Tuesday, July 05, 2011

Sem nenhum compromisso com verossimilhança, Meia-noite em Paris não causa incômodo quando o roteirista Gil Pender é levado do presente para o passado em um luxuoso carro dos anos 20 que passa pontualmente quando um sino bate meia-noite. Aceita a premissa de que se trata de fantasia, Meia-noite em Paris só ameaça desandar quando pretende justificar a volta no tempo do seu personagem principal. Terá faltado confiança para levar o mergulho no imaginário às últimas consequências? Anátema do cinema comercial, a ambiguidade é eliminada em favor do didatismo. Ao explicar, através do diálogo, que o passado não está morto e o presente é sempre insatisfatório, Woody Allen trinca o encanto e empobrece Meia-noite em Paris. Abre caminho para o sucesso de público, mas empobrece o filme.

http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-58/questoes-cinematograficas/sarcasmo-e-reverencia

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