Saturday, February 27, 2010

Gotham City
Fran Papaterra

Por mais de um motivo eu vivo em Gotham City
Lá tudo é possível, baby, acredite
É lá que eu costumo estar
Com status de super star
Não me subestime
Na luta contra o crime
Sou do time titular

Parece que a vida é um vídeo clipe kitsch
Pingüins e coringas vivem em Gotham City
Onde a mulher gato está
Que gata espetacular
Coincidentemente
Sempre ou quase sempre
Rente ao meu calcanhar

Ah, mulher gato você me maltrata
Ah, seu felino cruel!
Ah, meu destino, que coisa mais chata...
Viver atendendo aos apelos escritos no céu


Amor cego que me entorpece
Por ser mamífero de outra espécie,
Um animal ridículo que mama e que voa
Por eu ser morcego e ela mulher à toa:
Uma mulher-bandido.
Ai, amor insensato!
Eu, minha libido e a mulher gato.


Eu quero fugir de vez de Gotham City
Tô cheio daqui, paciência tem limite
Cansei de me fantasiar
Deu pane no meu radar
Vou mudar de emprego
Ser homem e ser morcego
Fez meu ego endoidar

Ah, mulher gato, foge comigo
Eu juro que vai ser tão bom
Eu quero um futuro sem nada de ambíguo
Onde eu possa dormir escutando seu doce ronrom.

Ah, mulher gato, foge comigo!
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Thursday, February 25, 2010







Dat Dere (Oscar Brown, Jr. & Bobby Timmons)

Hey, daddy, what's that there?
And what's that doing there?
Hey, daddy, up here! Daddy, hey look at that over there!
And what's that doing there?
And where're they going there?
And, daddy, can I have that big elephant over there?

Who's that in my chair?
And what's he doing there?
Daddy, up here! Daddy, can I go over there?
Hey, daddy, what is square?
And where do we get air?
And, daddy, can I have that big elephant over there?

Quizzical kid!
She doesn't want anything here
Just forever to manage to know who what why or where!
Inquisitive child!
Sometimes the questions get wild!
Like "daddy, can I have that big elephant over there"?

Don't wanna comb my hair
And where's my teddy bear?
And daddy, hey, look at the cowboy coming there!
And can I have a pair
Of boots like that to wear?
And, daddy, can I have that big elephant over there?

Time will march
Days will go
And little baby's going to grow
I gotta tell her what she needs to know
I'll help her along
And she'll be strong
And she'll know right from wrong

As life's parade goes marching by
She's gonna need to know some reasons why
I don't have all the answers
But I'll try to do what I can
We'll make a plan

You give the kid your best
And hope she'll pass the test
And finally send her out into the world somewhere
And though she's grown up I bet I never will forget
Daddy, can I have that big elephant over there?

Hey, why they do that there?
And how you put that there?
Hey, daddy, up here! Hey daddy, what that say up there?
Hey, daddy, what is fair?
How come I have to share?
And, daddy, can I have that big elephant over there?
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Tuesday, February 23, 2010


Prefeito tem de ser pescado, não cassado!
José Simão
-

Sunday, February 21, 2010

 

http://anamariabahiana.blog.uol.com.br

Imagem da revista Time, documentando um protesto de palestinos contra o muro que Israel está construindo na Faixa de Gaza.
a

Antibiografia

Maria Rita Kehl

Não, Antonio Prata, não é questão de arrependimento pelo que não fiz. As experiências perdidas constituem uma rede de lembranças legítimas. Pode até ser que o vivido mesmo, pão pão, queijo queijo, ocupe uma parte bem reduzida de nossas memórias. Penso que existe um acervo de saudades lotado de imagens do que se viveu só através de relatos alheios, da literatura e da imaginação. É possível ter saudades, por exemplo, da infância da sua avó, se ela te contou episódios com graça, imaginação e alguma nostalgia. Algumas cenas contadas por ela passam a te pertencer também.

As saudades do que eu queria ter feito e não fiz se constroem de trás pra frente. É depois, só depois, que você se dá conta de que prestou atenção ao que acontecia à sua direita e não percebeu algo muito mais interessante que se passava à esquerda. Ou vice-versa. Claro, existem também as escolhas. Nesse caso, penso que se eu quisesse mesmo, mesmo, fazer x em vez de y, teria feito. Essa coleção de vacilos escreve uma história. No horizonte virtual das possibilidades que foram deixadas pra trás deve haver um duplo meu, vivendo a vida que foi dos outros.

Não morei fora do Brasil, como tantos companheiros de geração. Nem com bolsa de estudos, nem lavando pratos on the road. Ficou na memória o aceno de Paris no postal mandado pela amiga que saiu da nossa moradia comunitária para estudar lá. Por alguma razão sentimental, achava interessantíssima a vida que tinha aqui, apesar do sufoco militar. Também não estive presa. Não lamento, é óbvio, mas tiro o chapéu para os que levaram a luta a tal extremo. Minha modesta militância contra a ditadura não foi considerada perigosa. Mas para mim, foi formadora: um terço, digamos, do que aprendi de importante nesta vida devo ao convívio com os colegas jornalistas e editores dos tabloides em que trabalhei.

Não fui mochileira exemplar, apesar de ter feito a peregrinação obrigatória pelas praias (em média, decepcionantes) do Nordeste. Mas não me encorajei a conhecer Machu Picchu, por exemplo, no tempo em que era obrigatória a viagem no teto do trem da morte lotado, com direito a dor de barriga por beber água de torneira.

Tinha uma vaga noção da importância do que acontecia muito perto de mim. O acaso decidiu o que vi e o que não vi, o que aproveitei e o que perdi. Não vi o show Opinião, de meu amigo 30 anos mais tarde Augusto Boal. Será que não? Então por que não me esqueço de Carcará, cantado por Maria Bethânia, desafiadora, com seu corpo de menino? Nem de Zé Keti - "podem me prender, podem me bater..."? E se também perdi Arena Conta Zumbi, como posso contar, digo, cantar, até hoje, o espetáculo quase todo? Quase me esqueço de que passei várias férias no Rio sem saber que existia o Zicartola. Esse não existe mais nem pra remédio. Mas sei tudo de Cartola, de cor. Perdi Pobre Menina Rica do Vinícius de Morais, e ouvi o disco até gastar. De Morte e Vida Severina, unanimidade nos anos 60, decorei todos os trechos do poema musicados pelo Chico Buarque.

Não recebi o impacto dos primeiros filmes de Glauber Rocha, nem do Godard dos anos 60. Mas não me entrego não - em matéria de filmes e livros, tudo se recupera. Viva os livros e filmes que não li nem vi. Por conta deles estou salva do tédio, até morrer.

A lista das coisas perdidas não tem fim. Só as canções eu não deixei passar. As canções me salvaram de ficar fora do mundo. Estavam todas no ar, trazidas pelo vento diretamente para minha memória musical. Respirei as canções, sonhei canções, entendi o Brasil desde o primeiro samba, porque existem as canções. Vivi sempre a condição dessa cidadania dupla, uma vida no chão, outra no plano das canções que recobrem o mundo ou, pelo menos, o país em que nasci. As canções ampliaram o meu tempo, transcenderam o presente e, numa gambiarra genial, juntaram um monte de pontas soltas desde antes de eu nascer até.

As canções: já que não virei cantora - opa: eis aí um arrependimento sincero! -, espero quem sabe um dia escrever alguma coisa à altura delas.
a

Wednesday, February 17, 2010

Na linha certa
editoriais@uol.com.br

É consensual a avaliação de que a atual matriz de transportes brasileira precisa ser transformada se o país quiser manter elevadas taxas de crescimento nos próximos anos.

Cerca de 60% das necessidades de circulação de cargas do país são atendidas por rodovias, modalidade cujo custo é consideravelmente superior ao do transporte ferroviário e hidroviário.

A distorção cobra um preço elevado, já que o peso excessivo dos transportes na estrutura de custos das empresas as coloca em sensível desvantagem diante das concorrentes estrangeiras.

Nesse sentido, é positiva, ainda que tardia, a intenção do governo de rever elementos do atual modelo de concessão de ferrovias, conforme anúncio recente.

Por várias razões, o formato hoje vigente, que remonta à privatização da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), em 1996, não é compatível com o objetivo de ampliar o espaço das ferrovias na matriz de transportes.

A operação do serviço se dá sob custos elevados, seja pelos altos preços praticados pelas concessionárias, seja porque a livre circulação de trens em toda a malha, apesar de formalmente prevista, ocorre na prática de forma tímida, o que acaba por reduzir o potencial de circulação.

Mais crítico, contudo, é o fato de que o atual modelo padece de falta de clareza quanto à responsabilidade pela realização de investimentos na malha ferroviária. As concessionárias concentram seus esforços na manutenção dos trechos mais rentáveis, e estima-se que mais de 60% dos 30 mil quilômetros em regime de concessão não sejam efetivamente explorados.

O modelo em estudo aponta para a separação entre as atividades de operação do transporte ferroviário e de investimento na malha, que terá necessariamente que incluir recursos públicos no caso de determinados trechos. Ao que parece, será mais adequado às necessidades do país.


Sunday, February 14, 2010



abowman.com



Cultura do crioulo doido

Dois estudos discutem as relações entre literatura e gêneros musicais como tango e samba

LIVIO TRAGTENBERG - ESPECIAL PARA A FOLHA

Por quais motivos a malandragem permanece como um traço distintivo de nossa cultura?", pergunta Giovanna Dealtry, autora de No Fio da Navalha - Visões da Malandragem na Literatura e no Samba.

Em seu estudo, ela descortina fatos e personagens da cultura brasileira e, mais especificamente, do Rio de Janeiro do início do século 20, como se fosse uma mascarada, vista como um jogo de esconde-esconde social.

Mostra como o samba, de símbolo de malandragem - negativo -, se torna um de nossos "símbolos nacionais".

Ao buscar a genealogia do compositor de samba carioca, o livro nos faz mergulhar na própria construção de suas estratégias de identidade mutante, em que ser "malandro" é uma ferramenta de sobrevivência.

Eram compositores que não queriam ser confundidos com malandros ligados à marginalidade, que queriam reconhecimento e espaço social, mas que ao mesmo tempo se serviam de uma certa mitologia desse universo como distintivo de promoção social.

O negro e a cidade

A famosa polêmica entre Noel Rosa e Wilson Batista é um dos exemplos aparentes desse processo de tensão no estabelecimento do espaço social do sambista.

O compositor que passava a ganhar a vida com o samba, e que tinha em Sinhô um de seus exemplos mais conhecidos, transitava entre dois mundos na sociedade carioca, modulando sua atuação segundo a situação. Isso possibilitou que atravessasse fendas de classe, estabelecendo novas pontes e possibilidades.

Em No Fio da Navalha fica claro como o índio, símbolo de preguiça e desajuste ao mundo civilizado, à época vai sendo afastado do imaginário de um Brasil positivista. Já em 1888, havia a "proibição das fantasias de índios durante o Carnaval da belle époque".

O Estado precisava transformar o negro liberto em operário padrão. Nesse contexto, uma série de perseguições contra a sua cultura se operou, como a proibição da prática da capoeira. Giovanna Dealtry nos faz percorrer os meandros desse processo de transformação e assimilação do negro no contexto da cidade.

Estudando a literatura carioca do maldito Antonio Fraga em Desabrigo, de cujas personagens as gírias "espelham os sambistas da Cidade Nova", e recorrendo a Luiz Edmundo e João do Rio, cronistas essenciais do Rio de Janeiro dos "tempos dos vice-reis" e do início do século 20, tem-se uma dimensão retrospectiva das negociações sociais que se operaram e que hoje ocorrem, só que na ponta do fuzil.

Com fluidez e sem afetação acadêmica, No Fio da Navalha acompanha, em paralelo, as dimensões mais mundanas do universo do Rio de Janeiro, ao lado de uma reflexão mais profunda num âmbito socioantropológico.


Modernidade primitiva

Modernidades Primitivas - Tango, Samba e Nação, da argentina Florencia Garramuño, busca, por meio do estudo do tango e do samba, investigar o "paradoxo de modernidade primitiva" e os sentidos culturais que dele emergem.

Sentidos culturais cambiantes na formação dos conceitos fundadores do que se compõe uma identidade nacional levam a autora a tecer paralelos entre a trajetória do tango na Argentina e a do samba por aqui.

Trata também de suas relações com a literatura de vanguarda do início do século 20. À raiz negra, ora exaltada (por Jorge Luis Borges, por exemplo) e ora contestada, num processo de aburguesamento e domesticação do tango - à maneira do samba -, "acompanham e registram, como fiéis termômetros, a civilização e a modernização das culturas argentina e brasileira", segundo Garramuño.

Discussões similares sobre a genealogia dos estilos, entre outras, mostram trajetórias próximas no período do estabelecimento do tango e do samba em suas respectivas culturas urbanas.

O maior mérito do livro e sua originalidade é apresentar os elementos culturais e as negociações sociais envolvidas sem perder de vista especificidades, buscando uma verdade totalizadora e teórica.

Tecidos sociais

Se muitos elementos os aproximam, como suas origens, há outros tantos que os distinguem. Tangueiros e sambistas transitavam entre os tecidos sociais, e nesse trânsito traficavam símbolos, gírias, hábitos e comportamentos próprios.

Seguindo a máxima do Velho Guerreiro, Chacrinha, não vinham para explicar, mas "para confundir".

Livio Tragtenberg é compositor e criador da Orquestra de Músicos das Ruas de São Paulo.

NO FIO DA NAVALHA - VISÕES DA MALANDRAGEM NA LITERATURA E NO SAMBA
Autor: Giovanna Dealtry - Editora: Casa da Palavra

MODERNIDADES PRIMITIVAS - TANGO, SAMBA E NAÇÃO
Autor: Florencia Garramuño - Tradução: Rômulo Monte Alto - Editora: UFMG

Assisto a séries, logo existo

Filósofo vai de Aristóteles a Descartes para analisar personagens como o doutor House e Jack Bauer, símbolos dos valores contemporâneos

ANA PAULA SOUSA - Folha de São Paulo

Professor de filosofia do que seria, na França, o ensino médio, Thibaut de Saint Maurice percebeu, numa tarde cinzenta de inverno, que as explicações sobre o "raciocínio experimental" eram incapazes de alterar, minimamente que fosse, o olhar de seus alunos. Estavam todos alheios ao que dizia. Foi então que, tal e qual reviravolta num roteiro, ele lembrou-se do doutor House, o médico que dá nome a uma das séries mais vistas no mundo.

"Ao escrever no quadro-negro, para ninguém, lembrei do House tentando explicar aos colegas, no hospital, a pertinência de suas hipóteses", diz. "Perguntei aos alunos se conheciam o House. Até os que olhavam pela janela se voltaram para mim. Começamos a falar sobre a descoberta dos diagnósticos pelo personagem e, então, toda aquela história de "diálogo entre razão e experimento" ganhou sentido." Nascia assim Philosophie en Séries ("Filosofia em Séries"), publicado na França, sem tradução no Brasil. Se são muitos os subprodutos que as séries procriam, poucos são os que se mostram tão inventivos e, digamos, filosóficos.

"A riqueza das séries é inexplorada", diz o autor, em entrevista à Folha. "Todas juntas, são um formidável espelho da vida contemporânea e constituem um grande reservatório de experiências e de situações com as quais muita gente se identifica." Por isso, sentado em frente à TV, Maurice resolveu filosofar e, de posse de um livro de Kant, acabou por pensar em Jack Bauer, "antikantiano" por excelência.

O autor está convicto de que séries como Nip/Tuck, A Sete Palmos e Dexter, diversão à parte, giram em torno de questionamentos sobre os valores sociais e a maneira de se ver o mundo. A obsessão estética, a morte e o senso de justiça numa sociedade que se sente refém da violência são, na visão de Maurice, o estofo desses programas.

Jack Bauer, por sua vez, seria o típico herói pós-moderno. "Seu heroísmo não repousa sobre uma virtude essencial, uma fé religiosa ou sobre valores universais. Seu heroísmo é o da eficácia. Sua moral é a utilitarista. A violência que ele pratica é vista como um preço a ser pago em nome da eficácia."

Já House encarnaria a figura moderna de um Sócrates obcecado pela busca pela verdade. "O sucesso da figura de House é extremamente revelador de uma sociedade que não se importa mais com a verdade", diz, dialético.

Conciliação cultural

O que empurrou Maurice para o projeto foi o desejo de reconciliar cultura de massa e cultura acadêmica. Ele, que tem 30 anos e cresceu assistindo a Buffy, Arquivo-X e Oz, está convicto de que, por meio da cultura de massa, também é possível valorizar o que os grandes pensadores um dia disseram. "Quando se fala em cultura geral, se pensa na cultura clássica: a cultura do passado é transmitida pela escola enquanto a cultura de massa é tratada como mero entretenimento.

Mas isso, simplesmente, não corresponde à maneira como as pessoas vivenciam sua prática cultural. Ver TV não exclui a leitura de livros."

Maurice defende, ao contrário, que pelo fato de estarem no dia a dia de espectadores do mundo todo, as séries podem, se esmiuçadas, mostrar o quanto a filosofia clássica tem a dizer sobre a contemporaneidade. E por que as séries e não o cinema? "Se eu tivesse sido professor nos anos 50, certamente o cinema é que teria chamado a minha atenção, ou mesmo o rock'n'roll. Mas, hoje, o vigor criativo está nas séries."

Maurice confessa, na entrevista, que dentre os 11 programas que analisa, os prediletos são 24 Horas e A Sete Palmos. O primeiro, porque tem uma ação vigorosa e toca, de maneira explícita, nas questões da filosofia moral. O segundo, pela capacidade de falar sobre o lugar que a morte ocupa na vida de cada um.

O filósofo irrita-se, porém, com CSI, que, a seu ver, coloca os procedimentos científicos a serviço do fantasma da segurança e da resolução de crimes. "Me parece um tratamento complicado, pouco cuidadoso, da ciência, um dos bens mais preciosos da humanidade."

E, no seu caso, é possível falar de séries sem desrespeitar a complexidade de certas teorias? "Você faria a mesma pergunta se eu usasse a filosofia para falar sobre pintura?", pergunta, num momento-House. Ou seria Sócrates?

PHILOSOPHIE EN SÉRIES
Autor: Thibaut de Saint Maurice
Editora: Ellipses (176 págs.; importado)
Quanto: 11,88 (cerca de R$ 30 mais taxas em www.amazon.fr)

Saturday, February 13, 2010

Sobre o colaboracionismo francês, drama dos refugiados judeus e Lisboa como rota de fuga

1941. Uma bola de fogo transpõe o horizonte do passado. Preparar o futuro significa organizar o pessimismo. A espera se torna interminável. A procissão do desespero dos refugiados vai se espalhando pelas ruas de Lisboa, onde a Europa vomita o conteúdo de seu estômago envenenado. Hannah Arendt e Heinrich Blücher ladeiam Alfred Koestler. Só o pensamento do milagre os mantém de pé.

Laure Adler - Pária - Nos Passos de Hannah Arendt

Friday, February 12, 2010

06/07/2009
Uma banana para esta lei

A partir de setembro, quem vender banana por penca, dúzia ou baciada no Estado de São Paulo pode pagar multa de até R$ 6.340,00. Uma lei aprovada pela Assembleia Legislativa paulista tornou obrigatória a venda de banana por peso.

Segundo o deputado autor da "Lei da Banana", a mudança é para proteger os pequenos produtores, que sempre saíram perdendo pela falta de medidas padronizadas na comercialização do produto. Como cada penca ou bacia tem um tamanho, são os intermediários que acabam ficando com a maior parte do lucro.

De quebra, estão dizendo que as frutas vão chegar menos amassadas na mesa dos consumidores. Atualmente, diz o autor da lei, os comerciantes costumam empilhar a maior quantidade de bananas possível, já que pagam o produto por caixa.

É duro ver que, mesmo com tantos problemas, os deputados prefiram discutir como se deve comprar banana.

Será que alguém imagina o governo fiscalizando as balanças na feira ou na venda da esquina para ver se estão cumprindo a lei? Pois é isso que irá acontecer. Pior, quem garante que os intermediários não irão repassar perdas para os consumidores, aumentando os preços? O governo tem mais o que fazer do que dar pitaco em como a fruta é vendida. Uma banana para esta lei.

a

Emputecido.com.br

O gigantesco vacilo (ou seria melhor dizer DESRESPEITO?) cometido pelo canal AXN na estreia da 6ª temporada de LOST no Brasil

LiGado em Série, com Bruno Carvalho - o blog de séries e TV do iG! 09/02/2010 - 21:19

AXN Estreia LOST com Legendas de Portugal e Erros

De que adianta, AXN? De que adianta anunciar por meses com toda pompa do mundo que vai estrear a 6ª e última temporada de LOST com apenas uma semana de diferença com os EUA se vocês não têm o MÍNIMO de respeito com o telespectador que confiou na proposta do canal? Poxa, aqui é Brasil. B-R-A-S-I-L! Tenho certeza que milhares de espectadores se surpreenderam com as legendas EM PORTUGÊS DE PORTUGAL exibidas no primeiro bloco de “Perdidos“. Uma falha como estas, mesmo que tenha sido normalizada a partir do 2º bloco, mostra o quanto a nossa TV PAGA é tecnicamente despreparada. Isso fora os erros (”aeromoça” virou “pilota”; “lugar” virou “sítio”; “banheiro” virou “casa de banho” e por aí vai), a sincronia precária, palavras cortadas, o baixíssimo tempo de permanência em tela (menos de um segundo por texto), a qualidade SD, o irritante excesso de comerciais (por que pagamos, hein?), cenas CORTADAS e tudo mais. É muito, mas muito complicado ser consumidor no Brasil, mesmo com uma legislação protetiva (sic) e abrangente. Estamos à mercê dos prestadores de serviços. Vocês tiveram UMA SEMANA inteira pra colocar uma tradução decente no ar! Sabe em quanto tempo os anônimos legenders de internet, que canais e distribuidoras tanto condenam e perseguem, fazem? Em pouquíssimas horas! HORAS! Está explicado porque vivem querendo fechar sites de legendas através de organizações como ADEPI e APCA: porque os canais estão a anos luz de atingirem a qualidade, agilidade e eficiência destes. Enfim, pra quem vai literalmente se aventurar em assistir LOST pela TV PAGA, aqui os meus comentários de “6×01, 6×02: LA X”. Mais tarde falaremos de “6×03: What Kate Does”. Ah, e se você vai continuar assistindo pelo AXN e espera que na semana que vem vão passar o episódio 6×03, ESQUEÇA! O tal intervalo de uma semana virou DUAS porque na próxima eles vão reprisar este! Ou seja, novo inédito na TV PAGA somente dia 23/02!

Enviamos e-mail à assessoria do canal AXN solicitando um posicionamento acerca dos erros. Até o momento não recebemos nenhuma declaração.

Bruno Carvalho é comentarista de TV, tradutor, advogado e fã incondicional de séries desde que foi fisgado por Friends em 1994. Hoje assistir aos melhores dramas e comédias da TV tornou-se um compromisso sério e diário.

Tuesday, February 09, 2010

A vida de Brian

INVENTOR DA MÚSICA AMBIENTE, ENO, 61, LEMBRA QUE AS IDAS À IGREJA NA INFÂNCIA FORAM ESSENCIAIS EM SUA FORMAÇÃO, DIZ QUE O VINIL FOI UMA ANOMALIA E DEFENDE A FUSÃO ENTRE O POP E O EXPERIMENTAL

PAUL MORLEY
[Tradução de Paulo Migliacci]

Quando o Pitchfork, um influente site de música, preparou uma lista dos cem álbuns mais importantes dos anos 1970 - década que algumas outras listas definem como a mais importante para o rock - , Brian Eno, o modestamente imodesto, o mais musical dos não músicos, estava envolvido em pelo menos um quarto deles, entre os quais o primeiro colocado, Low, no qual colaborou com David Bowie, em sua fase nômade pós-Fame, e com o produtor Tony Visconti.

Solitário, intelectualmente móvel, criador de tendências, amante de sistemas, rebelde obstinado, profeta tecnológico, fã de tudo o que seja surpreendente - de John Cage, Little Richard e Duchamp a Mondrian e o sintetizador Moog -, Eno se manteve ocupado comandando a reformulação da música pop nos anos 70.

Ele tomou por base o que Velvet Underground, Can, Steve Reich e The Who haviam realizado e multiplicou tudo isso. Eno criou uma atmosfera e ajudou a determinar a história da música eletrônica, entre os anos vanguardistas da década de 1950 e o pop do século 21.

Ele demonstrou - como parte abstrata da primeira e surrealista formação do Roxy Music, da trilogia berlinense de Bowie (Low, Heroes, Lodger), dos irrequietos Talking Heads de Nova York e como colaborador flutuante de Nico, John Cale, Robert Wyatt, Robert Fripp, Kevin Ayers, Jon Hassell e Harold Budd; como severo mentor futurista do Devo e do Ultravox; e como cuidadoso descobridor da música sem pulso, sem letras, sem acontecimentos e sem tempo que ele definiu carinhosamente como "ambient" - que a música pop era o lugar para o tipo de artista que desejava ser.

Em 1981, criou o influente som de My Life in the Bush of Ghosts, com David Byrne - a prestigiosa culminação de seus trabalhos solo e coletivos nos anos 70, uma combinação gravada em estúdio que misturava espaço interior, outros planetas, sons encontrados ao acaso, memórias gravadas, textos recortados e ritmos roubados.

Em seguida, veio o U2 e, mais recentemente, mais um quarteto de rock dotado de ilusões de esplendor, o Coldplay. Eno produziu seu mais recente álbum multimilionário [Viva la Vida]; aos 61 anos, está agora concluindo seu trabalho no disco novo da banda.

Fantasma brincalhão oriundo do mundo do glam rock e da pop art, Eno ganhou notoriedade inicialmente como parte do teatro do Roxy Music. Mas hoje prefere operar nos bastidores, e é mais provável vê-lo como curador de um festival de arte ou dando uma palestra sobre algo relacionado a beleza, prazer, ateísmo, perfume ou desarmamento nuclear do que presente em qualquer coisa que se relacione ao rock ou à música pop.

Muita coisa mudou, naturalmente, desde o volátil, perfeccionista e sublime Eno de For Your Pleasure [com o Roxy Music], Here Come The Warm Jets, Discreet Music [carreira solo], Heroes [de Bowie] e Once in a Lifetime [canção do Talking Heads].

Quando você se reúne com ele, é normal encontrá-lo concluindo uma conversa sobre, por exemplo, o funcionamento do cérebro ou como a tecnologia altera o modo como nossos cérebros trabalham.

E, na hora de deixá-lo, chega mais alguém para uma conversa que pode girar em torno da distinção cada vez menos clara entre arte e ciência. Leia abaixo trechos da entrevista de Eno.

Catolicismo

Se você cresce com uma religião forte como o catolicismo, certamente cultiva certo apego pela intensidade das ideias, quer a favor, quer contra elas.

Você jamais se esquece do processo mental por que passou. Isso se torna parte de seu quadro intelectual mais amplo.

Música na igreja

Se você refletir sobre a metade final dos anos 1950, quando tudo isso começou a acontecer para mim, a experiência de ouvir sons era muito diferente da atual. O estéreo não existia.

Se você ouvia música fora da igreja, exceto música ao vivo, o que era muito raro, os alto-falantes eram minúsculos. A experiência era agradável, mas muito pequena.

Assim, ir à igreja, um espaço especialmente projetado, repleto de ecos, encontrar um órgão, o órgão que meu avô construiu para a igreja que frequentávamos, e subitamente ouvir a música e o canto... Isso era uma experiência maravilhosa.

Era como ouvir o disco de alguém em um radinho de pilha e depois assistir a um show da mesma pessoa em um estádio de 60 mil lugares. Imenso, em termos comparativos.

Isso teve forte relação com meus sentimentos sobre som e espaço, um tema que se tornou muito importante para mim.

Como o espaço influencia o som, qual é a diferença entre ouvir alguma coisa nesta sala e depois na outra sala? Seria possível imaginar outras salas em que se pode ouvir música?

Isso também afetou a maneira como me sentia com relação à música como experiência comunitária, no sentido de que a música de que mais gosto, o canto em igreja, era realizada não por profissionais, mas sim por pessoas sem treinamento, apenas um grupo de pessoas comuns que eu via trabalhando durante o resto da semana na padaria ou entregando carvão.

The Who e Velvet

Era um dilema para mim, quando estava acabando a escola - vou trabalhar com música ou pintar? The Who foi importante para mim quando eu estava decidindo se optaria pelas belas-artes ou pela arte popular.

Sentia que eles haviam encontrado uma posição importante entre esses dois campos.

Depois veio o Velvet Underground e eles também deixaram claro que existia a possibilidade de trabalhar com um pé de cada lado da cerca. Isso me ajudou a decidir pela música.

1, 2, 3... gravando!

Vim de um lugarzinho esquisito [Eno nasceu em 1948, em Woodbridge, no Reino Unido] no qual meu interesse eram as ideias experimentais de Cornelius Cardew [compositor inglês, 1936-81], John Cage [compositor americano, 1912-92] e Gavin Bryars [compositor inglês], mas também a música pop. No pop, resultados e retornos eram importantes.

O lado experimental se interessa mais pelo processo do que pelo resultado concreto - os resultados simplesmente aconteciam, e muitas vezes havia pouco controle sobre eles, além de muito pouco retorno.

Veja o caso de Steve Reich [minimalista americano]. Era um compositor importante para mim, com suas primeiras peças em forma de gravações magnéticas e o modo de arranjar uma peça para que os músicos a executassem em velocidades diferentes, para saírem gradualmente de sincronia.

"Vendeu bem? Não. Então vamos fazer diferente da próxima vez"

Mas, quando gravava algumas peças, como Drumming, ele usava percussão orquestral tocada de forma dura e mal gravada. Ele não havia aprendido nada sobre a história da música gravada.

Por que não considerar o que o mundo pop vinha fazendo em termos de gravação? Aquilo estava resultando em sons incríveis, produzidos por excelentes músicos com ótimo feeling para o que tocavam.

Mas aquilo não valia nada para Reich, porque no mundo dele não existe retorno real. O que interessava a eles naquele mundo era apenas o diagrama da peça; a música existia simplesmente como indicador de um processo. Consigo perceber a lógica disso, de certa maneira; você quer simplesmente mostrar o esqueleto, sem muita frescura em volta, você quer simplesmente mostrar como fez o que fez.

Já eu, como ouvinte que cresceu acompanhado pela música pop, me interesso por resultados. O pop é completamente orientado por resultados, e existe um circuito forte de retroalimentação.

Funcionou? Não. Bem, vamos fazer diferente da próxima vez. Vendeu bem? Não. Então vamos fazer diferente da próxima vez. Eu queria unir esses dois lados. Gostava dos processos e sistemas do mundo experimental, mas também da atitude com relação a efeitos que existia no pop; queria que as ideias fossem sedutoras, mas também os resultados.

Artes plásticas

Na minha casa, em Oxfordshire, há uma grande e bela escultura de Pégaso com asas azuis de vidro, feita por Andrew Logan. Quando pego um táxi na estação, o motorista sempre comenta sobre ela, porque é muito vistosa.

Um comentário que sempre ouço é "mas o que ela quer dizer?" Ou "o que isso significa?", com base na ideia de que alguma coisa existe porque precisa dizer alguma coisa a você ou se refere a algo mais. Essa ideia me é estranha.

Os primeiros quadros de que gostei foram os menos referenciais que existiam, de artistas como Piet Mondrian. O que me entusiasmava neles era o fato de não se referirem a nada mais - eram únicos, objetos carregados de magia que não obtinham sua força da conexão com coisa nenhuma.

Gospel

Faço parte de um coral gospel. Sabem que sou ateu, mas são muito tolerantes. Em última análise, a mensagem da música gospel é a de que tudo vai ficar bem.

Se você ouvir milhões de discos gospel - eu ouvi - e tentar destilar o que existe de comum a todos eles, é essa sensação de que podemos triunfar de alguma maneira.

Também envolve a perda do ego, dizendo que se pode vencer ou superar as coisas abrindo mão do individualismo e se tornar parte de algo melhor. Ambas as mensagens são completamente universais e pouco se relacionam à religião ou a uma dada religião. Relacionam-se a atitudes humanas básicas, e você pode ter essa atitude, e portanto cantar gospel, mesmo que não seja religioso.

Sintetizador

Uma das coisas mais importantes com relação ao sintetizador é o fato de ter chegado sem nenhum passado. Um piano chega com toda a história da música. Existe toda espécie de convenção cultural incorporada a um instrumento tradicional, para informar de onde e quando ele veio.

Quando você toca um instrumento que não tem esse retrospecto histórico, basicamente você cria sons. Cria um novo instrumento.

É isso, em resumo, o que o sintetizador é: um instrumento sempre inacabado. Você o completa ao alterá-lo, brinca com ele, decide como usá-lo, pode combinar diversas referências culturais em uma coisa nova.

Tecnologia

Os instrumentos soam interessantes não devido a seu som, mas por conta do relacionamento que o instrumentista tem com eles. Os instrumentistas desenvolvem um elo especial com os instrumentos, e é disso que eu e você gostamos, é a isso que respondemos. Se você decidisse agora projetar um instrumento novo, não pensaria em algo ridículo como um violão. É um instrumento estranho, muito limitado, não tem um bom som. Você criaria algo muito melhor. Mas gostamos, no que tange aos violões, é dos músicos que desenvolvem um longo relacionamento com eles e sabem como fazer com que produzam algo de belo. Não estamos nesse ponto ainda com os sintetizadores. Continuam a ser um instrumento novo. Renovam-se constantemente, de modo que as pessoas não têm tempo de desenvolver um longo relacionamento com eles. Assim, você tende a ouvir mais a tecnologia e menos o elo pessoal. Com isso, podem soar menos humanos. Mas isso está mudando. E existe uma previsão que fiz alguns anos atrás e estou tendo o prazer de ver confirmada: os sintetizadores incorporam a inconsistência. Gosto da ideia de que uma nota possa soar mais alta que a nota ao lado.

Música ambiente

Uma maneira de fazer música nova é imaginar que você está contemplando o passado e pensar formas de música que poderiam ter existido. Por exemplo, free jazz do leste da África, que, até onde eu sei, não existe. Foi assim que a ambient music emergiu, até certo ponto.

Meu interesse em fazer música era o de criar algo que não existisse e que eu gostaria de ouvir. Uma das inovações da ambient music foi deixar de lado a ideia de que era preciso letra, melodia ou batida... Por isso, de certa maneira, era uma forma de música criada pela exclusão de coisas, o que pode ser uma maneira de inovar. Em meados dos anos 1970, todos os sinais já estavam no ar em torno da ambient music, e outras pessoas estavam trabalhando de forma semelhante. Eu simplesmente criei o nome. E era isso exatamente que faltava: um nome. Dar o nome a alguma coisa pode ser o mesmo que inventá-la. Ao batizar alguma coisa, você faz diferença. Você declara que, a partir daquele momento, a coisa é real.

Artista cabeça

Gosto de falar sobre todo tipo de coisa. Nunca vi desvantagem nisso. Nunca me incomodei por ser chamado de "cabeça". Lutei por anos contra a ideia de que rock e arte popular são apenas paixão e moda, sem nenhuma relação com o raciocínio e a análise, e contra a ideia de que, se você pensa muito, há algo de errado com você.

Fragilidade humana

Outro dia, ouvi uma banda que tinha o pior cantor, o baterista mais fora de tempo e o guitarrista mais desafinado que já ouvi em um disco profissional e imaginei que pelo menos aquilo significava uma reação contra a perfeição do Pro Tools [programa de edição]. Um engenheiro que use Pro Tools teria resolvido o problema, mas aquela banda, na verdade, era uma celebração da fragilidade humana. Era tão crua que chegava a animar.

Abba

Nos anos 70, ninguém admitia gostar do Abba [banda sueca]. Agora, tudo bem. É tão kitsch. O kitsch é uma desculpa para defender o fato de que as pessoas sentem uma emoção comum. Se é kitsch, é como se você emoldurasse a coisa e sugere que está sendo irônico. Mas na verdade não está. Está mesmo gostando da música. Gosto do Abba. Já gostava na época e não admitia. O esnobismo da época não permitia. Admito que, quando ouvi Fernando, não consegui mais guardar o segredo. O que me encantou nessa música foi a linha da cantora mais grave. Passei meses tentando aprender. Por isso deixei de ser cético e exagerei na direção oposta. Virei um grande fã.

Frank Zappa

Zappa foi importante para mim porque compreendi que não tinha de fazer música como ele. Eu poderia ter feito muita coisa parecida com Zappa se ele já não as tivesse feito e me levado a compreender que não queria tentar aquilo. Não gosto de sua música, mas sou grato por ele tê-la criado. Aprende-se tanto com as coisas de que não se gosta quanto com aquelas de que se gosta. O lado da rejeição é tão importante quanto o da aprovação. Você define quem é e onde está pelas coisas que sabe não ser.

U2 e Coldplay

Foi bacana [trabalhar com os dois grupos simultaneamente]. Sentia-me como um adúltero, com medo de me atrapalhar e dizer o nome errado na cama. Eu tinha um computador com todo o material do Coldplay e todo o material do U2. Tinha de rotular cuidadosamente as pastas, pela paranoia de terminar usando a mesma faixa master para as duas bandas e só perceber tarde demais. Havia uma chance de que a mesma trilha aparecesse em ambos os discos.

O superego de Bono

Bono [vocalista do U2] cometeu o crime de subir mais do que deveria. Para os britânicos, essa é a pior coisa que pode haver. Bono é odiado por fazer algo que é considerado inconveniente para um astro pop - se intrometer em coisas que nada têm a ver com ele. O ego dele é imenso, pode ter certeza. Por outro lado, também tem um cérebro imenso e um coração imenso. Na maior parte do mundo, ele não incomoda. Aqui, a sensação é a de que, de alguma forma, ele está trapaceando.

Fim de uma era

Creio que os discos foram apenas uma pequena bolha no tempo, e aqueles que conseguiram ganhar a vida com eles tiveram sorte. Não há motivo para que alguém tenha ganho tanto dinheiro com a venda de discos, exceto a coincidência de que aquele período era perfeito para isso. Sempre soube que a coisa acabaria, cedo ou tarde. Não havia como durar. Não me incomoda que isso aconteça, pois a era do disco foi uma anomalia.
Foi mais ou menos como se, nos anos 1840, você tivesse uma fonte de banha de baleia que podia ser usada como combustível. Antes que o gás surgisse, se você comerciasse banha de baleia, poderia ser o cara mais rico do mundo. Mas o gás surgiu, e a banha de baleia passou a encalhar. Lamento, amigo: a história continua. Música gravada é a mesma coisa que banha de baleia. Algo mais terminará por substitui-la um dia.

A íntegra desta entrevista saiu no "Observer".

Sunday, February 07, 2010

Saturday, February 06, 2010

A Morte do Pop Star???

Thursday, February 04, 2010


Buemba! Buemba! Kassab vai sair vestido de Iemanjá no Carnaval!

Wednesday, February 03, 2010

A chuva foi acompanhada de ventos fortes. O CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), da prefeitura, registrou ventos de 81,7 km/h na estação localizada no aeroporto por volta das 18h. Nessa velocidade, considerada "ventania fortíssima" segundo classificação da Secretaria Nacional de Defesa Civil, o vento já pode quebrar galhos de árvores, arrancar telhas e produzir pequenos danos nas casas.

Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), foram registradas 18 quedas de árvores até as 20h desta quarta.

Monday, February 01, 2010