01 de dezembro de 2020
Marta se elegeu prefeita em 2000 na mesma onda favorável às esquerdas que levaria Lula à Presidência dois anos depois. Haddad seria o escolhido em 2012, no auge das conquistas do chamado lulismo. Vitórias e derrotas eleitorais não se dão no vácuo. Oferecem, ao contrário, indicativos precisos da conjuntura dentro da qual estão inseridas. Em 2016 Dória ganhou já no primeiro turno como resultado prático e direto dos três anos de ataque ininterrupto a que o PT foi submetido a partir de junho de 2013. Não só os votos que o então outsider da política recebeu, mas o número recorde de abstenções, nulos e brancos, ajudam a formar o retrato daqueles tempos. Vendo sob essa perspectiva, a derrota de Bolsonaro nos legislativos e nos executivos municipais pode, sem dúvida, ser considerada acachapante. Como alguns previam, uma vez exposto à luz do cargo, o Mito derrete irremediavelmente. Dito e feito. Mesmo a ideia de um bolsonarismo que subsista ao banimento da família-quadrilha da cena política em médio prazo, parece mais uma inversão da ordem dos fatos. O Brasil é uma sociedade em que a barbárie se dá em níveis estruturais. Bolsonaro foi um espasmo que a estrutura se viu obrigada a amplificar diante dos avanços que o campo popular, democrático e progressista veio impondo a partir dos primeiros anos do século XXI. Uma miríade de novos atores, agora, começa a ser incorporada à arena política brasileira. Os velhos oligarcas que, está na moda, são chamados eufemisticamente de Centrão, conseguiram abalar a Constituição Cidadã de 1988. Naquele contexto haviam sido vencidos. Para obter o que têm agora foi necessário um novo Golpe. Devem estar com as barbas de molho, porque, mais que ninguém, sabem que dançam conforme a música. A estrutura segue inabalada. Mas a luta continua.
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