer algum (pequeno) estrago na blindagem que o Consórcio Golpista articulou pra ele. Sem isso a 'Verdade' passa a ser o que o (des)governo disser. Outra coisa muito diferente é bater palma pra louco dançar. O anônimo de Direita falando uma merda bolsonarista deixa de existir se for ignorado. Ou melhor, sequer chega a existir. Bolsominions podem e devem ser bloqueados sumariamente. A não ser que nesse jogo de quem fisga quem o 'replicante' de Esquerda esteja, com suas réplicas, em busca dos proverbiais 15 minutos de fama a que todos teríamos direito no futuro do Andy Warhol. É compreensível. Demasiado humanamente compreensível. Mas um tanto suicida.

O Príncipe, capítulo XVIII

O Beijo de Judas. Giotto. Capela Sistina

Nicolau Maquiavel

De que modo os príncipes devem manter a fé da palavra dada

Quando seja louvável em um príncipe o manter a fé (da palavra dada) e viver com integridade, e não com astúcia, todos compreendem; contudo, vê-se nos nossos tempos, pela experiência, alguns príncipes terem realizado grandes coisas a despeito de terem tido em pouca conta a fé da palavra dada, sabendo pela astúcia transtornar a inteligência dos homens; no final, conseguiram superar aqueles que se firmaram sobre a lealdade.

Deveis saber, então, que existem dois modos de combater: um com as leis, o outro com a força. O primeiro é próprio do homem, o segundo, dos animais; mas, como o primeiro modo muitas vezes não é suficiente, convém recorrer ao segundo. Portanto, a um príncipe torna-se necessário saber bem empregar o animal e o homem. Esta matéria, aliás, foi ensinada aos príncipes, veladamente, pelos antigos escritores, os quais descrevem como Aquiles e muitos outros príncipes antigos foram confiados à educação do centauro Quiron. Isso não quer dizer outra coisa, o ter por preceptor um ser meio animal e meio homem, senão que um príncipe precisa saber usar uma e outra dessas naturezas: uma sem a outra não é durável.

Necessitando um príncipe, pois, saber bem empregar o animal, deve deste tomar como modelos a raposa e o leão, eis que este não se defende dos laços e aquela não tem defesa contra os lobos. É preciso, portanto, ser raposa para conhecer os laços e leão para aterrorizar os lobos. Aqueles que agem apenas como o leão, não conhecem a sua arte. Logo, um senhor prudente não pode nem deve guardar sua palavra, quando isso seja prejudicial aos seus interesses e quando desapareceram as causas que o levaram a empenhá-la. Se todos os homens fossem bons, este preceito seria mau; mas, porque são maus e não observariam a sua fé a teu respeito, não há razão para que a cumpras para com eles. Jamais faltaram a um príncipe razões legítimas para justificar a sua quebra da palavra. Disto poder-se-ia dar inúmeros exemplos modernos, mostrar quantas pazes e quantas promessas foram tornadas írritas e vãs pela infidelidade dos príncipes; e aquele que, com mais perfeição, soube agir como a raposa, saiu-se melhor. Mas é necessário saber bem disfarçar esta qualidade e ser grande simulador e dissimulador: tão simples são os homens e de tal forma cedem às necessidades presentes, que aquele que engana sempre encontrará quem se deixe enganar.

Não quero deixar de apontar um dos exemplos recentes. Alexandre VI jamais fez outra coisa, jamais pensou em outra coisa senão enganar os homens, sempre encontrando ocasião para assim poder agir. Nunca existiu homem que tivesse maior eficácia em asseverar, que com maiores juramentos afirmasse uma coisa e que, depois, menos a observasse; não obstante, os enganos sempre lhe resultaram segundo o seu desejo, pois bem conhecia este lado do mundo.

A um príncipe, portanto, não é essencial possuir todas as qualidades acima mencionadas, mas é bem necessário parecer possuí-las. Antes, ousarei dizer que, possuindo-as e usando-as sempre, elas são danosas, enquanto que, aparentando possuí-las, são úteis; por exemplo: parecer piedoso, fiel, humano, íntegro, religioso, e sê-lo realmente, mas estar com o espírito preparado e disposto de modo que, precisando não sê-lo, possas e saibas tornar-te o contrário, Deve-se compreender que um príncipe, e em particular um príncipe novo, não pode praticar todas aquelas coisas pelas quais os homens são considerados bons, uma vez que, frequentemente, é obrigado, para manter o Estado, a agir contra a fé, contra a caridade, contra a humanidade, contra a religião. Porém, é preciso que ele tenha um espírito disposto a voltar-se segundo os ventos da sorte e as variações dos fatos o determinem e, como acima se disse, não apartar-se do bem, podendo, mas saber entrar no mal, se necessário.

Um príncipe, portanto, deve ter muito cuidado em não deixar escapar de sua boca nada que não seja repleto das cinco qualidades acima mencionadas, para parecer, ao vê-lo e ouvi-lo, todo piedade, todo fé, todo integridade, todo humanidade, todo religião; e nada existe mais necessário de ser aparentado do que esta última qualidade. É que os homens em geral julgam mais pelos olhos do que pelas mãos, porque a todos cabe ver mas poucos são capazes de sentir. Todos veem o que tu aparentas, poucos sentem aquilo que tu és; e esses poucos não se atrevem a contrariar a opinião dos muitos que, aliás, estão protegidos pela majestade do Estado; e, nas ações de todos os homens, em especial dos príncipes, onde não existe tribunal a que recorrer, o que importa é o sucesso das mesmas, Procure, pois, um príncipe, vencer e manter o Estado: os meios serão sempre julgados honrosos e por todos louvados, porque o vulgo sempre se deixa levar pelas aparências e pelos resultados, e no mundo não existe senão o vulgo; os poucos não podem existir quando os muitos têm onde se apoiar. Algum príncipe dos tempos atuais, que não convém nomear, não prega senão a paz e fé, mas de uma e outra é ferrenho inimigo; uma e outra, se ele as tivesse praticado, ter-lhe-iam por mais de uma vez tolhido a reputação ou o Estado.

Tradutor não identificado. www.livrosgrátis.com.br

Il Principe, capitolo XVIII

Michelangelo:  Sibila Cumeia. Capela Sistina.

Niccolò Machiavelli

In che modo i Principi debbino osservare la fede.

Quanto sia laudabile in un Principe mantenere la fede, e vivere con integrità, e non con astuzia, ciascuno lo intende. Nondimanco si vede per esperienzia, ne’ nostri tempi, quelli Principi aver fatto gran cose, che della fede hanno tenuto poco conto, e che hanno saputo con astuzia aggirare i cervelli degli uomini, ed alla fine hanno superato quelli che si sono fondati in su la lealtà. Dovete adunque sapere come sono due generazioni di combattere: l’una con le leggi, l’altra con le forze. Quel primo è degli uomini; quel secondo è delle bestie; ma perché il primo spesse volte non basta, bisogna ricorrere al secondo. Pertanto ad un Principe è necessario saper ben usare la bestia e l’uomo. Questa parte è stata insegnata a’ Principi copertamente dagli antichi scrittori, i quali scrivono come Achille e molti altri di quelli Principi antichi furono dati a nutrire a Chirone centauro, che sotto la sua disciplina gli custodisse; il che non vuol dire altro l’avere per precettore un mezzo bestia e mezzo uomo, se non che bisogna a un Principe sapere usare l’una e l’altra natura, e l’una senza l’altra non è durabile.

Essendo adunque un Principe necessitato sapere bene usare la bestia, debbe di quella pigliare la volpe e il lione; perchè il lione non si defende da’ lacci, la volpe non si defende da’ lupi. Bisogna adunque essere volpe a cognoscere i lacci, e lione a sbigottire i lupi. Coloro che stanno semplicemente in sul lione, non se ne intendono . Non può pertanto un Signore prudente, nè debbe osservare la fede, quando tale osservanzia gli torni contro, e che sono spente le cagioni che la feciono promettere. E se gli uomini fussero tutti buoni, questo precetto non saria buono; ma perchè sono tristi, e non l’osserverebbono a te, tu ancora non l’hai da osservare a loro. Nè mai a un Principe mancheranno cagioni legittime di colorare l’inosservanza. Di questo se ne potriano dare infiniti esempi moderni, e mostrare quante paci, quante promesse siano state fatte irrite e vane per la infedeltà de’ Principi; e a quello che ha saputo meglio usare la volpe, è meglio successo. Ma è necessario questa natura saperla bene colorire, ed essere gran simulatore e dissimulatore; e sono tanto semplici gli uomini, e tanto ubbidiscono alle necessità presenti, che colui che inganna, troverà sempre chi si lascerà ingannare.

Io non voglio degli esempi freschi tacerne uno. Alessandro VI non fece mai altro che ingannare uomini, né mai pensò ad altro, e trovò soggetto di poterlo fare; e non fu mai uomo che avesse maggiore efficacia in asseverare, e che con maggiori giuramenti affermasse una cosa, e che l’osservasse meno; nondimanco gli succederono sempre gl’inganni ad votum, perché cognosceva bene questa parte del mondo.

Ad un Principe adunque non è necessario avere in fatto tutte le soprascritte qualità, ma è ben necessario parere d’averle. Anzi ardirò di dire questo, che avendole, ed osservandole sempre, sono dannose; e parendo d’averle, sono utili; come parere pietoso, fedele, umano, religioso, intero, ed essere; ma stare in modo edificato con l’animo, che bisognando, tu possa e sappi mutare il contrario. E hassi ad intendere questo, che un Principe, e massime un Principe nuovo, non può osservare tutte quelle cose, per le quali gli uomini sono tenuti buoni, essendo spesso necessitato, permantenere lo Stato, operare contro alla umanità, contro alla carità, contro alla religione. E però bisogna che egli abbia un animo disposto a volgersi secondo che i venti e le variazioni della fortuna gli comandano; e, come di sopra dissi, non partirsi 17 dal bene, potendo, ma sapere entrare nel male, necessitato.

Debbe adunque avere un Principe gran cura, che non gli esca mai di bocca una cosa che non sia piena delle soprascritte cinque qualità, e paia, a vederlo e udirlo, tutto pietà, tutto fede, tutto integrità, tutto umanità, tutto religione. E non è cosa più necessaria a parere d’avere, che quest’ultima qualità; perché gli uomini in universale giudicano più agli occhi che alle mani, perché tocca a vedere a ciascuno, a sentire a’ pochi. Ognuno vede quel che tu pari; pochi sentono quel che tu sei, e quelli pochi non ardiscono opporsi alla opinione de’ molti che abbiano la maestà dello stato che gli difende; e nelle azioni di tutti gli uomini, e massime de’ Principi, dove non è giudizio a chi reclamare, si guarda al fine. Facci adunque un Principe di vivere e mantenere lo Stato; i mezzi saranno sempre giudicati onorevoli, e da ciascuno lodati; perché il vulgo ne va sempre preso con quello che pare, e con l’evento della cosa; e nel mondo non è se non vulgo; e gli pochi hanno luogo, quando gli assai non hanno dove appoggiarsi. Alcuno Principe di questi tempi, il quale non è bene nominare, non predica mai altro, che pace e fede; e l’una e l’altra, quando e’ l’avesse osservata, gli avrebbe più volte tolto lo Stato, e la riputazione.

Friday, September 15, 2023

15 de setembro de 2015


Laerte faz charges políticas há mais de trinta anos. É evidente que tem percepção aguda da crise política em que estamos metidos, é claro que discorda frontalmente de grande parte do que o Governo vem fazendo. Mas, dia após dia, usa os espaços de que dispõe para agir - com foco e determinação - contra o golpismo que se instalou na sociedade brasileira.

Seu desenho de hoje compra briga com o editorial de primeira página de dois dias atrás da própria Folha. Maria Rita Kehl e Xico Sá, para ficar em apenas dois exemplos, foram defenestrados por comportamento semelhante não faz muito tempo.

Laerte assume sua responsabilidade de mulher em tempos sombrios. É um naco do jornalismo ético que se praticava num passado nem tão remoto assim.

É um tapa na cara das dezenas de yes men (and women) que povoam as redações do segundo milênio.

15 de setembro de 2017




O estupro dentro das cadeias está proibido já há alguns anos. Tá no livro do Drauzio Varella. O risco de violência sexual é papo furado do Geddel. Tá facinho fazer piada com as fantasias eróticas do 'Suíno'. Mas não se trata disso. O que os advogados de defesa estão tramando é jogar com o senso comum, esse conhecimento mal formulado, sempre carente de atualização, construído sobre crenças, preconceitos, ideologia - e muito útil para embaralhar o jogo quando necessário. Não é outra a estratégia para a quase totalidade de factoides criados pela Direita, dia sim, dia também. Os caras são desonestos em tempo integral. 100% coerentes com o caráter de ratos que os define no mundo. Mas conhecedores do que se passa no íntimo da nação.

15 de setembro de 2019

Novidade alvissareira, o Lula está usando aliança na mão esquerda, significando que vai oficializar o casamento com a Janja, assim que deixar a prisão. O pessoal do Direito fala há bastante tempo que com a progressão da pena ele sai em fins de setembro. De certa maneira, isso confirma que toda a mobilização popular não foi suficiente para 'arrancá-lo' de Curitiba como muitos de nós desejávamos. Mas indica também que uma nova condenação por motivos políticos está nesse momento mais distante. O caso do sítio de Atibaia, história tão ou mais sem pé nem cabeça do que a do triplex do Guarujá, não vai contar com o mesmo apoio da opinião pública. A dança das cadeiras para a eleição de 2022, ao mesmo tempo, parece suficientemente dominada pelas forças golpistas. Lula é o grande elemento desestabilizador para os planos de quem planeja normalizar o atual estado de exceção. É bem provável que arranjem um jeito de cassar os direitos políticos dele. Mas prendê-lo passou a custar mais do que o necessário. Adivinhação do futuro. É tudo o que temos. O que fica é que, numa luta absolutamente desigual, as forças do campo popular mantiveram-se coesas o suficiente para ferir de morte a Lava Jato e garantir que a figura do nosso maior líder político de todos os tempos permanecesse, na medida do possível, resguardada. Não é pouco. Nova etapa, parece, está para se iniciar.

Tuesday, September 12, 2023

12 de setembro de 2014

1.

Pra fechar a tampa da noite: a atitude mistificadora adotada por Marina Silva, colocando-se acima das questões concretas do jogo eleitoral, causou uma onda nacional de indignação. É fato e dá pra constatar no cotidiano, conversando com as pessoas. Marina é muito mentirosa, é o que as ruas estão dizendo.

No lado oposto voltou a se manifestar um fenômeno de alta voltagem na história recente do país: a militância do Partido dos Trabalhadores.

A vontade militante dos petistas de se contrapôr ao messianismo sonhático tem gerado uma verdadeira compulsão de postagens nas redes sociais.

Há exageros, mas, nem de longe, o principal que se está dizendo sobre Marina e seu projeto de governo pode ser classificado como calúnia, injúria ou difamação. Esse mi mi mi de campanha está apenas potencializando a desconfiança já bastante disseminada.

É do jogo da vida pública a desconstrução dos candidatos e a tentativa de "levar para o lado pessoal" as críticas ao Programa de Governo do PSB Rede apenas confirma a percepção de que Marina pretende, realmente, se vender como a predestinada que vai solucionar a política através da abolição da política.

O eleitor brasileiro, ao contrário do que pensam alguns, tem se mostrado muito amadurecido e, nem de longe, se identifica com propostas de abolir a política.

2.

LIKE A ROLLING STONE

Caetano Veloso, que apareceu (terça) na propaganda de Marina, não tem dado sorte aos candidatos que apoia. Já pediu votos para Marcelo Freixo (2012), Fernando Gabeira (2010 e 2008) e para a própria Marina (2010). Ninguém se elegeu.

Coluna PAINEL da Folha de São Paulo

(obs.: em 89, Caetano era Brizola)

3.

O DIABO MORA NOS DETALHES

Em menos de duas semanas a coluna Painel da Folha publica dois 'causos' ligando Lula ao vício em álcool. Dia 03, quarta passada, e hoje.

O jornalista responsável toma o cuidado de partir de falas do próprio Lula, que, não é de hoje, faz graça com a 'branquinha', os conhaques e a vida de palanques. A justificativa para transformar o 'causo' em 'notícia', porém, não fica clara.

É bom pra deixar registrado que, ao contrário do que insistem Gianetti da Fonseca e Aécio Neves, a boataria infamante não parte sempre do que eles classificaram, respectivamente, como 'cracolândia' e 'submundo' da internet.

O ponto zero do disse-que-disse sobre a boa vida de playboy e o uso de cocaína de Aécio são a respeitável coluna de Monica Bergamo e uma matéria assinada no Estadão, "Pó parar, governador".

Augusto Nunes, graúdo da VEJA, é outro que adora tirar da cartola o Lula cachaceiro. Sempre como quem 'apenas' quer dar mais sabor à reportagem.

4.

FICA VENDO (título modinha)

Candidatura PSB Rede ganhou hoje dois apoios de peso: Rodrigo Constantino diz que é "hora de poupar Marina de ataques" e Merval Pereira que Aécio "perdeu a capacidade de encarnar a indignação da maioria dos eleitores, que encontraram em Marina Silva essa representante".

Com todo esse peso ainda espera não afundar?...

Submarina Silva.

5.

WITH A LITTLE HELP

O Fernando Morais postou logo cedo, mas a história é muito boa pra não recontar.

O Lauro Jardim, que é uma espécie de Monica Bergamo da VEJA 'noticiou':

"Há resultados de Marina no Nordeste que animam. Ontem, chegou às mãos da cúpula do partido uma pesquisa feita na cidade de Pedra de Fogo, no interior da Paraíba. Dilma e Marina empataram na cidade. A petista caiu cerca de vinte pontos na comparação com o último levantamento. E Marina nunca pisou nem perto da cidade".

O que o colunista não diz, mas o Morais revelou, é que Pedra de Fogo, na Paraíba, não tem nem 30 mil habitantes.

Lauro, muito além do jardim!

Monday, September 11, 2023

11 de setembro de 2019

Não sei se é porque eu sou muito treinado nas letras do Djavan, do Zé Ramalho e do Luiz Melodia, eu entendo tudo o que o Carluxo fala. Quero dizer que tudo que ele escreve tem sentido. O problema é que é tudo enrolado. Ele obriga quem lê a verdadeiras ginásticas interpretativas. Tudo que publica está submetido a um pseudo-código, um novelo de indiretas, de ataques velados, de insinuações maldosas. O drama desse rapaz é estar preso no interior de um gigantesco armário. Sim! Tudo indica que ele é viado, mas não é a isso que me refiro. Ele está confinado num armário metafísico, um mundo paranoico de onde fica mandando seus tuites de náufrago, querendo chamar a atenção, mas sem nunca poder falar francamente, de modo direto. É um cara doente, já não há porque duvidar. O pai, evidente, é a fonte de seus males. Por tudo isso mesmo, deveria estar interditado, não é correto dar poder a uma pessoa com tais características. Enquanto permanece 'empossado' só produz malefícios. Carlos Bolsonaro não é um poeta que joga com as palavras em busca de efeitos estéticos. É um homem público, pago com dinheiro público. E, ao fim e ao cabo, escreve mal pra cacete. #ForaCarluxo

11 de setembro de 2014


Quem quiser entender a movimentação de acadêmicos e representantes da indústria cultural para desqualificar as críticas a Marina Silva tachando-as de "calúnias" precisa dar uma olhada na Coluna Painel da Folha de São Paulo de segunda passada.

Lá diz:

"O comitê de Marina deve reforçar o apelo para que militantes a defendam nas redes sociais. Ontem a presidenciável se disse vítima de uma "campanha desleal" de PT e PSDB".

A coluna também informa que "pesquisas internas de petistas e tucanos, que anteciparam a estabilização de Marina na semana passada, passaram a indicar os primeiros sinais de queda da adversária".

Ou seja, diante dos gráficos descendentes das pesquisas - do final da semana passada - o comitê passou a orquestrar a "militância" em torno da ideia de "personalizar" tanto os ataques quanto a defesa. Os questionamentos dirigidos à candidata vêm sendo, desde então, sistematicamente considerados ofensas pessoais a Marina.

Não à toa, só "homens de bons nomes" vêm se manifestando.

Caetano Veloso acaba de postar seu apoio. E o que tem a dizer?

Celebrizado pelo estribilho "por que não?", o baiano repete a cantilena: Marina está sendo atacada por ser a melhor.

Se alguém perguntar por que ela é a melhor, a reposta comum a todos os aliados tem sido: porque sim. Eu gosto porque é bom e é bom porque eu gosto. Caetano não foge à orientação do comitê.

Frente Unida da Carteirada. FUC.

Coisas de frequentadores de festas imodestas.

Enquanto isso, na campanha de Marina a pergunta básica continua a ser: quem organiza o movimento? Quem orienta o Carnaval?

Quem tá indo atrás do trio elétrico a gente já sabe.

Saturday, September 09, 2023

9 de setembro de 2016

Sexta da semana que vem está sendo convocado um ato que consiste em ligar os chuveiros elétricos durante 60 minutos e provocar um colapso energético no país. Os organizadores calculam que para a ideia funcionar são necessários de 70 a 100 milhões de chuveiros ligados ao mesmo tempo. Nesse vácuo de lideranças, o pessoal de humanas assumiu a vanguarda do processo revolucionário. Agora vai!

9 de setembro de 2016

O Facebook é o paraíso dos "papos-cabeças". O papo-cabeça da semana é "Diretas Já". Papo-cabeça é o mesmo que dizer "falsa questão". Saia às ruas, ou veja as fotos, ou assista os vídeos, ou dê uma olhada nas TLs e comentários dos amigos. "Diretas Já" não unifica porra nenhuma. O que há por toda parte é um grito, um lema, um slogan: "Fora, Temer". E esse grito se avolumou assim que Dilma Rousseff terminou aquelas impressionantes 13 horas cara a cara com o pelotão de choque do Senado golpista. É o que temos. "Fora, Temer". E Dilma. O resto é a mais pura incógnita. Se pedir eleições vai aglutinar a resistência, isso ainda está para acontecer. A inteligência coletiva está se organizando. Papo-cabeça também significa tagarelice ansiosa. Aqui é zona cinzenta, brother. Como o povo LGBT gosta de dizer: acostume-se.

9 de setembro de 2015

O impeachment, nas atuais condições, e isso já é evidentemente consensual, é aberração política. A naturalidade com que a grande imprensa insiste em discutir - na verdade, propagandear - o tema só mostra o grau de aberrância que a grande imprensa atingiu.

9 de setembro de 2013



REDEFININDO O CONCEITO DE FURO DE REPORTAGEM

Fantástico exibe matéria em que investiga 20 mil Autorizações de Internação Hospitalar do SUS sob suspeita de fraude. A pergunta que fica ao final é se o sistema de checagem do Ministério funciona. O Tribunal de Contas da União, consultado, diz que não. O professor da USP também.

O próprio Fantástico, no entanto, informa que são 1 milhão de AIHs por mês, o que resulta em 60 milhões de autorizações no período investigado, de 5 anos.

20 mil AIHs num universo de 60 milhões significa um "desvio" de 0,03%. Pelo jeito não há nada de errado com a checagem e sim com os hospitais que se aproveitam das inevitáveis brechas de um sistema gigantesco para praticar delitos. Por exemplo, o Brasil não dispõe de um sistema unificado de R.G.s. Tecnicamente é possível ter dois R.G.s, de duas regiões diferentes do Brasil, assim como não há um cadastro de pessoas falecidas.

Dos quatro casos apresentados, três hospitais eram particulares e um público. Deles, um já foi obrigado a ressarcir o pagamento duplicado, um "desapareceu" (indicação de atuação fraudulenta mais sistemática) e num terceiro a reportagem apenas erra: hospitais públicos não trabalham com AIHs.

A "mulher que operou a próstata", o atestado de óbito do moço que está vivo e o casal baiano cujo marido "deu à luz", claro, contribuem para condimentar o roteiro do "show da vida" pós-Faustão de cada domingo. Como jornalismo, porém, é apenas uma peça de propaganda contra o Ministério da Saúde. Será que o candidato petista ao governo de São Paulo anda tirando o sono de alguém na Rede Globo?

Friday, September 08, 2023

8 de setembro de 2018

Em meio ao vozerio quase histérico em torno do ataque a faca sofrido pelo presidenciável Jair Bolsonaro, a única narrativa que percebo ter tomado consistência e se firmado é a da 'armação'. Não que isso informe sobre o ato em si. Antes parece consequência da imagem construída pelo próprio candidato e seus filhos-clones, a saber, a de farsantes. Da negação da política à macheza, da patente militar à Wal do Açaí, tudo no candidato tem indícios de embuste. Seus seguidores, e não são poucos, contribuem para a consolidação da fama: atuam nas redes - um lugar 'virtual' - disseminando fakes, trolls, hoaxes, entre outras mutretas. Só mesmo um enorme conluio das forças de regressão brasileiras poderá eleger alguém tão indigesto. Pois, além de gerar a desconfiança típica que o demagogo sempre gera, Bolsonaro também transmite a certeza de ser o representante mais legítimo da misoginia, do racismo, da homofobia e todo tipo de violência que o Brasil vem, a duras penas, tentando enfrentar. 80% dos eleitores não demonstram interesse pela bazófia de Jair, família e pseudo-fanáticos. As pesquisas, ao contrário, apontam que o projeto capitaneado (perdoe o trocadilho) por ele é o preferido entre os homens brancos, ricos e escolarizados. O povo, o proverbial 'povão', quer que Bolsonaro 'se lasque'. O mesmo povão que, sabiamente, elegeu Getúlio, Juscelino, Lula e Dilma, contra o desejo dos dominadores. Se depender da vontade popular, uma chapa de títeres tão reacionários, entreguistas e fisiológicos quanto Bolsonaro & Mourão não se elege. Mas o momento pelo qual estamos passando não se parece com aqueles em que se saíram vencedores Getúlio, Juscelino, Lula e Dilma (assim como Dutra, Jânio, Collor e FHC). Estamos em pleno Golpe. A frágil ordem democrática foi afrontada. E, como inúmeras vezes antes na história do país, a potência que só a coletividade é capaz de mobilizar corre o risco de soterramento pela força bruta das oligarquias nacionais. O perigo não é desprezível.

8 de setembro de 2019

DEPOIMENTO

No dia em que Dilma, consumado o Golpe, desceu a rampa do Planalto, Lula, ao seu lado, chorava copiosamente. Chorava como quem pranteasse uma perda irreversível. Quem sou eu, pensei, para acreditar que algo ainda pode ser feito, se o maior líder da História do Brasil dá sinais de que a derrota é total? Escrevi um post dizendo: 'jogo a toalha'. E me recolhi como não havia feito desde o dia 17 de julho de 2013.

Essa postura durou até a noite em que Lula se entregou à Polícia Federal e foi levado para Curitiba. Ali, a mensagem que acreditei estar sendo passada pelo ex-presidente era: - Não se enganem. O momento para cessar o enfrentamento é nunca! E retomei minha sempre modesta militância digital.

De lá para cá, quase tudo que se alterou foi para pior. Se no dia em que o Senado aprovou o impeachment o governo popular eleito 4 vezes de forma legítima estava 'cercado' e 'impossibilitado de reação', hoje temos toda a institucionalidade transpassada pela força bruta de uma extrema-direita capaz de ruborizar figuras como Piñera e Le Pen. Seria um cerco 'de dentro pra fora', se é que isso é possível.

No presente, o campo popular está alijado da disputa. A correlação de forças que era, temos agora provas, desigual, evoluiu para a distopia.

Lula chorou, talvez, de cara pro intransponível. Assumiu, depois, para si a tarefa de organizar a resistência viável. Alargar os horizontes do possível. Dimensionar o que havia, há, pode haver, ao alcance.

Nós nos configuramos, assim, e aí podemos incluir o próprio Lula, como a água mole que bate na pedra dura. Quem tem força para remover a montanha não somos nós, muito menos a nossa vontade, menos ainda nossa fé.

Tal como aconteceu com o fim da Ditadura de 1964, as alterações mais imediatas (e elas virão, não há dúvida) serão decididas pelos altos escalões. Num grande acordo nacional.

Lula, o mestre das frestas e das oportunidades e, mais que tudo, um sobrevivente num dos países mais desiguais do Planeta Terra, ensina que a vida é luta. Que a força bruta, principalmente a do dinheiro, capaz de comprar vastos contingentes, cria a ilusão de potência. Mas não é, de verdade, potência. Potência só se consegue aglutinando gente. Dividindo o poder com elas. E de gente esse bando de velhos abrutalhados não entende nada. Dividir, então!... Nem têm na calculadora!

Deixo ao fim desse depoimento, três Rosas:

'A vida é feita de poucas certezas e muitos dar-se um jeito'.

'Quem mói no asp'ro, não fantaseia'.

'Quem elegeu a busca, não pode recusar a travessia'.

8 de setembro de 2022



CAMADAS GEOLÓGICAS

Broxonauro mostrou ontem que ainda tem capacidade de mobilizar suas hordas pré-históricas.

Apesar disso, é nítido que ele está em desvantagem: as bancadas que o sustentam, estão ocupadas disputando as eleições.

Lira e Pacheco, por exemplo, não deram as caras no desfile. Sair na foto com o 'presida' está tirando voto, ao contrário do que acontecia em 2018.

Se não ganharmos no primeiro turno, às hordas do eixo Paulista - Copacabana juntar-se-ão todos os bandalhos eleitos e não eleitos que, pela lógica, não tendo mais o que ganhar ou perder, vão partir pro tudo ou nada.

Segundo a Agência Senado, um total de 28.274 candidatos concorrem às eleições gerais deste ano. Cada um deles, estando na direita ou na esquerda, chegará ao dia 03 de outubro em dívida. Apoios, patrocínios, alianças, financiamentos, tudo gera compromissos para o segundo turno, se houver.

Estamos a meia dúzia de pontos de decidir a eleição já no mês que vem. A legalidade agora está a favor. As 'candidaturas' são, por definição, frágeis, os 'candidatos' têm que andar na linha, porque todos os telhados de vidro estão na mira.

Se formos para a disputa em segundo turno, as 'forças' díspares serão atraídas por um dos dois polos, mas o lado direito tem a máquina pública e as bancadas, ou seja, sobra dinheiro e falta escrúpulo.

A campanha, nas próximas três semanas, entra em sua fase decisiva. A hora de virar votos é agora, que o vento sopra a nosso favor.

Mandar esse fóssil pra casa-do-caralho, na esquina com o quinto-dos-infernos, é a coisa mais urgente para o país. Não há qualquer motivo para postergar nossa ação.

Thursday, September 07, 2023

7 de setembro de 2019


The Beatles, banda inglesa de Metal Dialético, em foto de sua temporada em Hamburgo, com a formação de quinteto. John, George e Paul nas guitarras, Theodor na bateria e Stuart Mills no contrabaixo.

Theodor, como foi revelado por pesquisadores residentes num coffee shop de Amsterdam, é o compositor dos grandes sucessos do grupo. Paul, George e John apenas assinaram as versões em inglês.

Ouça nos links Sie Liebt Dich e Komm Gib Mir Deine Hand, com as letras originais assinadas pela dupla Adorno & Rockheimer.

Dizem que se as faixas forem tocadas de trás pra frente, é possível ouvir 'Olavo de Carvalho é um grande filho-da-puta'.


Sie Liebt Dich (Adorno & Rockheimer)

Komm Gib Mir Deine Hand (Adorno & Rockheimer)

Saturday, September 02, 2023

2 de setembro de 2013

O debate sobre o Fora do Eixo vai entrar pra história como a maior conversa de surdos que o país já assistiu.

2 de setembro de 2014

FUTURO NA BOLSA

Marina desafiou os repórteres do debate a fazerem um levantamento sobre quanto ganham FHC e Lula dando palestras.

Dando aquele Google básico aparece (em números de 2013) que: quando a palestra é fora do Brasil, FHC cobra 150.000,00 e Lula 300.000,00. Lula não faz muito desconto pra contratante brasileiro, não. 250.000,00.

Para alcançar os 1.600.000,00 de Marina, FHC teria que fazer mais de 10 palestras internacionais. Lula umas cinco. O Google informa que o outrora metalúrgico, de 2010 a 2013, cruzou a fronteira cerca de 40 vezes. 4 milhões por ano, em média, e três vezes mais que a criadora da Rede Sustentabilidade.

Só não esqueçamos que FHC conquistou esse valor de mercado pós Plano Real e dois mandatos alinhados com a fina flor da globalização dos anos 90.

Lula, além dos dois mandatos, do histórico de líder popular e de ser "o cara" na opinião do Obama, tem carisma pop.

Marina, pra quem ainda não passou de ex-ministra e ex-senadora está pra lá de bem cotada. Ou já está cobrando bem, ou anda com a agenda cheia.

Todo mundo sabe como se monta uma boa agenda: contatos.

Pelo grupo que dá as ordens em sua campanha, o que não falta a Marina é capacidade de fazer amizade com gente influente.

2 de setembro de 2016

Acompanhando atentamente as postagens, compartilhamentos e comentários das TLs de um montão de gente, próximas ou distantes, calculo que, pelo menos um quarto do que leio são:

01) perguntas endereçadas genericamente aos coxinhas. "Vocês não sentem vergonha" de terem sido "massa de manobra?" é o questionamento padrão, sujeito a variações mais ou menos detalhadas.

02) expressões de espanto diante das mudanças na economia anunciadas pelo desgoverno usurpador. "Vai ter arrocho". "Vai ter desemprego", por exemplo.

Quanto ao arrocho e ao desemprego: esta é A receita da Direita para a economia. Não há Meirelles na Fazenda sem arrocho e desemprego. Como não havia Levy. O diferencial era a Dilma. Sem ela a ortodoxia econômica vai correr sem freio. Não se trata de incoerência. Os caras controlam a economia tirando dinheiro de circulação para obrigar todo mundo a gastar menos. Ou seja, pauperizando. Não é loucura. É método.

Quanto aos coxinhas. Pressupor que eles foram enganados é dar um voto de confiança pro caráter de muita gente que "na hora do vamos ver", provou que não é nem um pouco confiável. A hora do vamos ver já foi. Quem não percebeu ainda, talvez esteja precisando pensar quem é que está se deixando enganar.

Resumo: tudo está dentro da mais perfeita normalidade. Isso é luta de classes. A gente é que fica botando o foco na "classe" quando deveria botar foco na "luta".

2 de setembro de 2019



Desde o filme do Bambi a gente sabe que incêndios na floresta fogem do controle.

Foi o que aconteceu com o Dia do Fogo idealizado e levado a termo pela turma do Bozo. Por ironia do destino, quiçá pela mão invisível de Deus, uma gigantesca nuvem se formou sobre São Paulo e revelou a presença do resíduo das queimadas sendo levado pelo vento e se espalhando por todo o Cone Sul.

Sem esse golpe de sorte, talvez a pesquisa do Datafolha não apresentasse hoje os mesmos resultados.

Entre ótimo, bom e regular, Bolsonaro tem agora 59%. As entrevistas foram feitas nos dias 29 e 30 de agosto com 2.878 pessoas.

Em pesquisa anterior, realizada pela empresa FSB para a revista Veja nos dias 16, 17 e 18 de agosto de 2019, considerando-se as alternativas ótimo, bom e regular, os números chegavam a 66%. A FSB falou com 2.000 eleitores.

Separando os dois momentos, o planeta inteiro viu a Amazônia arder.

Na pesquisa que a Veja encomendou, os 'ruim/péssimo' no meio de agosto somavam 35%. Para o Datafolha, em julho, no levantamento imediatamente anterior do instituto, eram 33%. Hoje são 38%.

Não seria uma estatística lá tão exuberante, não fosse o prazo de 8 meses entre a posse e o presente estado de coisas. Trata-se de uma popularidade em franco derretimento. Bolsonaro insiste em ser o microondas de si próprio. Ateia fogo às vestes. É o tamanduá cego de seu próprio fogo na mata.

Duas coisas, no entanto, permanecem inabaladas, feito o torii de Nagasaki. O núcleo duro do eleitorado de direita e extrema-direita (20% para a FSB, 29% para o Datafolha) e o apoio dos donos do dinheiro.

Para todos os efeitos, continua valendo a cândida avaliação do CEO do Itaú, lucro líquido contábil de R$ 6, 815 bilhões no segundo trimestre de 2019: "Reformas deixam Brasil em situação boa como nunca vi".

Por fim, resta olhar para o Bozo, ele próprio, e seu entorno, ou melhor, sua entourage.

Todos seguem levando a vida como quem desce a serra de Santos de madrugada num carrinho de rolimã.

Diante disso, os mesmos milionários que não dizem 'a' tampouco movem uma palha para conter o festival cotidiano de bizarrices. Voltando às palavras de mister Bracher, o circo de horrores montado no Planalto, se não causa, tampouco ajuda na 'turbulência' que o país atravessa.

Lembra a piada: 'esse presidente não tem um amigo sequer pra dar um toque?'.

Chega a ser possível desconfiar que os inventores do 'Bolsonaro presidente' escolheram como método para se livrar dele deixar a criatura cada vez mais à vontade.

Uma espécie de mula-sem-cabeça que morrerá de exaustão, de tanto correr noite adentro.

Selva!