18 de maio de 2016
Na virada dos anos 70 para os 80, Duardo Duzek lançou uma música chamada 'Nostradamus'. A letra era uma crônica blasé sobre o dia do fim do mundo.
Não, não estou escrevendo isso para dizer que a profecia está para se cumprir. Na verdade, quero apenas usar um termo que o Duzek usou no 'Nostradamus': TOQUE-TENHA.
Toque-tenha era gíria da época para traficante. Não para qualquer um, mas para uma inovação daqueles tempos de abertura política, o delivery de drogas. O grand monde, cansado de correr riscos nas quebradas, demandou essa prestação de serviços. O consumidor liga (toque) para o trafica e recebe (tenha) o produto em casa, que nem pizza. 'Meu Nome Não é Johnny' é um filme sobre isso.
Quem pensava que o vice da Dilma era um mordomo, se enganou. Ele é um toque-tenha. E agora montaram uma biqueira na Esplanada dos Ministérios.
O toque-tenha na Saúde se responsabilizou por entregar o SUS para os planos privados.
O toque-tenha que invadiu o Ministério das Cidades quer zerar o Minha Casa Minha Vida pra introduzir algum bagulho novo, mais ao gosto da freguesia VIP.
O toque-tenha das Relações Exteriores usa um celular por satélite e anunciou que o Pré Sal tá na promoção.
Seria cômico, se não fosse trágico. A mesma classe média alta que consome o produto 'liberdades individuais' fazendo de conta que não toma parte no big business do tráfico, demandou também o produto 'Golpe'. Mas, é claro, os interesses por trás do comércio de ilícitos movem bilhões ao redor do mundo. As causas são mais vastas. E a manipulação, lógico, é a regra.
O dono da boca não é dono de nada. É um interino. Por definição.
Um prestador de serviços. Um motoboy. Um toque-tenha qualquer.
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