Sunday, October 03, 2010

Brasil vota, pobre mas feliz

Clóvis Rossi - FSP

O Brasil que vai hoje às urnas é, na essência, do seguinte tamanho social: metade dos eleitores (67,5 milhões) ganham, no máximo, até dois salários mínimos.

Seria preciso torturar os fatos para dizer que pertencem à classe média, esse paraíso a que foram conduzidos 30 milhões de brasileiros segundo o ufanismo em voga.

Dos eleitores brasileiros, 13 milhões (10%, pouco mais ou menos) é pobre, pobre mesmo. Ganham menos de um salário mínimo. Figuram entre os 28 milhões excluídos do sistema público de aposentadoria e auxílios trabalhistas.

São, portanto, ninguém.

Também no capítulo educação, a pobreza é radical: 49% dos eleitores fizeram, no máximo, o curso fundamental.

Nesse país que tanto seduz a mídia estrangeira, mais de 60% de seus alunos não têm a capacidade adequada na área de ciências. No exame mais recente, o Brasil ficou em 52º lugar entre 57 países, no quesito ciência.

Alguma surpresa com o fato de que a sétima ou oitava potência econômica mundial é apenas a 75ª colocada quando se mede o seu desenvolvimento humano?

Não tenhamos medo das palavras: o Brasil que vai às urnas é um país pobre, obscenamente pobre para o seu volume de riquezas naturais, território e população.

É também obscenamente desigual, apesar da lenda de que a desigualdade se reduziu. É impossível reduzir a desigualdade em um país que dedica ao Bolsa Família (12,6 milhões de famílias) apenas R$ 13,1 bilhões e, para os portadores de títulos da dívida pública (o andar de cima) a fortuna de R$ 380 bilhões, ou 36% do Orçamento-2009.

Ainda assim, é um país mais feliz do que era há oito anos ou há 16 anos. Fácil de entender: "O pobre quer apenas um pouco de pão, enquanto o rico, muitas vezes, quando encosta na gente, quer um bilhão", já ensinou mestre Lula.

1 comment:

KS Nei said...

E eu te digo, Iraja, faco oposicao e voto na oposicao nao porque gosto dela, mas porque gosto menos de qualquer situacao, no sentido politico partidario e no outro.

Ser oposicao neste pais eh um ato de loucura. Para eles, os situacionistas, eh um ato falho.

Dizem qua a classe media esta gritando por jutica e tao ate dizendo que agente quer que o andar de baixo se foda.

Mas o que eles querem da gente?

No meu entender, basta.

A historia se faz pela luta de classes, ok. Mas eh preciso democracia, sempre.

E isso, mano, ja era.

Abracos!