Tuesday, October 31, 2023

31 de outubro de 2015

PROGRAMA DE INDIE

Amiguinhos, acho saudável problematizar o colonialismo cultural presente na festa do Halloween, mas antes eu quero discutir sobre:

Os violões de 12 cordas com levada folk e slide guitar nas músicas do Zeca Baleiro.

O Hammond onipresente nas baladas R&B da Marisa Monte.

O Rhodes Steely Dan do Ed Motta.

A chinfra Beirut da Banda Mais Bonita da Cidade.

Todas as blue notes das emboladas funk do Lenine.

A acentuação oxítona das paroxítonas que transforma todas as palavras em monossílabos na Marina Lima (essa fez escola): "a-chú que o mun-dú... faz char-mííí"...

O forró universitário que, no fundo, é reggae.

A levada Jorge Ben + citação do Zeca Pagodinho sobre plágio do The Temptations do Skank.

O "s" irlandês Connery / Bogart do Helinho do Vanguart.

As roupas de couro preto + botinão do Branco Mello. O terno pimp + corrente de ouro + pulseiras + anéis do Nazi.

A indecorosa ausência de swing nos sambas de Rômulo Fróes e sua turma.

A "vontade féla-da-puta de ser americano" * do Raul Seixas.

Pra ficar apenas em alguns.

E pra ficar só na música! Sem mexer com o cinema do Padilha, os roteiros do Meirelles, os MasterChefs, a produção "genuinamente nacional" de espetáculos tchipo Broadway, ou a Abertura dos Jogos Olímpicos (entre muitos, muitos outros).

Se não for assim, tirar a Bruxa e colocar o Saci, fica parecido com aquele meme da Bela Gil em que você troca uma coisa pela outra só pra fazer uma graça.

P.S. O canal do programa da filha do Gil se chama Globosat News Television. Eu sei, porque, pra postar no Facebook (Menlo Park, San Francisco, CA), eu antes vi no Google (1875, Charleston Road, Mountain View, CA).

P.S. II Na foto, a banda Little Joy, que em português quer dizer: Joinha.

* Caetano Veloso - "Rock'n' Raul".



31 de outubro de 2018

Se o presidente (pausa para risos) Bolsa quisesse cumprir as fusões de ministérios e indicações de fichas-sujas que têm decepcionado parte de seus eleitores, não as estaria alardeando a dois meses da posse. São balões de ensaio que estamos comemorando como o início da derrocada fascista, mas que, assim que ele 'ouvir a voz do povo' e voltar atrás, transmutar-se-ão em vitória. Isto feito, seguem os acordos de alcova, aqueles que, na maior parte do tempo, não chegamos a ter notícia e que decidem os destinos da Nação.

31 de outubro de 2018


1. Uma page de Facebook aglutinou 4 milhões de mulheres em plena campanha presidencial. Esse grupo, tendo sobrevivido a um ataque hacker brutal, viria também a ser a liderança de atos de rua gigantescos por todo o país, para logo em seguida cair vítima de um 'tsunami' difamatório de fake news e receber da mídia tradicional o mais solene desprezo.

2. Antes da denúncia de compra de disparos de WhatsApp via Caixa 2 da campanha de Bolsonaro feita pela Folha de São Paulo, Fernando Haddad e sua família já haviam sido soterrados por outro 'tsunami' difamatório através do mesmo aplicativo. O que fez o poder judiciário? Mandou seguir o baile. O que disse a imprensa? Que não havia nada de conclusivo.

Ataque e silenciamento. A fórmula básica do estupro.

Há muito método nessa loucura, concorda?

O que mais precisaríamos para gritar aos quatro ventos que a principal 'causa' da vitória dos neofascistas brasileiros foi a propaganda ilegal que eles praticaram ao longo de toda a campanha? Não se trata apenas de enganar pessoas suscetíveis. Trata-se de um ataque massivo financiado por dinheiro massivamente equivalente. Crime eleitoral. Ponto.

Por qualquer motivo que nos escapa, os analistas políticos estão tendendo a encontrar explicações no varejo da política. A metáfora 'tsunami' não deveria deixar espaço para ambiguidades. A estratégia utilizada pela campanha de Jair Bolsonaro foi a de terra arrasada. Assim que arrefeceu, impedida pela ação da Justiça e do próprio Facebook e, por extensão, do WhatsApp, os números começaram a mudar. Não há erro de partido, ou situação conjuntural que justifique.

A eleição de Bolsonaro, assim como o impeachment de Dilma Roussef e a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva são três faces de um mesmo golpe. Basta de encontrar outra explicação que não seja a vontade explícita de tomar o poder através da força. No caso, a força da grana. Como se houvesse outra!

31 de outubro de 2018

Ciro disputou alianças e eleições de modo legítimo. De modo igualmente legítimo, os aliados e as urnas preferiram o PT a ele. A insistência em demonstrar que se houvesse outra articulação entre os partidos, escolhendo-o, teríamos vencido Jair Bolsonaro só confirma a desconfiança geral de que o clã Gomes é adepto de uma prática em que a política é sempre resultado da vontade e dos acordos das oligarquias. Os eleitores, nessa fórmula, seguem invariavelmente o líder. Que só cai se for 'traído'.

31 de outubro de 2020


Talvez você não saiba. Isto é um grafo. No caso ele representa os mais de dois milhões de tweets postados durante as 24 horas que se seguiram à publicação do decreto que abriria espaço para a privatização da saúde pública no Brasil.

Com o aplicativo adequado é possível dar zoom na imagem até ver que ela é composta por centenas de milhares de pontos. Cada ponto um usuário, cada conexão entre eles uma interação.

O espaço identificado pelo número 1 é o Bolsonarismo, em completo isolamento com apenas 3,8% dos atores que debateram o tema. Surra histórica.

Esse é um modo de funcionar das mídias sociais que o documentário O Dilema das Redes, convenientemente não aborda. O momento em que o 'consumidor', monitorado em todos os seus 'passos' enquanto navega, mergulha numa grande onda de mobilização. O grafo 'fotografa' o instante em que a rede, que é social, ganha atributos de espaço político e, consequentemente, confere poder ao coletivo.

Pensando apenas no mês de outubro, Facebook, Twitter e assemelhados expuseram o desvio de 7,5 milhões para programas coordenados pela primeira-dama, as inconsistências do currículo do futuro ministro Kássio Nunes, a absurda aglomeração promovida pelo véio da Havan em Belém, o senador da República flagrado com dinheiro escondido 'between his buttocks', a contratação imoral do jogador Robinho pelo Santos Futebol Clube, a ridícula mentira de Bolsonaro ao dizer que a corrupção 'acabou', a bravata de Bolsonaro ao prometer não comprar as vacinas do Instituto Butantan, sem esquecer, claro, o recuo de Bolsonaro no decreto que previa a criação de plano de concessões à inciativa privada para UBSs do SUS.

É evidente que até mesmo as grandes ondas de compartilhamentos podem ser manipuladas, como hoje sabemos pelas vitórias eleitorais de Brexit, Trump e Bolsonaro. O diferencial é que elas só funcionam à base de fraude. Mobilizações como a que o grafo deste post registra, ao contrário, surgem de todos os lados, comprovando que a metáfora da 'rede', esse objeto ancestral que não tem centro nem direção, descreve muito satisfatoriamente o organismo que chamamos de internet.

imagem e informações by @Pedro_Barciela

Sunday, October 29, 2023

29 de outubro de 2018

 Não há qualquer traço de legitimidade na eleição de Jair Bolsonaro. A campanha recebeu dinheiro não contabilizado de empresas e o utilizou para comprar bancos terceirizados de contatos telefônicos através dos quais disseminou automatizadamente fake news sobre o candidato adversário. É um blend viscoso de crimes eleitorais. Apenas um deles seria suficiente para impugnar a candidatura. Não bastasse isso há a prisão arbitrária e inconstitucional de Lula, aquele a quem as pesquisas indicavam como o preferido do eleitorado. Antes disso, ainda, devemos lembrar do caráter fraudulento do impeachment de Dilma Roussef que envolveu 'compras' de deputados e senadores. Por fim, a participação direta do Poder Judiciário nas chicanas e chantagens cometidas ao arrepio da lei durante todos esses processos e que encontrou na página de Facebook da esposa do juiz Sérgio Moro a sua mais completa tradução. Pra não falar da facada sem sangue e sem relatório médico, mas com tiroteio entre policiais em disputa por uma valise de dinheiro em pleno estacionamento do hospital onde trabalha o cirurgião que atendeu Bolsonaro em Juiz de Fora.

#TaTudoDominado #ChameOLadrão #ForaBol卐onaro #ImpugnaçãoJá

29 de outubro de 2016 - Comentário ao post anterior

"Empatia" e "compaixão" traduzem experiências de fazer próximo o distante. A síntese da compaixão cristã é o "amai o próximo como a ti mesmo". Ou seja, transferir para o "outro" aquilo que a gente naturalmente sente (por nós mesmos, ou por nossos consanguíneos). A empatia na psicologia é, por exemplo, parte da técnica do analista que, observando suas próprias reações, "adivinha" o sentimento ainda não verbalizado pelo paciente. Quer dizer, são experiências de identificação na alteridade. O oposto de falar para os, de antemão, semelhantes.

Mas fiz uma lista dos verbos que eu usei no post e eles são: gerar (conteúdo), replicar, produzir; assumir; colocar-se; transferir; desafiar; misturar; traduzir; acender; formar. Referem-se todos a ações. E acho que é disso que procurei falar. As semelhanças, ou diferenças, dos "pontos" da rede, ou seja, dos indivíduos, permanecem com eles (conosco). São as nossas ações que nos aproximam ou distanciam (a depender do contexto). Acontece que, na rede, só quando muitos replicam a mesma ação (se reproduzem, copiam, uns aos outros) é que os clusters se formam. Em resumo, sim, só falamos aos iguais. Mas não estamos tratando dos indivíduos ( e suas identidades) e sim da somatória de suas ações. No caso, de seus cliques. Um "Fica Dilma" não produz uma mancha com um "Fora Dilma". No entanto, nos dois casos, a mancha só se forma mediante muitos cliques. Um ponto de rede é praticamente nada.

Conversas entre surdos acontecem o tempo todo. Mas essa descrença na efetividade do diálogo que a vida na internet suscita na gente, acho, vem mais de um pressuposto que creio equivocado. A ideia de convencimento pela racionalidade. Que é a encenação básica dos "diálogos" socráticos ou platônicos. Nesses diálogos, alguém sempre conhece a "verdade", enquanto o outro tem a compreensão toldada pelo encadeamento "defeituoso" do raciocínio. No entanto, não é a "verdade" que conduz o que as pessoas escolhem para suas vidas. E sim seus subjetivos e intransferíveis valores.

Igual e diferente são "estados". São identidades semoventes. A depender de nossas ações, somos parecidos ou estranhos. A rede materializou esse fato da condição humana.

29 de outubro de 2016


Vira e mexe tem alguém disposto a "nadar contra a corrente" no Facebook. Não é apenas rematada tolice. É sistemicamente inviável. Pois, veja que simples, não há "correntes" na world wide web. A metáfora de "rede", ou "teia", para descrever a internet é muito precisa. Trata-se de uma malha dotada de (não) orientação horizontal. O famoso "rizoma". Todos os pontos se equivalem até que, a partir de um deles, seja gerado qualquer conteúdo que replicado por inúmeros outros produza uma "mancha". A Internet se parece mais com um enorme painel de luzes que podem assumir as cores umas das outras. Pela equivalência dos pontos é mais ou menos como se experienciássemos o que em linguagem comum é conhecido como "colocar-se no lugar do outro". Os cristãos deram a essa experiência fundante do processo de humanização o nome de "compaixão" (padecer, ou passar, junto). A psicologia fala em "empatia". Os estudiosos da internet chamam as manchas de "cluster". Os músicos têm muita familiaridade com o termo cluster. É, por exemplo, o borrão sonoro que se produz apertando ao mesmo tempo várias teclas do piano com as palmas das mãos. As notas envolvidas tornam-se, no cluster, indistintas, só valem como elemento da "mancha". Há uma série de sucesso, sense8, que trabalha com a ideia de "empatia". Os personagens de sense8 têm o poder de se transferir uns para os corpos dos outros. sense8 é criação da mesma dupla de irmãs que produziu e dirigiu a trilogia Matrix. Aquele mundo conduzido pelas técnicas de dominação continua, no novo projeto das Wachowski, a ser desafiado por indivíduos que se somam, que se misturam em formas de manchas, que se traduzem uns aos outros. Que acendem uns aos outros, nós de redes, formando grafos de compartilhamento, compaixão e empatia.

Grafos produzidos pelo Labic UFES


Friday, October 27, 2023

Sionismo e revolução política: uma entrevista com Michel Gherman


Em tempos de guerra, como diz a máxima, a primeira vítima é a verdade. Nós, que trabalhamos com informação, precisamos redobrar a atenção para não nos entregarmos a propagandas de lado a lado. Tenho notado que o uso da palavra "sionismo" talvez não seja correto do modo como está sendo feito. O debate público parece ter conferido à palavra uma conotação intrinsecamente ruim. Vamos começar pelo começo: o que quer dizer sionismo?

Essa é uma pergunta que parece simples, mas não é. Sionismo é a constituição de uma revolução política e identitária dentro da percepção do que é ser judeu. Eu gosto do que o autor Stuart Hall [1932-2014] diz quando afirma que identidade é sempre um conceito em rasura. Quando você pensa sobre ele é porque ele já não existe de maneira total. No final do século XIX, havia grandes questões na Europa e no Norte da África. Dentre elas a mais disruptiva era a do nacionalismo. Formação de estados, de sociedades e de identidades nacionais. Dentro dessa grande questão, havia outras, maiores ou menores. Uma delas era a chamada questão judaica.

As grandes questões vinculadas ao início da expansão imperialista e a consolidação de novos nacionalismos, junto com crises econômicas e avanço a leste da industrialização, levaram a uma questão subjacente a questão do nacionalismo: A questão judaica. Os judeus, naquele momento grupo vulnerável e vítima de discriminação em várias sociedades, eram das maiores vitimas das mudanças estruturais que balançavam a Europa. Crises econômicas e políticas, deslocavam massas de judeus pela Europa inteira. Calcula-se que mais de um milhão deles circulavam pelo continente europeu e pelas Américas. Aos poucos o antissemitismo aumentava, como uma reação a migrantes e refugiados no continente. A questão judaica passou a ser dividida em dois pontos: O que fazemos com os judeus e o que os judeus fazem de si. A resposta à primeira parte da pergunta foi complexa. Desde soluções liberais até socialistas. Judeus deviam ser integrados às sociedades e ganhar cidadania, por exemplo. Ou, de outro lado, judeus deveriam integrar-se às lutas operárias de seus camaradas operários não judeus. Claro, o Estado e a ordem instituída davam proeminência a perspectivas assim isolacionistas. Se os judeus deixarem de ser judeus, acaba a questão judaica. Mas não era verdade. A perspectivas integracionistas esbarravam no antissemitismo estrutural. Outra opção surgia no horizonte: tratar os judeus como ameaça. Mantê-los como cidadãos (ou súditos) de segunda classe ou livrar-se deles era uma das referencias que surgiam a partir da segunda metade do século XIX. Do outro lado, os judeus também tentavam resolver a questão judaica. A partir de suas perspectivas. Posições políticas se consolidavam. Desde perspectivas integracionistas (assimilação) até isolacionistas (ortodoxia). Nesse momento foi quando surgem várias das identidades judaicas modernas que conhecemos. Judaísmo como religião, judaísmo como cultura e, no caso do sionismo, judaísmo como nacionalidade. Uma resposta rápida seria essa: Sionismo seria compreensão do nacionalismo como nacionalidade. Dentro dessa percepção surgem várias correntes do sionismo, tenho um livro que explica esses detalhes ["O Início do Sionismo no Brasil", Editora Unifesp, 406 pgs]. Mas a pluralidade do sionismo é tão grande que há setores rivais que não se mantém sequer na mesma estrutura. O movimento sionista vai desde grupos de esquerda radical, que propõem uma revolução socialista árabe judaica em um Estado palestino / judeu confederados, até correntes de extrema direita ultra militarizadas. Com os desenvolvimentos históricos, o aumento do antissemitismo na Europa, a ascensão do nazismo e a guerra com os árabes palestinos, correntes específicas foram se hegemonizando. Dessas o sionismo trabalhista foi o que criou Israel como Estado e a partir do modelo de Estado territorial e nacional. A partir dos anos 1970, foi justamente o sionismo revisionista, de direita, que se fortaleceu e tornou-se hegemônico. Aos poucos, foi-se indo, com esse sionismo para perspectivas da extrema direita e é esse o governo que temos hoje em Israel. Entretanto, importante marcar, o sionismo sempre foi plural e com muitos tensionamentos entre grupos internos. Hoje a extrema direita sionista desqualifica a esquerda sionista, tratando-a como "alguém de fora do movimento", curiosamente faz o que a esquerda faz com os mesmos sionistas de esquerda. As opções concretas de resgate da vida com dignidade para palestinos e judeus da região estão, a meu ver, nos setores sionistas e pós sionistas da esquerda. Estes desconsiderados por reacionários que hoje estão no poder em Israel.

Estamos usando a palavra de forma equivocada?

Eu acho que estão usando de forma simplificada ou parcial. Ao se falar de sionismo sempre se usam referências da direita sionista. Fala-se de Theodor Herz (tido como fundador do sionismo e favorável e referências imperialistas) como figura absoluta ou da extrema direita no poder como referência máxima do sionismo. Isso fortalece a direita sionista e enfraquece as perspectivas progressistas do movimento. Há outra questão importante: entende-se o sionismo como um programa absoluto. Assim, tem-se a ideia de uma sociedade corporativa onde esquerda e direita funcionam de comum acordo em um simulacro de disputas e discordância. Essa perspectiva conspiracionista (filha de referências antissemitas) vê quaisquer disputas internas no interior de Israel como fingimento sionista. Ou mesmo conquistas cidadãs como acordos internos para propaganda liberal e não parte de esforços de grupos minoritários, aqui vem, por exemplo, o caso do pink washing que desconsidera resistência dos grupos LGBTQIA+ contra perspectivas reacionárias da sociedade israelense. Por fim, retira-se agência dos palestinos que estão em diálogo com o sionismo (de diversas formas) desde o fim do século XIX.

Você se considera sionista?

Cultural e politicamente, sou sionista. Estou na esquerda do movimento. Considero que a formação de um Estado Palestino com segurança e dignidade ao lado de Israel é parte dessa agenda. Considero também um horizonte de confederação palestina-israelense no futuro como possibilidade. Mas, mais que tudo, hoje considero urgente e fundamental o fim da ocupação militar e civil de israelenses nos territórios palestinos. Essas posições são, a meu ver fundamentais em meu sionismo. Claro, a direita sionista não vai concordar e a extrema direita sionista vai desqualificar meu sionismo. Por isso é importante o diálogo sobre isso com a esquerda brasileira.

Escutei você dizer num podcast que sua identidade mais marcada é a de ser judeu. O que essa dimensão de sua identidade confere de melhor e de mais bonito à forma como você se implica na vida?

Meu judaísmo é dialógico e plural. É o judaísmo da tradição oral. Da leitura criativa das fontes escritas. Meu Judaísmo inclui minorias, inclui debates, enxerga minorias como parte do todo. Meu judaísmo percebe a diáspora como referência de identidade, de criação e de pontes. Além disso, vê Israel como projeto universal e não de gueto isolacionista e supremacista. Meu judaísmo é da judeidade de Buber, Levinas, Albert Memi e Libovitz. Meu judaísmo é árabe- judeu como os Panteras Negras eram. É da resistência de [Mordechai] Anilewicz contra os nazistas no Gueto de Varsóvia. É o judaísmo de Shulamit Aloni [1928-2014] com as fontes judaicas na mão e com a revolução na cabeça. Meu judaísmo é de Hershel [Grynspan] ao lado de Martin Luther King marchando pelos direitos humanos. Meu judaísmo é o que exigiu que Yara Ivelberg fosse respeitada depois da morte como combatente contra a ditadura. O que se negou a enterrar Herzog, o jornalista judeu, como suicida depois de torturado e morto pelos heróis de Bolsonaro. Meu judaísmo fez com que entendesse o quão nazista Bolsonaro era e, desde o início, meu judaísmo me exigiu que eu me perfilasse ao lado dos jovens na porta da Hebraica denunciando o fascismo que se preparava para tomar esse país de assalto com a cumplicidade de suas vítimas históricas. Meu judaísmo chora muito os inocentes vítimas da barbárie do Hamas e os civis mortos pelos bombardeios em Gaza. Sou o que sou pelo meu judaísmo. Meu judaísmo não é apenas o da sacralidade espiritual, mas o que sacraliza as vidas em todas suas formas. Meu judaísmo é do cotidiano. Tem um debate rabínico em que se discute se alguém que não crê no Divino pode dirigir as rezas judaica. Esse é o judaísmo que me interessa. Meu judaísmo se constituiu lendo [o poeta palestino] Mahmud Darwish e [o poeta israelense] Yahuda Amichai [1924-2000]. Imaginando um encontro entre suas poesias. Meu Judaísmo irrita os fascistas, está no exílio de Espinosa e na voz de Shikma Bressler [cientista israelense]. É o judaísmo da comida árabe na casa de minha vó libanesa na praça Saens Pena e das sinagogas sefaraditas. É o judaísmo racional de Maimonedes [filósofo] e o judaísmo atávico e irracional de Arna no campo de refugiado de Jenin. Meu judaísmo é colérico como o dos profetas, que diziam que os reis estavam nus. É o judaísmo de sente cheiro de antissemitismo a quilômetros de distância e que vomita de nojo (literalmente) com racismo e homofobia. É um judaísmo que resiste pela perseguição aos de dentro e aos de fora. É judaísmo em hebraico. Mas também em português. Um judaísmo em Árabe e iídishe. Tudo ao mesmo tempo. Uma salada de tabule e Guefilte Fish [comida típica da culinária judaica da Europa oriental] no mesmo prato. Um judaísmo que pode sentir as dores da Inquisição e da Shoá, ao mesmo tempo que se dói com a escravidão e o genocídio negro dos corpos não enterrados por mais de 300 anos no subterrâneo da Gamboa. É do humor e da tristeza, da raiva e da calma. Um judaísmo de Jerusalém que vai a Ramallah. Um Judaísmo que espera poder receber os meus amigos de Ramallah em Jerusalém. Mas que, por enquanto, os leva para ver o jogo do Flamengo no Maracanã quando eles vêm ao Brasil.

Judith Butler vai argumentar, pelo que entendi, que é justamente sua judeidade que a impede de apoiar o colonialismo de Israel. Você concorda com ela? E o que seria a judeidade nesse sentido?

Ela está falando de um Ethos judaico, de um sentir-se judeu. Ela está falando do que Arendt falava em seu [livro] Rahel Varnhagen. Um lugar de quem está fora, mas parece dentro. Quase a dimensão do estrangeiro de [Georg] Simmel; essa é a judeidade da qual Butler falava. Mas acho mais que isso. Tem uma obra da Hanna Arendt, nos seus "Estudos Judaicos", em que ela fala do suicídio. Interessante não? Arendt fala do suicídio em um trabalho sobre identidade judaica. Acho que a interdição radical que a tradição judaica tem do ato de suicídio é muito mais suspeita do que se pode imaginar. Mas Arendt fala sobre um judaísmo estabelecido nos fortes laços com a diáspora. Investido de diáspora em seu âmago. Quando a experiência diaspórica é negada ao judaísmo europeu, quando o nazismo se produz como a "solução" para a questão judaica, aí nota-se, na pesquisa de Arendt, uma epidemia de suicídios entre os judeus europeus. Suicídios no sentido estrito e suicídios em vida. Butler, a meu ver, fala disso. De como é importante o ethos judaico para a tradição judaica. A cultura judaica, a judeidade, o ser judeu, a judeidade o sentir-se judeu de Albert Memmi [1920-2020]. Acho que Butler aponta que o judaísmo sem a judeidade é uma espécie de morte em vida. Uma espécie de suicídio. Nesse sentido, concordo com ela. Sou judeu e sionista justamente porque me oponho à colonialidade da ocupação. Me solidarizo com a luta palestina enquanto sionista, enquanto judeu no sentido amplo, e não apesar disso. Em 1967, Yeshayau Leibobitz, um judeu ortodoxo e sionista, foi prestar solidariedade contra o fechamento da universitade de Bit Zeit em Ramallah, cidade recentemente ocupada por tropas israelenses. A judeidade é um remédio contra o colonialismo, e a colonialidade da ocupação é um veneno contra o sionismo. Uri Ram, sociólogo israelense, chama isso de neo-sionismo, uma perspectiva autoritária e messiânica de identidade nacional judaica. O problema é que ela hoje se apresenta para fora e para dentro como sionismo verdadeiro. São hegemônicos. Por isso é tão importante apoiar o sionismo contra-hegemônico, o maior inimigo da atual extrema-direita israelense. Sobre Butler, permita contar uma pequena história. Um dia nos encontramos em uma padaria em São Paulo. Foi naquele período trágico de ascensão do bolsonarismo em que ela seria atacada pelos fascistas na cidade. Bom, duas coisas queria contar desse encontro. A primeira, uma curiosidade: perguntei o que ela comeria e ela pediu qualquer coisa sem camarão ou presunto. A segunda questão foi a importância, segundo ela, de sua militância ser na esquerda judaica. Ela disse que não conseguia encontrar seus parceiros de luta em posições antissemitas na esquerda. Dois pontos muito reveladores e importantes: A judeidade está presente na luta anti-ocupação, mas também em hábitos alimentares. E na sensação de traição que judeus de esquerda sentem no antissemitismo desse lado do mapa político.

Me parece que o grande problema das ações do governo ultra liberal de Israel não é o sionismo, mas o liberalismo. Não é mais por superioridade demográfica, mas por mercado, embora isso nunca seja colocado. Não sei se estou certa, queria ouvi-lo, mas essa linha de pensamento me faz entender a proximidade entre um governo nazi-fascista, como foi o de Bolsonaro, com lideranças do atual governo de Israel. Bolsonaro negou o Holocausto, posou ao lado de um homem vestido de Hitler, seu governo fez uso de símbolos da supremacia branca e nada disso incomodou o governo de Netanyahu. Você concorda com essa linha de associações?

Eu acredito que o governo atual de Nethanyahu seja de extrema direita. Em Israel isso se expressa em perspectivas messiânicas, supremacistas, fundamentalistas, eficientistas e militaristas. O judeu imaginário, que conhecemos tanto no Brasil, se reproduzindo em Israel. O judeu verdadeiro, o israelense verdadeiro na Israel da extrema direita, é branco, religioso fundamentalista, ultra capitalista (membro da tal start up nation) e militarizado. É o perfil do colono que vive nos territórios ocupados. Esse colono ocupou o imaginário publico em Israel. Não é casual que o ministro da economia seja membro de um partido de extrema direita religioso. Mas também não é casual que o ministro da segurança pública seja um politico claramente fascista acusado de terror. Não podemos esquecer que os inimigos deles são os palestinos, mas também os judeus liberais, de esquerda e seculares. A guerra interrompeu as manifestações contra Bibi Nethanyahu em um momento de sua radicalização. Tivemos casos em Yom Kipur que poderiam nos levar, não fosse os atos bárbaros do Hamas, a uma guerra civil entre esquerda e direita em Israel. Ou melhor dizendo, entre conservadores e liberais. Já não acredito no fascismo e no nazismo como elementos com coerência ideológica. Estou mais disposto a pensá-los hoje a partir do que Enzo Taverso chama de pós nazismo. Isso seria uma subjetividade nazista, uma percepção de mundo supremacista, branca, cristã fundamentalista, ultra liberal (sobrevivência do mais forte) e militarizada (milícia mais que exército). Nesse sentido, para tornar-se parte efetiva dos mundos dos fortes, a extrema direita israelense precisaria se aproximar da extrema direita mundial. Inclusive da extrema direita não nazista. É isso que ela está fazendo com decisões, dentro, com perseguição a judeus progressistas, palestinos e enfraquecimento do sistema legal israelense. E, fora, com aproximação forte com Boslonaros, Trumps e Orbans.

Tenho sentido que meus amigos da comunidade judaico-israelense que fazem parte da esquerda política brasileira estão desesperados por não ter a dor deles reconhecida diante dos ataques terroristas do Hamas. Fico imaginando que deve ser desesperador que um povo que passou por tudo o que sabemos, que carrega em sua identidade sofrimentos profundos a respeito da falta de reconhecimento da dor e da falta de apoio do mundo diante de um genocídio, tenha ainda que pedir por ele. Como mediar esse abismo que parece existir, embora não devesse, entre o pedido pelo reconhecimento de uma dor legítima e a necessidade de falarmos sobre a morte de civis palestinos?

Mas esse parece ser um problema de nossos tempos. A disputa das dores. Como se houvesse possibilidade e necessidade de comparações de dores. Entretanto, há mais do que isso, é como se a perspectiva política devesse ser estabelecida por esse shopping center de dores expostas nas lojas. Dores, cadáveres e sofrimento que estão pornograficamente à venda. Comparamos, olhamos e compramos. A bandeira que carrego tem relação com a dor que mais senti. Não com o projeto que pretendo estabelecer, não com as utopias que quero perseguir. Mas com a pedagogia da dor. E somente dela. Dor, morte e sofrimento como mercadorias em exposição. Agora, veja, meu projeto é inverter essa equação, estabelecer um projeto de transformação, sonhos e vida. Note, nem vou disputar com a direita e a extrema direita pânico, medo e sofrimento porque eles baseiam sua gramática política nisso. E ali eles ganham. Mercadores de transformação somos nós, de medo e ressentimento são eles. Genocídios e crimes coletivos não podem virar abraços de urso. Temos que superá-los. Produzir uma pedagogia anti-genocidária, e não o gozo com as palavras que se ligam ao genocídio. Aqui vai outra variável, serve como prática política. A extrema direita coloniza setores judaicos, transformando-os em brancos, militarizados, fanáticos religiosos e ultra capitalistas; ou seja, transformando-os no que o Ben Gvir é. Fazem isso em troca de, como todo processo de colonização faz, sentimento de maioria e poder. Enquanto setores da comunidade judaica batem palma para esse discurso, como aconteceu na Hebraica do Rio, outros setores se revoltam contra isso, como aconteceu na porta da Hebraica do Rio.

Qual o maior erro possível?

O apagamento dos que resistem e a transformação dos que estão dentro em "representantes verdadeiros da comunidade judaica". Isso seria a maior vitória do colonialismo da extrema direita. Do fascismo. O que parte importante da esquerda fez? Justamente isso. Passou por cima dos que resistiram e olhou para os que estavam dentro como porta-vozes da comunidade judaica. O que aconteceu no dia 7 de outubro foi parecido com isso. Um grupo reacionário e profundamente antagonista dos setores mais progressistas da causa palestina produziu um massacre sem proporções em Israel. Eu não tenho nome pra isso, porque não foi só um ato de terror. Foi mais que isso. Mortos com tons de crueldade, crianças na frente dos pais e mães, pais e mães na frente de seus filhos, idosos, pessoas com deficiência... um massacre. Me chamou a atenção a quantidade de pessoas com deficiência assassinadas. O Hamas pegou os vulneráveis como método. Isso sem falar dos jovens na festa, pessoas em Kibutzim. Um massacre. Não é possível relativizar. Essa dor é terrível. Centenas pessoas sequestradas, também crianças e idosos se destacam nesses números. Não é possível fazer nada a não ser solidarizar-se com as vitimas desse massacre. Pronto. Tenho visto que setores da esquerda acionam Fanon e anti-colonialismo para relativizar o massacre. Agora note, mais uma vez está-se produzindo o silenciamento das vítimas, dos progressistas, e justificando-se o massacre por conta da ação da extrema -direita no poder. Ou pior, produzindo-se uma perspectiva de continuidade que justificaria o assassinato de civis israelenses. Quem é o Hamas? Um grupo que negociava com Bibi [Netanyahu] até meses atrás. Um grupo que serviu se carcereiro dos palestinos nas políticas de Nethanyahu. Mas há mais do que isso. Hamas é um grupo que promoveu um golpe contra o Fatah [grupo político palestino] em 2007 e, logo depois, promoveu uma matança de militantes de esquerda palestina na Faixa de Gaza. Centenas, talvez milhares, jogados de prédios e enforcados. Apoiar esse grupo que negociava com a direita em Israel até há pouco, que tem um projeto reacionário e antissemita, que matou e exterminou palestinos que deles discordavam, um grupo que promoveu o massacre que vimos, é o abraço de urso de uma esquerda que se reivindica anticolonial mas que é apoiadora da barbárie. De outro lado, a resposta insana (pra usar as palavras do presidente Lula) do governo de Israel é a barbárie respondendo à barbárie. Vingança como política. Ausência de estratégia e barbárie como método. A morte e a destruição de homens mulheres e crianças de Gaza é de doer a alma de qualquer pessoa que não a tenha perdido. Hamas e Nethanyahu continuam dançando, de maneira mais radical do que antes. Sentir a dor de ambos os lados, fugir de uma lógica binária e emburrecedora, avançar em conquistar sonhos e investir na construção de uma solução justa e digna para palestinos e Israelenses é a única opção para uma esquerda se se pretende transformadora. O resto é entrar em agendas fascistas, reacionárias e fundamentalistas. O resto é o sucedido programado da esquerda.

A partir desse ponto em que estamos, o que você acha que poderia ser feito em nome de alcançarmos a paz e o convívio de duas comunidades que têm tanta coisa em comum, como a israelense e a palestina?

Para trazer uma resposta curta para uma questão longa e complexa: é preciso construir o diálogo possível. E esse diálogo não está nem com a extrema direita israelense, nem com o Hamas. É preciso interditar esses dois grupos. Ajudaria muito se, fora de Israel e da Palestina essa fosse a demanda central das esquerdas. Para além das demandas imediatas: retorno imediato dos reféns nas mãos do Hamas, fim dos bombardeios na faixa de Gaza e em Israel; precisamos fortalecer agendas positivas. Acordos e reconhecimento mútuo de Israelenses e Palestinos. Fim da colonização e da ocupação e construção de dois Estados em paz e segurança vivendo lado a lado. A derrota do Hamas e da extrema direita israelense será a vitória de perspectivas progressistas do mundo inteiro. Contraditoriamente a esse lamaçal moral que vivemos, temos uma oportunidade histórica de avançar nessa direção. A boa notícia é que as pesquisas de opinião mostram isso: 86% dos judeus israelenses querem a substituição desse governo. Por outro lado, 80% nos palestinos com cidadania israelense se colocaram contra o ataque do Hamas, em uma pesquisa recém divulgada pela Universidade Hebraica de Jerusalém. A situação na Cisjordânia não deve ser muito diferente. Devemos ajudar a dar voz a essa maioria pouco representada no atual quadro. Assim, interditaremos os grupos que promovem a tragédia onde israelenses e palestinos estão afundados e investirmos em mais sonhos e transformação, ao invés de ficarmos presos no luto e na vingança.

Milly Lacombe. UOL, 23/10/2023.

Saturday, October 21, 2023

21 de outubro de 2013

22:07

Vamo lá cumprir o dever cívico? Marina Silva no Roda Viva, apresentação do Augusto Nunes. Que pé no saco!...

22:58

Marina aprova o "tripé". Marina aprovou o leilão do Pré Sal. Aprova o agronegócio como ele está sendo. Onde ela discorda?

23:08

Marina aprova a política econômica do segundo mandato de FHC e do primeiro mandato de Lula. Esse não é o período neoliberal?

23:17

Marina pensa coalizão entre PSDB, PT, PSB e Rede. Jura que vai governar sem o PMDB. Fundamentalismo sonhático: tá, fundamentalmente, sonhando.

23:18

Marina não concorda que gay case no religioso. Só no civil.

23:28

Marina acha os black blocs brasileiros fajutos. E acha que a polícia carioca tem sido excessivamente violenta.

23:31

E, por fim, vai aprovar uma reforma política com o apoio "deste novo sujeito político que está nas ruas".

23:38

Acabada a batalha no gel da Marina deslizante, começa o Metrópolis cobrindo o disco "novo" dos Titãs. Não consigo saber quem está mais parecido com o Cauby Peixoto: o Cunha Júnior ou o Branco Mello.



21 de outubro de 2014

Diferença entre campanhas.

A mobilização pró Dilma tem ligações com a sociedade civil organizada. A mobilização pró Aécio é uma mobilização "da sociedade": espontânea, sem centro. Repete, assim, o vai-quem-quer das jornadas de junho. Não por acaso cantam o Hino Nacional e se vestem de verde-amarelo. O DNA (que Aécio tanto gosta de usar) do apoio é o mesmo das jornadas. O mesmo que elegeu o Congresso mais reacionário desde a ditadura.

Os movimentos sociais é que estão garantindo a sensação de coerência e substância aos comícios de Dilma e Lula. Enquanto o conservadorismo tem os jornais e revistas de grande circulação e a TV a seu favor, a onda progressista que se está formando avança por contágio, mas articulada pelas militâncias experientes de grupos negros, LGBT, sindicalistas, agricultores.

A tendência a crescer da campanha de Dilma na reta final é grande. A de Aécio, muito provavelmente, irá se pulverizar.

21 de outubro de 2016

Tem dois movimentos acontecendo no Brasil e as redes sociais não estão dando muita visibilidade pra eles. Um, avassalador, são os estudantes ocupando escolas e espaços contra a PEC do Fim do Mundo. Tem secundaristas e universitários. Não estão de mimimi, não gastam tempo discutindo a ruína do PT e, principalmente, não têm medo de polícia. Atente para essa característica dos grupos de juventude: o grau de rejeição à polícia é tão grande que eles não sentem medo. Esse dado, por certo, será fundamental para o futuro da disputa democrática no Brasil.

O outro movimento é o "Volta, Dilma". Discreto, pequeno e cercado de descrentes por todos os lados. Não se trata, no entanto, de ser factível ou ilusório insistir na anulação do golpe via STF. O "Volta, Dilma" é apenas o movimento que não pode deixar de ser feito. À luz da atitude da presidenta eleita Dilma Rousseff, que não tomou para si nenhuma culpa indevida, o ônus de não anular a farsa do impeachment TEM QUE SER do Supremo. O "Volta, Dilma" é o slogan que impede a gente de esquecer que a República, ela própria antes de mais nada, sofreu um golpe, foi vítima de violência, passou por uma ruptura. É o acerto de contas, mesmo que, no fundo, só simbólico - não interessa - com a frouxidão que as forças ditas progressistas demonstraram quando convocadas para lutar contra o rompimento da norma republicana. É a prova dos nove do amor que a gente devota à democracia.

São dois movimentos não convergentes nos objetivos específicos, mas muito semelhantes na radicalidade de princípios. Apontam questões cruciais para o que virá pela frente. E as enfrentam na medida do possível.

21 de outubro de 2018

Ninguém me perguntou, mas eu vim aqui pra dizer que não é hora para análises. Principalmente as mal feitas, amadoras, análises de Facebook. Não foram poucas as pessoas que 'analisaram' a vitória do PSL nas urnas do primeiro turno como uma revelação do Brasil profundo e blá-blá-blás do mesmo naipe. O que se descobriu depois foi que estava havendo uma gigantesca fraude paga com muitos milhões de reais. O mesmo processo de compra ilícita de votos que aconteceu no impeachment, diga-se de passagem. A democracia brasileira está sob ataque como esteve quando Getúlio se suicidou e quando a 'Redentora' abriu as asas sobre nós. Milhões de pessoas foram - de verdade - enganadas por uma rede ilegal de transmissão de mensagens. Isso é a força desmedida do Capital quando entra em ação. A mesma força que conseguiu resultados significativos na eleição de Trump e no Brexit. Com a denúncia da fraude temos diante de nós a 'janela de oportunidade' de virar o jogo. Repito: não é hora de análises e é hora de expressar pessimismo somente pelo inbox. Na rua (e na rede), é hora de militar. De torcer. De virar voto. Antes que eu me esqueça: as instituições (o TSE, por exemplo), estão funcionando normalmente. Ou seja, a favor do Capital.

21 de outubro de 2018

Quando o leitor de Noblat fala de Bolsonaro, sei mais sobre o leitor de Noblat do que sobre Bolsonaro.



21 de outubro de 2020

A queda de braço Mijair X Pazuello é mais complicada do q foi com os ministros anteriores. Envolve a vontade da população de querer se ver livre do corona vírus e governos estaduais q têm se preparado para sobreviver à estultícia do despresidente. Também vem depois do grande turning point q foi aquela reunião ministerial q marcou a fritura de Sérgio Moro e do desmantelamento do Gabinete do Ódio. Estatisticamente Papa Bozo mais perde do q ganha quedas de braços. Nos últimos tempos tem tido agenda livre como nunca, porque ninguém consulta ele para nada, como fica claro com o anúncio do acordo MS - Dória, q ele foi o último a saber. Jairo Goldenshower encontrou sua verdadeira vocação no papel de boneco de posto q desempenha na rampa do Planalto. Balança os braços obstinado para chamar a atenção de quem passa. Os donos podem desligá-lo da tomada e ele sabe disso. O bonecão só não é capaz de fazer nada além.

Monday, October 16, 2023

"Resposta global à guerra Israel-Hamas é repugnante"

Mayara Paixão para Folha de São Paulo

16/10/2023

Francesca Albanese, 46, enfrenta o período mais crítico de seu trabalho desde que, há um ano e meio, assumiu a liderança da relatoria especial da ONU para os territórios palestinos ocupados, cargo criado em 1993 pelo Comitê de Direitos Humanos da organização.

Após a eclosão do conflito em 7 de outubro, a italiana condena de maneira enfática o que chama de crimes de guerra cometidos pelo Hamas, ao mesmo tempo em que critica as ações de Israel e defende os direitos de civis palestinos.


Em quais termos descreve os ataques do Hamas em 7 de outubro?

É um crime de guerra hediondo. Uma atrocidade. Quando há um conflito – e há uma hostilidade contínua entre o Hamas e Israel – existem regras, e a principal é respeitar os civis.

Civis nunca podem ser alvos, especialmente da forma como o Hamas fez: matou pessoas em massa, nas ruas, indo de casa em casa. E civis não podem ser feitos reféns. Alvos militares são legítimos – quando soldados são capturados, eles são prisioneiros de guerra. Mas civis não são prisioneiros de guerra. Precisam ser libertados imediatamente.

A situação precisa ser abordada de uma vez por todas de acordo com o direito internacional. Isso não começou em 7 de outubro. Tem ocorrido continuamente, agora com o tremendo golpe sem precedentes que o povo israelense sofreu.

Mas também precisamos discutir se a resposta que Israel deu em nome da autodefesa, de acordo com o Artigo 51 da Carta da ONU, foi proporcional e legítima de acordo com o direito internacional.

Como a sra. vê a relação dos civis palestinos com o Hamas?

Israel manteve por 56 anos uma ocupação militar que tem sido, de fato, um modelo colonizador. E os palestinos estão completamente indefesos – mesmo que haja a Autoridade Nacional Palestina, ela não move um dedo, porque não pode, de acordo com os Acordos de Oslo.

Israel, e isso está documentado, fez tudo o que era possível para apoiar o Hamas como uma força divisória no movimento nacional palestino.

Pelo direito internacional, os palestinos têm o direito à autodeterminação, mas a resistência pacífica nos últimos 20 anos foi esmagada. Se o objetivo é erradicar o Hamas de Gaza, o que Israel tem feito há 16 anos, que é manter a Faixa de Gaza sob bloqueio, só vai fortalecê-lo. Opressão gera resistência.

O Hamas tem uma espécie de filosofia que não é diferente da de Israel: não distingue entre civis e militares. Nesse sentido, para mim, são iguais. Mesmo que todos os membros do Hamas sejam mortos, manter uma população inteira oprimida e privada de seus direitos gera resistência.

Estamos falando de mais radicalização?

Não exatamente. Vamos imaginar que Israel tenha sucesso, o que espero que não aconteça, em deslocar os palestinos de Gaza. Eles começarão um novo período de refúgio no Sinai [península do Egito]. E não terão permissão para retornar, nunca. Os civis estão pagando o preço porque são vistos como animais.

Voltei depois de três anos na Palestina [em 2013] pensando que, se eleições tivessem ocorrido, o Hamas teria vencido na Cisjordânia, e o Fatah, em Gaza. Houve um movimento por mudança política em Gaza. O Hamas esmagou isso com um governo tirânico.

Quando você fala com as pessoas em Gaza, elas não se sentem seguras. Não é verdade que o Hamas ainda represente a vontade do povo –mas, ao mesmo tempo, é parte da resistência à ocupação.

A sra. considera o Hamas um grupo terrorista?

Os relatores especiais não usam esse termo.

Quando eu trabalhava para a UNWRA [agência da ONU para refugiados palestinos], o Hamas fechou nossas atividades para crianças, os jogos de verão. Eram para 250 mil crianças. E acabou com os direitos das mulheres. Como eu poderia justificar o Hamas?

Mas, é uma organização terrorista? O terrorismo não existe como uma definição internacionalmente acordada legalmente.

A sra. já disse que os palestinos estão em grave perigo de limpeza étnica. Poderia discorrer sobre isso?

Há uma Comissão de Especialistas da ONU que, em 1994, elaborou um conceito, que não é legalmente vinculante, sobre limpeza étnica: usar força ou intimidação para remover pessoas de um determinado grupo de uma área, tornando a área etnicamente homogênea. E isso é o que Israel tem feito.

Muitos membros do novo governo têm pedido uma nova nakba [termo com o qual palestinos se referem ao êxodo forçado em 1947-49]. Estão obcecados com a dominação demográfica do povo judeu em Israel. Todos no Ocidente chamam o Estado Judeu como se fosse normal.

Nakba, o grande êxodo palestino lembrado na guerra Israel-Hamas

Mas uma democracia não é um Estado para todos? Como um sistema legal duplo, que considera os colonos sob a lei civil e os palestinos sob a lei militar, escrita por soldados, aplicada por soldados, seria democrático? Como isso pode ser qualquer coisa além de apartheid?

Como a sra. avalia a resposta da comunidade internacional à guerra?
 
A reação de Israel aos crimes horrendos cometidos pelo Hamas vai muito além do que é razoável e proporcional. Está se tornando uma operação militar interminável. Israel gerou uma catástrofe dentro da catástrofe.

E a resposta da comunidade internacional é repugnante. A situação saiu do controle, e, se não for interrompida, veremos o terceiro e maior deslocamento forçado de palestinos de suas terras.

O Conselho de Segurança é responsável por tomar medidas para manter a paz e segurança internacionais e está falhando em fazê-lo. Devemos pedir um cessar-fogo imediato. Sabemos que o conselho está paralisado, mas espero sinceramente que, com o Brasil na presidência rotativa, isso ajude a mudar a situação.

Ninguém, nem mesmo um único alto funcionário da ONU, disse uma palavra sobre o cessar-fogo.

A sra. já disse que a ocupação militar dos territórios palestinos tem consequências tanto para os palestinos quanto para os israelenses. Quais são as consequências para o povo israelense?

O colonialismo é violento. E por causa disso, agride os palestinos e também os israelenses que fazem isso, porque desumaniza aqueles que têm de impor esse sistema. É um elemento psicológico.

Nurit Peled [filósofa israelense] questiona o que transforma as crianças israelenses em pessoas que podem matar quando completam 18 anos e se juntam ao Exército. E ela diz que a resposta está na desumanização dos palestinos nos livros didáticos israelenses. Há uma retórica poderosa que torna os palestinos o inimigo. E isso influencia a política.

Essa guerra traz novamente à tona o debate sobre a desumanização dos árabes e judeus no Ocidente.

O antissemitismo é um fardo europeu. Europeus têm perseguido e maltratado os judeus por séculos. Mas também há a islamofobia.

Há uma desconexão entre a sociedade e o alto escalão político. Nos últimos anos, houve um aumento dos laços entre governos europeus, especialmente os mais de extrema direita, e Israel. Mas, no nível popular, uma vez que os governos estão tão próximos de Israel, está aumentando a percepção, ultrajante, de que todos os israelenses fazem parte do conflito.

E é por isso que fiquei chocada por quase não ter visto manifestações de solidariedade em relação aos civis israelenses que foram mortos. Pelo amor de Deus, somos todos seres humanos.

A colonização de povoamento é um empreendimento violento e criminoso que aprisiona tanto os palestinos quanto os israelenses. Claro, com responsabilidades diferentes.

Que tipo de solução vê para esta guerra?

Não vejo solução até que deixemos os princípios básicos dos direitos humanos e da igualdade permear nossas mentes. O Ocidente fez um cordão em torno de Israel, reconhecendo apenas o seu direito à autodefesa sem perguntar como eles vão fazer isso.

A presidente da Comissão Europeia (a alemã Ursula von der Leyen) disse que iriam tentar ajudar os palestinos, mas enquanto eles estão sendo bombardeados e não se tenta parar os bombardeios? Quão cínico isso pode ser?

Podemos ser poupados dessa hipocrisia e voltar ao papel da política nessa história: tentar garantir o bem coletivo sem discriminação, sem racismo, sem duplos padrões. Se apenas os israelenses têm direitos, estaremos sendo racistas.

Francesca Albanese

RAIO-X | FRANCESCA ALBANESE, 46

Italiana, é a relatora especial da ONU para os territórios palestinos ocupados. Formada em direito pela Universidade de Pisa, especializou-se em direito internacional de refugiados. Cofundou a Rede Global sobre a Questão da Palestina e escreveu Palestinian Refugees in International Law" (Refugiados Palestinos no Direito Internacional), sem edição no Brasil.

Friday, October 13, 2023

13 de outubro de 2015

DEIXA VER SE EU ENTENDI

Enquanto estiver em vigor a liminar do STF, um eventual pedido de impeachment de Dilma terá de ser julgado conforme a lei 1.079 de 1950 e a lei não estabelece a possibilidade de recurso ao plenário caso o pedido seja negado pelo presidente da Câmara.

Ou seja: a cassação de Dilma só irá adiante se Eduardo Cunha ele mesmo decidir dar sequência a um dos pedidos.

A partir daí uma comissão especial elabora parecer e o submete ao plenário da Câmara. É preciso obter 342 votos a favor (dois terços da casa), para o parecer ser aprovado.

O impeachment é aprovado, então, no Senado se também angariar dois terços dos votos, ou seja, 54 votos sim.

O nó da questão para os congressistas, como indicou o Paulo Henrique Amorim, é que as votações são abertas.

Isso quer dizer que se Eduardo Cunha terá que se expor sem subterfúgios ao tentar impedir a presidente, aqueles dispostos a apoiá-lo vão ter que, igualmente, botar a cara no sol e aguentar as queimaduras.

Quem pensou que só a Claudia Cruz ia ficar com as victoria's secrets de fora, se deu mal.



13 de outubro de 2014

SESSÃO CORUJA

Ontem, domingo, 12 de outubro, Neves, o candidato, mostrou em seu horário eleitoral o presente de Dia das Crianças que recebeu. Dois quebra-cabeças com peças faltando, um da marca PSB e outro da Rede.

A conspiração dos socialistas que, de um só golpe, botou pra escanteio Roberto Amaral e Luiza Erundina cuspiu também a própria Marina Silva. Carlos Siqueira deverá ser ungido presidente da sigla ainda hoje. Siqueira foi contrário à decisão de passar a cabeça de chapa para a ex-ministra e, desde lá, trocaram de mal.

Nada disso interferiu na decisão do candidato Neves se declarar, agora, "um só corpo" com aquela a quem alcunhou Metamorfose Ambulante no 1.º turno.

Enquanto isso, há relatos de desfiliação em massa à Rede, incluindo membros do diretório nacional, após o anúncio do apoio.

Sabe-se lá o que, de fato, herdar os olhos azuis de Duda Campos irá trazer para a campanha tucana.

Numa eleição onde as denúncias de faltar com a ética imperam de parte a parte, não vai ser este enredo de traições sucessivas que agregará votos.

Marina, talvez pior que as raposas velhas do PSB, jogou por terra o próprio compromisso alardeado com a nova política. Retrospectivamente, parece nem haver acreditado, em momento algum, no que dizia. Grande parte de seus eleitores, no entanto, embarcou de boa-fé.

A todas essas, o golpismo do latifúndio Globo Veja dá assistência. Filtra, agrega ficção e cria enredos. Um tanto faz parecer uma comédia de erros. Um tanto, algo de tragédia. Ou de filme B. Em todo caso ainda não está fácil dormir à noite.



Thursday, October 12, 2023

27 de abril de 2019

Cachac-eiro, se bem me lembro, assim como maconh-eiro, ou trapac-eiro, remete a vício, compulsão, dependência, coisas assim.

Bolsonaro não deve estar querendo classificar Lula como dependente químico, logo mais agora que o homem emergiu de quase 400 dias de completa e obrigatória abstinência com pele e cabelo saudabilíssimos, sem olheiras, pensamento ágil, discurso articulado e disposição de felino.

Lula tá segurando o rojão muito bem 'sem a cachaça', contrariando até o caro amigo Chico.

Talvez o felliniano Bolsonaro queira insinuar que aquele irmão do Capitão América que chefia a segurança do ex-presidente mantém uma destilaria e abastece a cela especial da PF de Curitiba com garrafas pet cheias de maria-louca.

Mas é improvável.

Bolsonaro chamou Lula de cachaceiro. Não em sentido estrito. Ele quis confirmar o estereótipo que associa gente pobre ao uso excessivo de bebidas alcoólicas baratas. É uma das formas de rebaixar simbolicamente o pobre: negar-lhe a capacidade de auto-controle tão cara às classes abastadas.

Um dos pontos ainda mais baixos a que um brasileiro pobre pode se ver conduzido é a cadeia. O calabouço é o lugar onde se cala a boca do cidadão. É nessa jaula que a busca de desconstruir o homem humano acontece de modo mais totalizante. A prisão pretende ser o lugar da morte em vida. O local do apagamento.

Pois bem, Lula negou a seus inimigos também essa confirmação. Está tão vivo quanto antes. Está mais vivo que nunca. E de lá de dentro, ainda diagnostica: um bando de malucos.

Claro que, também, não em sentido estrito. Maluco aqui é quem governa desgovernado, atira para todos os lados, não sabe dizer a que veio. Ou é o psicopata destruindo nos mínimos detalhes e sem nenhum remorso, as poucas conquistas civilizatórias que obtivemos em 500 anos.

Lula, em sua cáustica lucidez, disse o que todo mundo sabe: o desgoverno de Bolsonaro não obedece lógica alguma que não seja a da destruição pura e simples, o que, convenhamos, é um modo alucinado de funcionar.

Lula soube, também, deixar no ar a desconfiança de que aqueles caras não batem bem da bola.

Bolsonaro não fez por menos. Devolveu de bate-pronto mais uma de suas sandices.

Como queríamos demonstrar.

Sunday, October 01, 2023

01 de outubro de 2016

ALÔ! TEM ALGUÉM AÍ?

Será que sobrou alguma dúvida? Os 5% da Erundina são os pontos que o campo democrático precisa para garantir o 2.º turno.

Dória, de acordo com o Datafolha, tem 44% dos votos válidos.

Haddad e Russomanno empatam com os mesmos 16%, enquanto Marta Suplicy desceu para 14%.

Já no levantamento divulgado pelo Ibope, Dória tem 35%, Russomanno 23%, Marta 19% e Haddad 15%.

Os números convergem com a tendência apontada pelos vários trackings (a onda do momento) divulgados ao longo da semana.

Não há, necessariamente, disparate entre as pesquisas. É simples. Ibope não captou a migração de votos de Marta e Russomanno para Dória.

Entendeu? A direita não dorme em serviço e está votando útil no candidato com mais chances.

Ou todo mundo que se identifica com o campo democrático vota em peso no Haddad nesse domingo, ou o segundo turno vai ser entre dois representantes do retrocesso, alinhando irremediavelmente São Paulo com o desgoverno Temer.

Há mais uma hipótese, pior: Dória romper a barreira dos 50% e levar no primeiro turno.

Já pensou?