27 de agosto de 2020
O Palmério Dória tuitou, lá em 2016: "Lula dá o caminho das pedras: contra o estado permanente de golpe, só o estado permanente de campanha".
Por caminhos obscuros, Bolsonaro demonstra que conhece a estratégia. Tem levado claques, dessas que só existem em comícios, para as medíocres chegadas em campos de pouso do interiorzão do Brasil. Gritaria igual assim não se via desde os Beatles! E, quando parte, leva consigo a bomba do poço inaugurado, deixa barragem rompida... um Odorico Paraguaçu... piorado e sem graça.
Mas, o que estaria obrigando Bolsonaro ao 'estado permanente de campanha'?
Ora, o estado de golpe a que está submetido!
Bolsonaro é um acidente de percurso na construção da trama que se inicia com Roberto Jefferson em 2005 e chega ao seu desfecho com a deposição de Dilma Rousseff. O maior consórcio de forças da reação já visto nesse país foi quem elaborou, assinou e custeou o 'processo'. Se tivessem alternativa, jamais teriam colocado um pancrácio vocacional na cadeira. O enigma é: quanto de destruição essa elite do atraso pensa que o Brasil suporta? Darcy Ribeiro deve estar de queixo caído lá no Céu, diante do que a gente vê sendo perpetrado cá na terra.
De todo modo, parece claro que Bolsonaro é o sapo em fogo brando. Moro caiu fora. O gabinete do ódio foi desmantelado. Guedes cria a cada dia uma nova situação para ser demitido. Maia e Alcolumbre mordem e assopram na medida exata de comunicar 'quem é que manda'. Como bem notou uma face-amiga, o escândalo da deputada Flordelis é um prego e tanto no caixão do bolsonarismo. Arrasta a Primeira-Dama, Silas Malafaia, o ministro 'terrivelmente evangélico' a ser nomeado pro STF... Tem ainda Rio das Pedras, o filho Flávio... E a eterna sombra de Fabrício Queiroz.
O presidente acidental só tem viabilidade se se mantiver obediente aos patrocinadores. O Mito é o que o nome sempre quis dizer: fantasia. Em seu núcleo duro fica reduzido a um gueto.
Golpes no Brasil são urdidos com calma e perseverança. Não os assusta, aos golpistas, intercorrências durante o percurso. 1964 foi o adiamento produzido pelo suicídio de Getúlio, 10 anos antes. Ficaram no poder por duas décadas, em compensação. Recolheram-se apenas até 2005. E começou tudo de novo.
É o preço a se pagar pela conquista de corações e mentes.
A Direita também lê o Gramsci.
Durma com um barulho desses.