Wednesday, July 12, 2023

12 de julho de 2016


O quiproquó do apoio ao DEM para eleger o sucessor de Eduardo Cunha na Câmara pode ser indicativo de algo que transcende a ansiedade pré-histérica da militância petista e o proverbial oportunismo do PSOL: o tempo da coalizão, simplesmente, acabou. Não há, na Esquerda, outro futuro a não ser um candidato "que não votou no Golpe".

Deixa eu dizer um lance aqui. Desconfio que não conheço alguém mais favorável que eu aos acordos, pragmatismos e idas e vindas do período lulodilmista. Realpolitik? Não tenho nada contra. Pode conferir nos meus posts dos últimos três anos. Mas já não é mais disso que se trata.

Porque aconteceu de irmos longe demais no enfrentamento. E não me refiro a urgências de "refundação" do Partido dos Trabalhadores, essa rematada tolice. O ano e meio passadas as eleições de 2014 está sendo devastador. Nem é muito complicado. O Congresso Nacional apenas derreteu. Fim da linha. Sem retorno.

Se Dilma vencer no Senado, o que é perfeitamente possível, a despeito da bola de cristal viciada dos analistas pessimistas*, dá no mesmo. E também, aqui, não está em jogo a hipótese 'Erundininha Toda Pura', chanchada vintage de mau gosto. Claro que haverá de haver composição pluripartidária! O que não tem jeito de juntar de novo são os trapos do peemedebismo e do lulismo.
 
E não, não foi o coração valente da Dilma que nos levou a isso. Nem a outra Dilma, a Dilma execrada pelos engenheiros de obras prontas, aquela gerentona incompetente que odeia a política. A culpa é toda do tal do "devir histórico". A Direita é tão ou mais responsável pelo presente estado de coisas. Por ter partido pro "é agora ou nunca". Por parecer uma locomotiva sem maquinista de filme de guerra, puxando quinhentos vagões em direção à ponte dinamitada.

A Direita ameaçou a Democracia de morte. Este ato de negação principial acelerou a decomposição já inexorável. O buraco é mais embaixo. Essa encrenca vem de longe.

A Democracia, porém, é inegociável. Ou não é Democracia. O impeachment como Golpe é inadmissível. E o que não se admite, não pode ser admitido.

Nem acho que estamos preparados para tanto. É bem capaz de dar merda, reconhecer a possibilidade não tem nada que ver com pessimismo. Não está no âmbito da Ética, da Retórica, tampouco da Estética e nem mesmo da Política. É do campo da Lógica. Tem momentos que o jogo se define. Tem horas que a fila anda. E a fila andou.

* Oxímoro à vista: ou é analista, ou é pessimista. Ou é analista ou é otimista. Pelamôr! :p

👀

Publicado originalmente no Facebook

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