Sunday, April 25, 2010
[...] Charles surpreendeu-se rindo; mas a lembrança de sua mulher, voltando de repente, tornou-o sombrio. Trouxeram café, ele não pensou mais no caso.
Pensou ainda menos à medida que se habituava a viver só. O novo prazer da independência tornou-lhe em breve a solidão mais suportável. Podia trocar agora as refeições, voltar ou sair sem dar explicações e, quando estava bem cansado, estender-se com todo o seu tamanho atravessado na cama. Portanto, mimou-se, acalentou-se e aceitou as demonstrações de consolo que lhe davam. De outro lado, a morte de sua mulher fora-lhe muito útil em sua profissão, pois repetira-se durante um mês: "Este pobre jovem! Que infelicidade!" Seu nome tornara-se conhecido, sua clientela aumentara; e, além disso, ia aos Bertaux quando queria. Sentia uma esperança sem alvo, uma felicidade vaga; achava o próprio rosto mais agradável ao escovar as suíças diante do espelho.
Gustave Flaubert - Madame Bovary
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Monday, April 19, 2010
Thursday, April 15, 2010
Mefisto: No final das contas, pode ser que não
sirva mais para nada.
Eu fui construído sobre uma idéia errada [...],
segundo a qual as pessoas não são malvadas
o suficiente para se perderem sozinhas, com seus
próprios meios.
Paul Valéry, Mon Faust
Márcio Seligmann-Silva - A Cultura ou a Sublime Guerra entre Amor e Morte (prefácio) - O Mal-Estar na Cultura - Sigmund Freud
O problema fundamental em relação aos direitos do homem, hoje, não é tanto o de justificá-los, mas o de protegê-los. Trata-se de um problema não filosófico, mas político.
Norberto Bobbio - Sobre o Fundamento dos Direitos do Homem - A Era dos Direitos
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(4 de dezembro de 1975)
[...] No fim do jantar, ela propõe um café. Diante de seus amigos estupefatos, depois de um breve acesso de tosse, Hannah Arendt cai para trás em sua poltrona e perde a consciência. Consta o nome de um médico em um frasco de remédio sobre a escrivaninha. Ele chegará tarde demais.
[...] Essa morte tão brusca, sem dor, sem alerta - como não pensar em um pássaro atingido em pleno vôo pela arma de um caçador - ressoa estranhamente. Hannah Arendt, que passou toda a sua vida tentando entender a plenitude do homem, que sempre soube em seu íntimo que a morte faz parte da vida, constitui sua própria essência, sua razão de ser, morreu sem perceber.
Laure Adler - Nos Passos de Hannah Arendt - biografia
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Wednesday, April 14, 2010
Vaticano contesta declarações de Bertone sobre homossexualidade
Cardeal Bertone relacionou homossexualidade à pedofilia
O Vaticano contestou hoje as polêmicas declarações do cardeal Tarcisio Bertone no Chile, nas quais relacionou a pedofilia a homossexualidade, e afirmou que não considera de sua competência fazer afirmações de caráter psicológico ou médico sobre estes assuntos.
O cardeal Bertone, secretário de Estado vaticano, descartou uma relação entre a pedofilia e o celibato sacerdotal e afirmou que os casos são relacionados à homossexualidade.
Em comunicado divulgado nesta quarta-feira, o porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi, disse que as declarações de Bertone se referiam ao problema dos abusos por parte dos sacerdotes na Igreja "e não à população em geral".
"As autoridades eclesiásticas não consideram de sua competência fazer afirmações gerais de caráter psicológico ou médico, para as quais se remetem naturalmente os estudos de especialistas e às pesquisas dirigem", afirmou Lombardi.
Com essas palavras, segundo os analistas, a Santa Sé "se distancia" da afirmação por seu "número dois".
Lombardi acrescentou que os únicos dados que dispõem as autoridades eclesiásticas sobre o tema dos abusos sexuais de menores por parte de sacerdotes são os facilitados recentemente pelo "promotor" da Congregação para a Doutrina da Fé, encarregada destes casos, Charles Scicluna.
As declarações de Bertone geraram uma forte polêmica e colocaram em pé-de-guerra as ONGs de defesa dos homossexuais, entre estas a italiano Arcigay, que denunciou "o cinismo, a falta de escrúpulos e a crueldade" da hierarquia do Vaticano ao vincular a homossexualidade à pedofilia, quando escondeu delitos sexuais perpetrados por parte de religiosos sobre menores.
Época de leituras magras
Pesquisa comprova: vaca em pé quer deitar e vice-versa. Ou não?
Um novo estudo chamado “As vacas são mais propensas a descansar do que a ficar de pé” acrescenta ao conhecimento público o tema comportamental das vacas.
Cinco pesquisadores da Faculdade de Agricultura da Escócia sucumbiram à “tentação” de descobrir as intenções, motivações e desejos das vacas e publicaram o estudo no Jornal Científico do Comportamento Animal do país.
Bert Tolkamp, Marie Haskell, Fritha Langford, David Roberts and Colin Morgan testaram duas hipóteses sobre a vida das malhadas:
1ª – Quanto mais tempo uma vaca estiver deitada, o mais provável é que logo ela irá se levantar.
2ª – Quanto mais tempo uma vaca estiver de pé, o mais provável é que ela irá se deitar.
É aí que as vacas surpreendem! Impressionante, não?
Após a ruminação de resultados, a equipe escocesa percebeu que as ideias iniciais estavam erradas. Finalmente, depois de muita observação, a conclusão final foi outra: uma vez que a vaca se levantou, não é fácil prever quando ela deitará novamente.
Para chegar a essa conclusão os cientistas observaram três grupos de vacas e colocaram um sensor eletrônico em cada uma delas para registrar cada “levantada” e “abaixada” do animal. Para completar, câmeras de vídeo foram instaladas para comprovar a atuação dos sensores.
Depois da análise e da publicação do artigo científico, os pesquisadores continuam intrigados com alguns mistérios. Por que algumas vacas ficaram deitadas menos da metade do tempo esperado em comparação com outras vacas do estudo? Por quê?
Segundo o relatório, essa e mais outras dúvidas ficarão para futuras experiências.
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Sunday, April 04, 2010
Esperando a hora do café
O violão levemente desafinado do To(s)quinho dá um sabor anos 70. A equalização da flauta, o penteado e a gola rulê do Sion, não têm sido vistos a mais de 35 anos.
O arranjo é o mesmo há bem mais de 35 anos. Como disse o Sérgio Basbaum, graças a Deus o Tom sabia da sua importância e se auto-cita constantemente ao longo de toda a carreira.
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Oitava economia
editoriais@uol.com.br
Chama a atenção que em meio ao júbilo oficial e às congratulações internacionais por sua boa performance econômica, o Brasil tenha se tornado, em 2009, a oitava economia do mundo. Trata-se da mesma posição festejada pela ditadura militar como prova de que o país não tardaria a ingressar no clube das potências econômicas.
Depois de anos de baixo crescimento, inflação descontrolada e alto endividamento público, antevê-se agora, em novo ciclo de bonança, que a economia brasileira possa em duas décadas ocupar a quinta posição no ranking, previsão razoável, mas longe de estar assegurada.
O exame do desempenho econômico brasileiro sugere que o país desfruta de uma condição algo "sui generis" na comparação com outras economias.
Por exemplo, no confronto com países emergentes de alto crescimento, a taxa de investimento do Brasil tem se mostrado relativamente baixa - em média 17% do PIB entre 2000 e 2008 contra 28% na Índia e 39% na China. Já a indústria responde por menos de 30% do PIB brasileiro - enquanto na Rússia e na China o percentual é de respectivamente 37% e 47%.
Mas quando se levam em conta indicadores sociais, o Brasil em geral supera os gigantes asiáticos, que enfrentam situações demográficas mais desafiadoras.
Já no confronto com países latino-americanos, o crescimento da economia brasileira não foi suficiente para superar diferenças históricas. O volume de gastos públicos do país em saúde e educação por habitante permanece inferior ao da Argentina, do Uruguai e do Chile - e se encontra pouco abaixo do valor despendido pela Colômbia.
No cotejo com essas nações, são também piores os indicadores de mortalidade infantil e de alfabetização. E a declinante Argentina ainda ostenta renda per capita superior à brasileira. É verdade que o Brasil tem conseguido avanços auspiciosos - mas é prudente não se deixar cegar pelo otimismo exagerado.
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Marcadores: Contexto, da Dignidade da Política
Saturday, April 03, 2010
Friday, April 02, 2010
Órgão russo identifica terrorista suicida do metrô de Moscou
Moscou, 2 abr (EFE).- O Comitê Nacional Antiterrorista (CNA) da Rússia anunciou hoje a identificação definitiva de uma das terroristas suicidas que cometeram os atentados de segunda-feira no metrô de Moscou, nos quais 40 pessoas morreram.
"A terrorista suicida que explodiu a bomba na estação Park Kultury é Dzhanet Abdurakhmanova (Abdulayeva)", de 17 anos, informou hoje o CNA, segundo as agências russas.
Abdurakhmanova morava no distrito de Khasaviurt, na república russa do Daguestão, vizinha da Chechênia. Ela foi identificada por meio de análises médicas, genéticas e reconhecimento físico.
Segundo a edição de hoje do jornal Kommersant, Abdurakhmanova era viúva de Umalat Magomedov, líder ('emir') dos guerrilheiros islâmicos do Daguestão que foi morto pela Polícia em 31 de dezembro em Khasaviurt junto com outros três combatentes que tinham aberto fogo contra os agentes.
"Como resultado do estudo das hipóteses sugeridas, foram identificados os organizadores (grupos extremistas do Cáucaso Norte) e vários dos autores dos atos terroristas", acrescenta o CNA.
O porta-voz da Procuradoria, Vladimir Markin, disse que estão sendo feitos "trabalhos de investigação para estabelecer a identidade da segunda terrorista que se suicidou na estação Lubyanka".
Segundo o Kommersant, esta seria Markha Ustarkhanova, uma chechena de 20 anos e viúva de Said-Emin Khizriev, o chefe dos islamitas de Gudermes, a segunda cidade mais importante da Chechênia, eliminado em outubro passado quando preparava um atentado contra o presidente checheno, Ramzan Kadyrov.
Além dos retratos das terroristas suicidas, a Polícia russa divulgou imagens captadas pelas câmeras do metrô de um homem que teria acompanhado as duas e que pode ter sido o organizador do atentado.
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