Saturday, September 09, 2023

9 de setembro de 2013



REDEFININDO O CONCEITO DE FURO DE REPORTAGEM

Fantástico exibe matéria em que investiga 20 mil Autorizações de Internação Hospitalar do SUS sob suspeita de fraude. A pergunta que fica ao final é se o sistema de checagem do Ministério funciona. O Tribunal de Contas da União, consultado, diz que não. O professor da USP também.

O próprio Fantástico, no entanto, informa que são 1 milhão de AIHs por mês, o que resulta em 60 milhões de autorizações no período investigado, de 5 anos.

20 mil AIHs num universo de 60 milhões significa um "desvio" de 0,03%. Pelo jeito não há nada de errado com a checagem e sim com os hospitais que se aproveitam das inevitáveis brechas de um sistema gigantesco para praticar delitos. Por exemplo, o Brasil não dispõe de um sistema unificado de R.G.s. Tecnicamente é possível ter dois R.G.s, de duas regiões diferentes do Brasil, assim como não há um cadastro de pessoas falecidas.

Dos quatro casos apresentados, três hospitais eram particulares e um público. Deles, um já foi obrigado a ressarcir o pagamento duplicado, um "desapareceu" (indicação de atuação fraudulenta mais sistemática) e num terceiro a reportagem apenas erra: hospitais públicos não trabalham com AIHs.

A "mulher que operou a próstata", o atestado de óbito do moço que está vivo e o casal baiano cujo marido "deu à luz", claro, contribuem para condimentar o roteiro do "show da vida" pós-Faustão de cada domingo. Como jornalismo, porém, é apenas uma peça de propaganda contra o Ministério da Saúde. Será que o candidato petista ao governo de São Paulo anda tirando o sono de alguém na Rede Globo?

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