Saturday, October 05, 2024

Ele está entre nós


Bruno Mars chegou ao Brasil para uma série de 15 shows em 5 cidades.

O primeiro deles, fechado e beneficente, aconteceu terça-feira, no Tokio Marine Hall em São Paulo e arrecadou R$ 1 milhão para as vítimas das enchentes do Rio Grande do Sul.

Ontem teve o primeiro show 'de arena', um dos seis que vão lotar o estádio do Morumbi.

Lotar, aqui, significa que todos os ingressos postos à venda foram vendidos. O Morumbi, que em dia de jogo pode receber 85 mil pessoas, para espetáculos musicais deixa entrar até 65 mil.

O Engenhão, no Rio, suporta 40 mil pessoas. Três noites.

O Mané Garrincha, em Brasília, 72 mil. Duas noites.

No Couto Pereira, de Curitiba, 40 mil. Mais dois shows.

No Mineirão, 61 mil.

Tudo SOLD OUT.

Feitas as contas, quase 800 mil brasileiros vão ver o Bruninho.

O Rock in Rio, com 750 artistas, levou 730 mil pagantes ao longo de sete dias e 500 horas de programação.

É um fenômeno, não resta dúvida.

Um fenômeno mundial. Bruno lotou o Tokyo Dome cinco vezes em outubro de 2022 e voltou em janeiro de 2024 para outras sete apresentações. O Tokyo Dome tem 55 mil cadeiras.

Em todo lugar, o resultado é mais ou menos o mesmo. A turnê mundial, já há quase dois anos, está concentrada nos países asiáticos, provavelmente uma demanda que ficou represada dos tempos de pandemia. Sempre em estádios gigantescos. Sempre superlotado.

Um fenômeno que, curiosamente, não alcança com a mesma força a que estávamos acostumados, décadas atrás, os chamados 'grandes meios de comunicação' e, portanto, passa, muitas vezes, longe dos radares de quem não tem o 'perfil' de apreciador do Bruno Mars.

Veja o que estou querendo dizer: no tempo da Madonna, do Frank Sinatra, do Michael Jackson ou da Whitney Houston, quem gostasse ou odiasse um deles, se via exposto quase que em igual proporção à divulgação de seus nomes, acontecimentos, imagens, etc.

O diferencial acontecia entre quem gostava e quem não.

O empresário do Elvis mandou fazer e comercializou bótons escrito I HATE ELVIS para faturar em cima da parcela da população que detestava o Elvis. Ganhou uma grana considerável.

Agora, a diferença está entre quem já ouviu falar e quem não. Porque os 'meios de comunicação' passaram por um processo de pulverização. Sendo assim, um cara que arrasta quase 800 mil pagantes paras seus shows aqui pertinho das nossas casas, ainda continua sendo um artista 'de nicho'. Apenas porque, no atual modelo de negócios da indústria de entretenimento, só existem nichos. Nichos enormes e pequenos nichos. Mas tudo, e cada qual, em seus nichos.

Só pra fechar o raciocínio: Bruno gravou há poucos meses uma música em 'colab' com a Lady Gaga. O 'tamanho' da Lady Gaga na indústria é muito menor do que o 'tamanho' do Bruno. E, provavelmente, mais gente sabe quem é a Lady Gaga do que sabe quem é o Bruno. Provavelmente porque a Lady Gaga é, além de cantora, atriz de cinema e o cinema ainda está longe da pulverização que caracteriza a indústria fonográfica atual.

Um artista de cinema ainda é mais 'universalmente' conhecido do que um artista de música. Talvez, uma hipótese, porque os canais de produção e disseminação da música sejam muito - incomparavelmente - mais numerosos do que os do cinema.

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