16 de setembro de 2016
A suposta quadrilha teria, segundo a convicção dos procuradores, roubado 40 bilhões. O rei sol, o general da banda, o poderoso chefão, portanto, pegou pra si um vale-reforma e aceitou uma ajuda pro aluguel que, somados, não chegam a 0,1% do butim. É o uso mais radical da expressão "trocando em miúdos" que o mundo já viu. Aí a gente faz piada. Como não fazer? É o que está na capa da Carta Capital: coisa de demente. Mas, meses atrás, eu, de conversa com um cara culto, bem de vida, informado, inteligente e, posso assegurar, de posse plena de suas faculdades mentais, quando perguntei se não achava estranho o Lula se vender por tão pouco, respondeu: "ah, mas e o que não aparece?". E com o semblante sério se despediu dizendo: "pense nisso". A convicção, amigos, substitui, entra no lugar do pensamento. Aliás, esse é o conceito chave da "banalidade do mal" que a Hannah Arendt fala. Quando o pensamento é suprimido e, em seu lugar, entra a convicção pura. Nesse caso já não há espaço para as coisas aparecerem. Tudo está dado previamente. Tudo funciona de acordo com a ordem estabelecida e, por definição, imutável. Não tem lógica, nem tem graça. É primitivo. É brutal.
O Tribunal da Santa Convicção |
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