29 de outubro de 2016 - Comentário ao post anterior
"Empatia" e "compaixão" traduzem experiências de fazer próximo o distante. A síntese da compaixão cristã é o "amai o próximo como a ti mesmo". Ou seja, transferir para o "outro" aquilo que a gente naturalmente sente (por nós mesmos, ou por nossos consanguíneos). A empatia na psicologia é, por exemplo, parte da técnica do analista que, observando suas próprias reações, "adivinha" o sentimento ainda não verbalizado pelo paciente. Quer dizer, são experiências de identificação na alteridade. O oposto de falar para os, de antemão, semelhantes.
Mas fiz uma lista dos verbos que eu usei no post e eles são: gerar (conteúdo), replicar, produzir; assumir; colocar-se; transferir; desafiar; misturar; traduzir; acender; formar. Referem-se todos a ações. E acho que é disso que procurei falar. As semelhanças, ou diferenças, dos "pontos" da rede, ou seja, dos indivíduos, permanecem com eles (conosco). São as nossas ações que nos aproximam ou distanciam (a depender do contexto). Acontece que, na rede, só quando muitos replicam a mesma ação (se reproduzem, copiam, uns aos outros) é que os clusters se formam. Em resumo, sim, só falamos aos iguais. Mas não estamos tratando dos indivíduos ( e suas identidades) e sim da somatória de suas ações. No caso, de seus cliques. Um "Fica Dilma" não produz uma mancha com um "Fora Dilma". No entanto, nos dois casos, a mancha só se forma mediante muitos cliques. Um ponto de rede é praticamente nada.
Conversas entre surdos acontecem o tempo todo. Mas essa descrença na efetividade do diálogo que a vida na internet suscita na gente, acho, vem mais de um pressuposto que creio equivocado. A ideia de convencimento pela racionalidade. Que é a encenação básica dos "diálogos" socráticos ou platônicos. Nesses diálogos, alguém sempre conhece a "verdade", enquanto o outro tem a compreensão toldada pelo encadeamento "defeituoso" do raciocínio. No entanto, não é a "verdade" que conduz o que as pessoas escolhem para suas vidas. E sim seus subjetivos e intransferíveis valores.
Igual e diferente são "estados". São identidades semoventes. A depender de nossas ações, somos parecidos ou estranhos. A rede materializou esse fato da condição humana.
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