Sunday, April 30, 2023


Manuel Bandeira, indo, ainda menino, do Recife para o Rio, verificaria ser no Rio o jogo de gude diferente do que se jogava então em Pernambuco: “em vez do ser dado com a unha do polegar firmado no índice, era desferido por este fazendo anel com o primeiro”. Também sentiria a falta dos cajus e das goiabas de Pernambuco, do mesmo modo que os meninos que se transferiam então do Pará para o Sul não se deixavam consolar da perda do açaí ou do buriti pela excelência das jabuticabas das chácaras do Rio e de São Paulo, famosas também pelos cambucás; mas sem pitangas iguais às do Norte; sem pitombas, sem macaíbas; sem guajirus. E sem os mandacarus, em cujas flores vermelhas alguns dos meninos sertanejos se iniciavam então, e um tanto poeticamente, em formas de amor físico predecessoras da união de homem com mulher: vicárias, por assim dizer, dessa união. Menos poéticas eram as iniciações, comuns ao norte e ao sul do Império, entre os meninos sexualmente mais precoces, através de orifícios em tronco de bananeira; ou em animais: da simples galinha à vaca de ancas quase de baiana.