Para que serve?
Tower Bridge de Londres em construção, 1889. English Heritage/Getty Images. |
Conhecemos a curiosa ausência de sentido que surge em última instância de todas as filosofias estritamente utilitaristas tão comuns e características da primeira fase industrial da época moderna, quando os homens, fascinados pelas novas possibilidades de manufaturar, pensavam todas as coisas em termos de meios e fins, isto é, categorias cuja validade obtinha sua origem e justificação na experiência de produção de objetos-de-uso. O problema está na natureza do quadro de referência categórico de meios e fins, que transforma imediatamente todo fim alcançado nos meios para um novo fim, como que destruindo assim o sentido onde quer que este se aplique, até que, no decurso do aparentemente interminável questionar utilitarista: “Para que serve…?”, em meio ao aparentemente interminável progresso onde a finalidade de hoje se torna o meio de um amanhã melhor, surge a única questão que nenhum pensamento utilitarista pode jamais responder: "E para que serve servir?".
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Hanna Arendt: O Conceito de História – Antigo e Moderno / III. História e Política / Entre o Passado e o Futuro. Coleção Debates / Perspectivas, 2016.
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