Thursday, December 19, 2024

19 de dezembro de 2018

Por que falar em 'estado de exceção', se esses são os mesmos juízes que entregaram Olga Benário aos nazistas em 1936? O que justifica dizer 'exceção' se esses são os mais de 150 mil presos que deixaram de ser beneficiados pela liminar de Marco Aurélio Mello (Lula, só mais um deles)? Nem mesmo a perseguição ao nosso querido presidente metalúrgico pode ser caracterizada como 'fora da curva'. Getúlio, Jango, Juscelino, Dilma... todos foram punidos antes por ferirem o arranjo sistêmico. É inacreditável, depois de ver a reação tão pronta e imediata das forças do Golpe ao longo da tarde desta quarta-feira, que ainda possa haver quem acredite que chegamos a esta situação pelos erros do campo democrático. Em poucas horas, as páginas de Direita estavam em pé de guerra, o MP se manifestou, a juíza de piso que cuida do processo de Lula desconsiderou o Ministro do Supremo, Deltan Dallangnol abandonou seu silêncio monástico, a grande mídia acionou todos os seus canais e até um Alto Comando do Exército se reuniu, formando, todos esses, em conjunto, uma espécie de domo que cercou o país. Dentro do vasto histórico de obediência cega, Getúlio, Jango, Juscelino, Dilma, formam a verdadeira exceção à regra. Exceção no seu sentido mais comezinho: aquilo que não está incluído. O exército, a mídia, o Judiciário, o Legislativo, as polícias, o grande capital, parte significativa da classe média, parte significativa das Igrejas, e outros, formam o conjunto que, coeso, proíbe as excepcionalidades. Lula é uma das maiores excepcionalidades da história do Brasil. Está (e permanecerá preso) para que a regra não seja rompida. Não estamos vivendo estado de exceção nenhum. Tudo continua dentro da mais perfeita ordem. Como sempre.