21 de outubro de 2016
Tem dois movimentos acontecendo no Brasil e as redes sociais não estão dando muita visibilidade pra eles. Um, avassalador, são os estudantes ocupando escolas e espaços contra a PEC do Fim do Mundo. Tem secundaristas e universitários. Não estão de mimimi, não gastam tempo discutindo a ruína do PT e, principalmente, não têm medo de polícia. Atente para essa característica dos grupos de juventude: o grau de rejeição à polícia é tão grande que eles não sentem medo. Esse dado, por certo, será fundamental para o futuro da disputa democrática no Brasil.
O outro movimento é o "Volta, Dilma". Discreto, pequeno e cercado de descrentes por todos os lados. Não se trata, no entanto, de ser factível ou ilusório insistir na anulação do golpe via STF. O "Volta, Dilma" é apenas o movimento que não pode deixar de ser feito. À luz da atitude da presidenta eleita Dilma Rousseff, que não tomou para si nenhuma culpa indevida, o ônus de não anular a farsa do impeachment TEM QUE SER do Supremo. O "Volta, Dilma" é o slogan que impede a gente de esquecer que a República, ela própria antes de mais nada, sofreu um golpe, foi vítima de violência, passou por uma ruptura. É o acerto de contas, mesmo que, no fundo, só simbólico - não interessa - com a frouxidão que as forças ditas progressistas demonstraram quando convocadas para lutar contra o rompimento da norma republicana. É a prova dos nove do amor que a gente devota à democracia.
São dois movimentos não convergentes nos objetivos específicos, mas muito semelhantes na radicalidade de princípios. Apontam questões cruciais para o que virá pela frente. E as enfrentam na medida do possível.
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