9 de junho de 2014
São Paulo tem a chance, com a greve de metroviários, de apoiar um movimento com destino claro, objetivo e específico.
A questão da mobilidade urbana, que pautou o início das Jornadas de 2013, cedo desapareceu na cacofonia de reivindicações difusas "contra tudo que aí está". Agora surge a oportunidade de voltarmos a ela.
Porém.
Quando há, na capital, déficit agudo de moradias e máfias de empresários de ônibus, é com a Prefeitura que a briga tem que se dar. MTST tem feito isso. MPL idem.
Já a Cantareira que secou, a USP que faliu, o cartel que desviou dinheiro do sistema ferro-metroviário, isso é assunto do governador.
Insurgir-se, por exemplo, contra a PM sem se dar conta de que ela age de acordo com decisões tomadas nos gabinetes do Palácio dos Bandeirantes é manter blindado o principal responsável pela concepção e execução da política de segurança do estado: Geraldo Alckmin.
Apoiar a greve do Metrô sem dar nomes aos bois, sem determinar "o adversário", fornece a aparência de mudança que o status quo precisa para que tudo permaneça como está.
Afinal, não adianta fingir surpresa com os 44% de Alckmin, os 21% de Skaf e os 3% de Padilha. A grande atingida ao longo de um ano de manifestações sem alvo foi a presidente Dilma. Não à toa seus números despencaram.
O que quer que se queira transformar em São Paulo, é necessário, antes que um aventureiro lance mão, apontar o dedo para os verdadeiros responsáveis, coisa que não se viu acontecer ao longo dos últimos 12 meses.
Com sorte o tempo de queimar álbuns de figurinhas em frente ao prédio "embandeirado" da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo terá chegado ao fim.
Como notou Gilberto Maringoni, corre-se o risco de repetir Occupy Wall Street, Indignados espanhóis e Primavera Árabe: apesar da exuberância dos levantes, do frescor das novidades e da ótima coreografia, temos sido pífios em alavancar avanços políticos e sociais efetivos.
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