Sobre Dashiell Hammett, Sam Spade e O Falcão Maltês
Em 1930, ao narrar a batalha pela posse de um tesouro medieval, Dashiell Hammett transformou as histórias policiais de uma vez por todas. Retirou dos salões e dos gabinetes a solução do mistério e jogou os personagens nas ruas de uma cidade turbulenta, onde os interesses do crime e da lei se confrontam e se confundem. Imprimiu à trama um ritmo acelerado, adotou a linguagem crua do dia-a-dia, compôs diálogos cortantes e descrições de um realismo que o gênero policial até então desconhecia.
[...] A meio caminho entre o criminoso e a polícia, o herói criado por Hammett ocupa uma posição ambígua. Sua moral oscila conforme as circunstâncias. A sagacidade de suas deduções, o poder de persuasão de seus argumentos e sua habilidade em manobrar os interesses que se entredevoram à sua volta derivam em boa parte da luta pela sobrevivência. É um homem que enfrenta dilemas reais e que não age em momento algum como herói acima de qualquer suspeita. Entre mulheres lânguidas e falsas, europeus esnobes e sequiosos de riqueza, policiais embrutecidos e tacanhos, Sam Spade deixa de ser apenas um sujeito comum.
O Falcão Maltês - orelha



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