30 de novembro de 2018
Por sorte eu vi trechos da palestra do Haddad na gringa. Eu sempre caio nas iscas da imprensa, igual essa da Folha destacar que ele disse que não se deve torcer contra o governo do Bolsonaro. Não foi bem isso, o contexto não permite tal leitura, mas a esquerda de entretenimento corre abanando o rabinho para a pauta que o jornal dos Frias atirou no gramado. Sem pretender ser exaustivo, lembro que o PT levou o Lula por mais de 8 mil quilômetros Brasil adentro (há um livro registrando isso, organizado pela Cleusa Slaviero): no Sul a Caravana sofreu um atentado a tiros! O PT esteve em vigília em SBC até a prisão do Lula e, a partir daí, tem garantido a presença constante de uma vigília cívica na entrada do prédio da Polícia Federal onde o ex-presidente está confinado. O PT adotou uma estratégia arriscadíssima (e, como se viu, muito bem sucedida) de manter o Lula como candidato até o último instante, costurou alianças no país inteiro, tirou o Haddad de 4% de intenções nas pesquisas para perder por 10 milhões de votos para um candidato que aglutinou todo o Centro ao conseguir o apoio incondicional das principais lideranças do neo-pentecostalismo, além de protagonizar o episódio mais grotesco de fraude eleitoral da História, pelo menos recente, da República. Ainda assim, discute-se, pretensamente a sério, se o PT abandonou o Lula. Qual a prova de hoje? O Haddad, segundo a Folha, falou que não se deve torcer contra 'só pelo poder'. Così è (se vi pare). Este é o nome de uma das mais famosas peças escritas por Luigi Pirandello, cuja obra é dedicada a pensar o dilema entre o ser e a aparência, a realidade e a ilusão. Com seus textos Pirandello viria a estimular de forma decisiva o desenvolvimento do teatro do absurdo. 'Assim é (se lhe parece)' é um bordão para o debate em redes sociais do Brasil de 2018.
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