Tuesday, November 21, 2023

21 de novembro de 2013

Vamos reconhecer? Brasileiro lincha. Linchar, no Brasil, tem certa aceitação. O padrasto do menino Joaquim, de Ribeirão Preto, por exemplo, escapou por pouco de ser massacrado pela multidão.

O Gaspari escreveu ontem: "Linchamentos [..] são disparados por dois sentimentos. O primeiro, selvagem, é o da Justiça com as próprias mãos. O segundo é produto de uma racionalização que, trocada em miúdos, cabe num simples 'bem feito'".

E completa: (passado algum tempo) "todos os participantes do jogo do 'bem feito' acharão que o malfeito, quando comprovado, foi responsabilidade do 'outro'".

Essa é a garantia do linchador. O crime se dilui no grupo. Sempre é possível dizer que foi o 'outro'.

Agora,

a)
Ao contrário do que se diz, Zé Genoíno não está sendo tratado como 'um preso comum'. Ele é peça fundamental para o plano de execração pública que o STF está criando. Justamente porque NÃO É um 'preso comum'. Um 'preso comum' não rende os dividendos de mídia que Dirceu e Genoíno estão rendendo. O plano não daria certo se o preso fosse (e aqui, em outro sentido) 'outro'.

b)
Ao contrário do que se poderia supor, tratá-lo como um 'preso comum' não melhora em nada a vida dos outros... 'presos comuns'. Assim como num linchamento nada além do surto grupal é atendido. Lembrar dos presos 'comuns' das masmorras brasileiras, ou dos pacientes do SUS em suas intermináveis filas SÓ NESSA HORA é pura de-ma-go-gia!

Em qualquer linchamento o único ganhador É QUEM LINCHA.

É um ganho mórbido. Incompreensível para qualquer pessoa que tenha o mínimo de dignidade moral. Inaceitável para quem pressupõe a existência de qualquer 'outro' além de si e dos elementos do grupo que o acompanhará em seus ataques e fugas primitivos. Quem lincha ganha. Todos os outros perdem.

Porém:

No caso do tratamento que José Genoíno está recebendo há um grande - e claríssimo - beneficiário: Joaquim Barbosa. Se o ex-guerrilheiro e ex-presidente do PT não morrer (pois aí, tudo muda de figura), o ministro terá oferecido a cereja do bolo do banquete dos chacais que começou a ser servido no dia 15 de Novembro de 2013. E esse regalo a rapaziada que lincha decerto tão cedo não irá esquecer.

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