Wednesday, December 27, 2023

27 de dezembro de 2016

É bem curioso o modo de pensar da esquerda no Brasil. Lula levou 20 anos até virar presidente e, no processo, além do vento da redemocratização soprando a favor, assinou uma Carta aos Brasileiros, adotou o slogan "Lulinha Paz e Amor", conciliou com deus-e-todo-mundo, concedeu, aceitou, fez coalizão, acordo, desvio de rota para, antes de chegar à metade do mandato, ainda tomar um Mensalão nos cornos. Daí pra frente, refém do PMDB, foi encontrando meios de transformar tudo o que estava dentro do horizonte do possível, até a vitória final do golpismo, quando nada do que foi construído escapa à sanha devoradora da regressão. Acreditar que Lula tira o Brasil do atoleiro nas condições francamente adversas em que o campo democrático se encontra é a versão classe média letrada do messianismo típico das massas sem dinheiro dessa nossa eterna colônia. Lula 2018 é a esquerda brasileira dando bandeira de que também acredita em herói. Pois lhes digo, caros amigos, o herói é aquele que retorna ao final da saga. O herói que morre no percurso, deixa de ser herói e passa a ser mártir. Lula Mártir 2018, sou contra.

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