Wednesday, January 17, 2024
17 de janeiro de 2023
Quero crer que as Forças Armadas, assim como as Polícias, estão bravateando quando insinuam destituir o Governo eleito. Elas não dispõem de apoio amplo o suficiente para perpetrar um Golpe comme il fault (se dispusessem, perpetrariam).
Acontece que o pessoal que defende que este é o momento de desmilitarizar a PM, extinguir os exércitos, ou apenas punir exemplarmente comandantes e generais, está blefando também.
Ninguém dá indícios de estar preparado para discutir a verdadeira revolução que seria tirar do centro das decisões as autoridades militares e policiais de um país punitivista e encarcerador como o Brasil.
Tudo fica só no nível da retórica que, por essas bandas, quase sempre descamba pro pensamento mágico.
Nosso buraco, infelizmente, é muito mais embaixo.
Marcadores: Facebook 10 anos
Rolezinho 2014. 4
17 de janeiro de 2014
E ainda sobre os rolezinhos: política não trata das "diferenças". Trata dos "antagonismos".
Marcadores: Facebook 10 anos
Monday, January 15, 2024
Rolezinho 2014. 3
O 'NEGÓCIO É FARRA'?
No caso dos rolezinhos, fica cada vez mais claro que há uma disputa de narrativas em curso. Ganha quem explicar melhor a "verdadeira" motivação dos meninos e meninas que comparecem às invasões nos shoppings.
Independente, no entanto, daquilo que os venha mobilizando, esses jovens praticaram, antes de mais nada, uma ação.
E a ação coletiva, ainda que seja decidida por pessoas individuais pelos mais variados motivos, só pode ser efetivada mediante algum esforço conjunto em que a motivação de cada um deixa de contar, de modo que a homogeneidade de origem deixa de ser um requisito.
Agir, no sentido mais geral do termo, significa tomar iniciativa, iniciar, começar, imprimir movimento a alguma coisa.
A ação tem uma sintaxe própria que a conduz do começo ao fim e que está diretamente ligada ao que é mais aparente, mais verificável a "olho nu" (O espaço político, segundo Hannah Arendt é, por definição, o espaço da aparência, daquilo que se mostra e pode ser visto por todos).
A consequência imediata dos rolezinhos é a de interromper o fluxo nos shoppings. Ainda que declarem que estão lá para "tirar umas fotos", "dar uns beijos", "rever os amigos", o efeito concreto é o de uma ação de desobediência, visto que há um conjunto de regras estabelecidas que todos os envolvidos conhecem e praticam e que é posto do avesso.
Por terem se iniciado poucos dias antes que a lei que visava proibir bailes funk em logradouros públicos viesse a ser sancionada pelo prefeito, é lícito supor que os rolezinhos sejam uma resposta a esse novo patamar de criminalização das atividades de lazer da tribo urbana dos funkeiros.
Política é o termo que herdamos dos gregos para designar o espaço artificialmente criado para as discussões referentes ao convívio em coletividade. É o espaço onde os assuntos são disputados, negociados entre os cidadãos. Onde consensos provisórios são pactuados.
Na disputa pela narrativa dos rolezinhos, ganhou força, desde ontem, a versão em que os meninos e meninas querem apenas farra.
O erro básico, parafraseando Hannah Arendt, "é ignorar a inevitabilidade com que os homens se revelam como sujeitos, como pessoas distintas e singulares, mesmo quando empenhados em alcançar um objetivo completamente material e mundano".
Marcadores: Facebook 10 anos
Sunday, January 14, 2024
Rolezinho 2014. 02
https://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/01/rolezinho-nas-palavras-de-quem-vai.html?fbclid=IwAR2YN0k9OiB673tNLnE4rRtdwQ1hqy5RKWTeTZu_H-MyPieJcmqEQm5-WYI
Marcadores: Facebook 10 anos
Rolezinho 2014. 01
11 de janeiro de 2014
ROLEZINHO É AÇÃO POLÍTICA
Não é correto reduzir os "rolezinhos" à sua "profunda ambiguidade": ser demanda igualitária quando contesta a exclusividade de espaços semipúblicos para quem tem dinheiro e, ao mesmo tempo, ao expressar fascínio pelo universo da mercadoria, ajudar a reproduzir a desigualdade contestada. Isso é verdade, como explicou o antropólogo Alexandre Barbosa Pereira ao <brasil.elpais.com> e como lembrou hoje André Singer em sua coluna na Folha. Mas não só.
Na esteira das jornadas de junho, os encontros de milhares de jovens de periferia em shoppings da cidade têm um "modo de fazer" que diz mais, talvez, até, que as demandas explicitadas por seus participantes.
Não se vai ao shopping "dar um rolê" com 5.000 pessoas. Você vai com 5.000 pessoas ao shopping para PARAR o shopping. Nenhum lugar desses tem estrutura para comportar um encontro de milhares de jovens todos-ao-mesmo-tempo e até o porcelanato das paredes das lojas sabe disso. O "rolezinho" vai ao shopping como o manifestante fecha a avenida, como o Ocupa Rio monta suas barracas, como os índios picham o Monumento às Bandeiras. É horizontal como uma passeata do MPL. E é "performance", igual ao black bloc. Negar-lhe essa intencionalidade, ainda que difusa, e mais — carnavalesca, é confinar a ação numa camisa-de-força "antropológica" ou sobrecarregar a análise de preconceito sociologizante. Rolezinho é ação política. Por estar ligada ao funk ostentação ou à vontade de ir ao "templo do consumo", ou mesmo por ser "bagunça", não é menos ação política. E quanto à sua finalidade - parar o shopping - não tem nada de ambíguo.
Sendo assim, a atitude das administrações de shoppings de impedir que outros eventos se repitam teria que estar prevista por essa garotada — necessariamente. Eles não são — e isso não está claro para nós que olhamos de fora — bobos e sabem que em qualquer disputa é preciso haver dois lados. Resta ver o fôlego do impulso político que moveu esses milhares de meninos e meninas. Em negociações sociais, quando uma porta se fecha, outras têm que ser abertas. É importante não perder de vista que o "lado contrário" irá defender sua posição. Cada nova porta só se abre ao ser forçada. Com a chegada da "repressão" iniciou-se um segundo tempo nessa partida. O alcance da "estratégia rolezinho" vai passar por sua primeira prova.
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/01/1396595-policia-usa-bombas-de-gas-e-bala-de-borracha-em-rolezinho-em-sp.shtml
Marcadores: Facebook 10 anos
Sunday, January 07, 2024
7 de janeiro de 2016
Marcadores: Facebook 10 anos