10 de novembro de 2016
Sendo melhor, igual ou pior que a Hillary Clinton, Donald Trump é um representante da chamada "Extrema Direita". Fenômeno com o qual ainda não tivemos que lidar para além do histrionismo de figuras que se fantasiam com roupas do exército brasileiro, saem em passeatas de meia dúzia, ou postam vídeos caseiros constrangedores. O que NÃO quer dizer que NÃO estejam em ascensão pelo mundo afora. A França, por exemplo, tem a Marine Le Pen. Se alguém não notou, ela foi a primeira a faturar na mídia comemorando a vitória do alaranjado maluco. Aqui foi o Bolsonaro quem sacou de imediato o potencial que o "alinhamento" à gestão Trump tem para alavancar seus planos eleitorais. O brasileiro, para os EUA, agora, mais que nunca, é apenas um "porco latino" a mais? Of course, my horse. Mas quem disse que a turma do Bolsonaro sonha em ir pra Miami lavar pratos? A Extrema Direita é nacionalista. O barato dessa gente (diferentemente do coxa-creme Ralph Lauren que sonha em viver na gringa) é permanecer no lugar de origem, só que dando as ordens. Ou melhor, dando porrada em quem "subverter" a ordem. Xenofobia, racismo, misoginia, sexismo, ódio de classe, homofobia, violência, tudo isso que compõe a base das sociedades patriarcais do Ocidente e que tem permanecido sob relativo controle desde os pactos universalizantes do pós-Grandes Guerras, lateja a cada dia com mais força, querendo vir à luz. Diferentemente do mero conservadorismo, a Extrema Direita substitui o regramento institucional pela ordem da horda. Não à toa, Bolsonaro é um clã. Assim como os Le Pen. Os Bush do Texas, os Clinton do Arkansas, os Neves de Minas Gerais, ou os Dória da Bahia, formam famílias também, mas nenhum pode ser rigorosamente classificado sob o rótulo "Extrema Direita". É uma completa perda de tempo, nessa discussão, elencar os prejuízos que Bushs, Clintons, Neves ou Dórias causam ao mundo. Disso ninguém duvida. Bobagem igual é imaginar que o Brasil sob Temer terá qualquer relevância no xadrez geopolítico planetário. No limite, é verdade, pra nós não muda nada, se Trump, ou Hillary. A novidade é que, desde ontem, os vermes que infestam as caixas de comentários dos portais da internet all over the world têm um presidente americano pra chamar de seu. Empoderaram o lúmpem. Daí não pode vir nada bom. No país da "cordialidade", do "patrimonialismo", do controle social genocida, o que menos precisamos é de Bolsonaros a mais. Já os temos de sobra. E, no entanto, eles estão se multiplicando. "Give me a break". Não há nenhuma justificativa para minimizar esse enorme problema.
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