Um dos painéis que compõem o Grande Mural da Vagina, do artista plástico inglês Jamie McCartney

Estava sentada na sala de espera para a primeira consulta com um novo dentista, quando me detive para observar o indefectível diploma pendurado na parede. Intrigada por uma certa sensação de déjà vu, de repente, lembrei de um moço alto que tinha nome idêntico ao que aparecia no quadro. Era da minha classe do científico, mais de 35 anos antes, e eu me perguntava: - "poderá ser o mesmo rapaz por quem eu me apaixonara à época?”

Ao entrar na sala de atendimento, imediatamente afastei tal ideia de meu espírito. Esse homem grisalho, quase calvo, gordo e cheio de rugas está demasiadamente desgastado e velho para ter sido o meu amor secreto.

Depois que examinou meus dentes, perguntei-lhe se ele estudou no Colégio Sacré Coeur.

- Sim, respondeu-me.

- Quando se formou? Perguntei.

- 1976. Por que a curiosidade?

- É que... bem... você era da minha classe, eu exclamei.

Foi aí que ele quis saber:  - "... e a senhora era professora de quê?".