5 de agosto de 2022
Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.
Está havendo uma 'tiktokização' das redes sociais? Sim! E isso é só o começo. O modelo Tik Tok de 'propagação memética' é a versão mais radical surgida até agora da célebre 'horizontalidade' da internet. O novo 'modus' vai bagunçar o nosso 'habitus'. Mas ele é decorrência do que já há.
E mais. Não tem volta!
Porém, o que está acontecendo no Twitter, no Instagram e no Facebook é que, depois de conseguir números astronômicos de usuários, as big techs estão se sentindo cada vez mais seguras para cobrar pelos serviços (que eram, achávamos, gratuitos).
Ainda não é a 'tiktokização'.
O alvo do momento são os 'empreendedores'. Vou dar dois exemplos.
O perfil 'Nath Finanças', famoso no Twitter, botou a boca no trombone semanas atrás: o Instagram está escondendo posts 'orgânicos'. "Se quiser ser visto na rede, é necessário 'impulsionar' os posts... pagando". A mensagem é clara.
Aqui no Facebook, José Roberto Torero, autor do sensacional 'Diário do Bolso', reclamou igual. O alcance dos posts do perfil dele está cada vez mais restrito.
Você pode concordar, ou se sentir enojado. A Nath e o Torero usam as plataformas de rede como ferramenta para o business. O que os donos das plataformas estão dizendo é simples: 'show me the money'.
Isso está acontecendo no mundo inteiro. Lá por volta de 2015 já havia acontecido a mesma coisa com os grandes veículos de mídia. Folha, O Globo, Estadão, TVs em geral, foram sendo expulsas das timelines. Quem paga, permanece. É mais fácil aceitar essa lógica comercial dos donos das redes quando se trata de um jornalão. A Nath e o Torero, que empreendem na base do 'eu sozinho' parece mesmo injusto. Como eu disse, você pode concordar, ou não. Mas a lógica e a motivação estão explícitas.
Diferente é o caso do usuário que posta 'coisas' no seu perfil pessoal. O algoritmo, aí, tem nos fechado em bolhas cada vez menores. Essa sensação de encolhimento dos horizontes é cada vez mais forte. A 'tiktokização' vai mudar tudo para deixar tudo como está. No novo 'normal', ao invés de bolha, é como se a gente fosse lançado ao mar só com uma boia. É um mar tipo Praia Grande em pleno verão em sábado de sol. Gente pra caralho, mas que você não faz a menor ideia de quem seja. Caótico e aleatório. Ou seja, por excesso, ou escassez, nosso destino é o isolamento dentro da massa. Os piores pesadelos do Walter Benjamin parecem menos assustadores.
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Publicado originalmente no Facebook
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