12 de dezembro de 2013
A final do programa The Voice Brasil será exibida ao vivo no dia 26 de dezembro. O sucesso desta 2.ª edição foi nitidamente maior comparado ao ano passado. Os comentários críticos ao modo "acrobático" dos candidatos, por sua vez, também foram frequentes.
Às vezes parece que o firulismo dos calouros é novidade (no bom e no mal sentido), mas não é, viu?
Programa de calouro sempre foi lugar de exibicionismo vocal. O que muda é o repertório. No Raul Gil dos anos 80 o negócio era mandar um Babalu ou alguma do Agnaldo Rayol.
Acontece que desde o João Gilberto, cantar com vozeirão, pro brasileiro, virou cafonice. O fascínio pela voz encorpada, pelo virtuosismo, nunca deixou de existir, vide a vida longa dos programas de calouros. Difícil é equilibrar o suposto (palavra da moda) refinamento e a "vontade de potência".
Uma tentativa do público foi gostar de Wilson Simonal. Até hoje há quem jure que Simonal foi um grande cantor. Mas como é possível alguém ser "grande" com uma obra baseada em pérolas como "Mamãe passou açúcar ni mim", "Pra ter fon fon trabalhei trabalhei", ou "Meu limão, meu limoeiro, meu pé de jacarandá"? Equivale a acreditar que Frank Sinatra seria o The Voice (noutro sentido) mesmo que só cantasse Cheek to Cheek, ou os Beatles se fizessem à base de Ob-la-di, Ob-la-da e All Together Now.
Simonal realizava uma fantasia do entretenimento brasileiro que ligava o "suposto" bom gosto a um, mais suposto ainda, know how gringo. Simonal era mestre em criar a ilusão de domínio técnico, muito calcada, justamente, no uso da voz encorpada, das... firulas vocais.
Lá como hoje, o padrão era o "american way" de cantar e de entreter. Nossa fama de antropofágicos é bem discutível, vamos combinar. Copiar os gringos, seja "jazzificando" ou "gospelizando" sempre nos causa um frêmito. Mas vai botar alma no negócio, pra ver que difícil que é. O inconsciente fala a língua materna. Copiar não é para amadores.
Os jurados, pra não dizer que não falei de júri, também não têm novidade nenhuma no The Voice versão nacional. O fake sempre foi norma nos concursos televisivos tupiniquins. Aracy de Almeida, Elke Maravilha, Pedro de Lara, todos, sem exceção, descarados personagens. Montagens: é tudo "de mentirinha".
Chacrinha, o animador do programa de auditório mais famoso que já tivemos, dizia "na televisão brasileira nada se cria; tudo se copia".
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