28 de agosto de 2016
Alguns amigos e amigas que tenho no Facebook não pronunciam o nome de gente ruim como Eduardo Cunha, ou Aécio Neves, por exemplo. Substituem por trocadilhos, muitos deles engraçados, ou por variações da fórmula "você sabe quem". Um que anda provisoriamente "desnomeado" é o Neymar.
Observo que há um charme místico na atitude de negar a tais figuras nefastas um "nome próprio". Mas, antes de mais nada, o que há é atitude, posicionamento político. Não nomear é o mesmo que expor a figura em sua função e em seus vícios e malefícios.
Percebo que adoto atitude semelhante em duas coisas: nunca escrevo que o golpe de Estado em curso "já está consumado". Quem vai ter que dizer que a democracia foi pisoteada e a Carta Magna foi rasgada são os golpistas e seus apoiadores. Os que "têm nome na praça" e participação ativa na trama e os milhões de anônimos que deram sustentação ao conluio. Eu me nego.
Também não escrevo sobre a responsabilidade da Dilma em sua própria eventual deposição. Já disse e repito: culpada, quem quiser procurar culpados, é a plutocracia brasileira. Cúmplices, esses, se encontra aos montes. Dilma não é nem uma nem outra coisa. Ontem ouvi uma frase que achei definitiva. 'Dilma foi intransigente e não negociou (com os inomináveis). E assim agindo fez exatamente o que cada um de nós teria feito na mesma situação'.
Os senadores, em seus infinitos salamaleques verbais, sabem do poder contido nas palavras. Por isso buscam esconjurar as culpas negando à farsa do impeachment a denominação que "tout le monde" sabe ser a mais apropriada. Em vão. Isso aí tem nome. Isso aí é golpe. E quem assina embaixo cola na biografia o selo: golpista.
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