24 de junho de 2018
Nos filmes de Hollywood sempre que um personagem demonstra dificuldade de superar seus processos de luto, surge alguém pra dizer: 'move on'. O 'move on' nesses filmes representa o senso de realidade que os americanos gostam de dizer/vender que têm. Na real, é uma das muitas maneiras de celebrar o status quo que só os imperadores podem se dar ao luxo. Freud não aprovaria o 'move on' como método de elaboração dos sentimentos relativos às perdas, grandes ou pequenas. O buraco é mais embaixo. No Brasil do golpe há qualquer coisa como um 'moveonismo'. Ele surgiu durante a encenação do impeachment - "a Dilma já era", lembram? - e, pasmem, segue pujante na prisão de Lula. O maior líder político da história do país foi injustamente condenado e aqueles que concentram todas as energias na resistência por sua liberdade são criticados como irrealistas. 'Move on', companheiros! Esse parece o slogan que parte do campo progressista adotou. Sorry, folks, isso aí se chama 'naturalização do arbítrio' sob uma capa plástica de realpolitik. Daquelas capas floridas que cobrem botijões na cozinha. Só que o gás está vazando. O candidato 'moveonista', por excelência, claro, é Ciro Gomes, que vem tocando a vida como se estivéssemos em pleno vigor da democracia. Não estamos. Estamos afundados até as virilhas no pântano do fisiologismo eleitoral brasileiro. Não há nada para 'tocar pra frente'. Só o que 'revolver'. Aliás, 'Tocando em Frente' é um big hit de um compositor aecista até o caroço. Aquela das massas e das maçãs.
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Publicado originalmente no Facebook
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