Tuesday, February 18, 2025

18 de fevereiro de 2016

 

Ao contrário do que está parecendo, Miriam Dutra Schmidt não veio a público falar de filhos bastardos, ou fazer futricas sobre o tempo em que foi amante de Fernando Henrique Cardoso.

Miriam deu uma longa entrevista em que o centro da questão é um caso seríssimo de assédio moral. Como de hábito, a mulher que denuncia é imediatamente desqualificada. O pessoal que trabalha nas Defensorias aponta essa tendência dominante: a culpa, sempre, "só pode ser dela". Quem se aproveitou antes, agora quer ganhar mais um pouco. Leviana, como diria o Aécio.

Pois bem, o Palmério Dória, em artigo publicado hoje, diz o seguinte sobre o estado de espírito de Miriam em 2000: 'Mirian, procurada pelo repórter João Rocha, em Barcelona, foi cortês. Pelo telefone conversaram longamente. Miriam demonstrou querer falar, mas não falou. Já era uma mulher amargurada, quando disse uma frase reveladora ao ser perguntada pela paternidade de Tomas: 'pergunte para a pessoa pública'.

Palmério fez parte da equipe que em abril de 2000 levantou o caso do filho extraconjugal de FHC para a Revista Caros Amigos. Diz o Palmério: "O então presidente da República foi procurado e não quis se pronunciar. Os editores dos principais jornais, revistas e telejornais deram suas versões, todas publicadas. Mário Sérgio Conti, chefão da Veja, atendeu meu telefonema com frieza que foi substituída por um ataque de ira e impropérios publicados na íntegra".

Em outro artigo, de 2011, Palmério manda essa: "a operação cala-a-boca-da-Miriam foi organizada por uma força-tarefa: Alberico de Souza Cruz; o então deputado federal José Serra; e Sérgio Motta, que tinha coordenado a campanha de Fernando Henrique para o Senado, seu amigo mais íntimo".

Motivos para tirar a limpo o que essa mulher está dizendo não faltam. Mas há uma forte corrente de opinião que aponta para o perigo de, com isso, praticar apenas fofoca. Miriam, suposta vítima de brutal assédio, fica relegada a segundo plano. Aliás, o lugar que ocupou nos últimos 24 anos.

Se Miriam foi conivente, foi conivente como um antílope é conivente com o leão que o caça. Sem dúvida, ambos fazem parte da mesma cadeia alimentar. Mas um é predado, enquanto o outro tem os atributos para ser o predador.

Reduzir esse grande conluio entre poderosos ao direito de se discutir ou não o uso que FHC dá para o próprio bilau, convenhamos, parece um respeito meio totêmico pelo bilau dele. Freud explica.

https://issuu.com/brazilcomz/docs/web_1_

http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/02/1740563-fhc-usou-empresa-para-me-bancar-no-exterior-afirma-ex-namorada.shtml

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