8 de setembro de 2018
Em meio ao vozerio quase histérico em torno do ataque a faca sofrido pelo presidenciável Jair Bolsonaro, a única narrativa que percebo ter tomado consistência e se firmado é a da 'armação'. Não que isso informe sobre o ato em si. Antes parece consequência da imagem construída pelo próprio candidato e seus filhos-clones, a saber, a de farsantes. Da negação da política à macheza, da patente militar à Wal do Açaí, tudo no candidato tem indícios de embuste. Seus seguidores, e não são poucos, contribuem para a consolidação da fama: atuam nas redes - um lugar 'virtual' - disseminando fakes, trolls, hoaxes, entre outras mutretas. Só mesmo um enorme conluio das forças de regressão brasileiras poderá eleger alguém tão indigesto. Pois, além de gerar a desconfiança típica que o demagogo sempre gera, Bolsonaro também transmite a certeza de ser o representante mais legítimo da misoginia, do racismo, da homofobia e todo tipo de violência que o Brasil vem, a duras penas, tentando enfrentar. 80% dos eleitores não demonstram interesse pela bazófia de Jair, família e pseudo-fanáticos. As pesquisas, ao contrário, apontam que o projeto capitaneado (perdoe o trocadilho) por ele é o preferido entre os homens brancos, ricos e escolarizados. O povo, o proverbial 'povão', quer que Bolsonaro 'se lasque'. O mesmo povão que, sabiamente, elegeu Getúlio, Juscelino, Lula e Dilma, contra o desejo dos dominadores. Se depender da vontade popular, uma chapa de títeres tão reacionários, entreguistas e fisiológicos quanto Bolsonaro & Mourão não se elege. Mas o momento pelo qual estamos passando não se parece com aqueles em que se saíram vencedores Getúlio, Juscelino, Lula e Dilma (assim como Dutra, Jânio, Collor e FHC). Estamos em pleno Golpe. A frágil ordem democrática foi afrontada. E, como inúmeras vezes antes na história do país, a potência que só a coletividade é capaz de mobilizar corre o risco de soterramento pela força bruta das oligarquias nacionais. O perigo não é desprezível.
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